Modernismo em Portugal

O Modernismo em Portugal compreende quatro diferentes períodos: Orfismo, Presencismo, Neorrelismo e Surrealismo, embora alguns estudiosos contestem essa divisão.
O Modernismo em Portugal compreende os anos de 1915 e 1974. As revistas literárias foram fundamentais para a divulgação das ideias modernistas

O Modernismo em Portugal costuma ser dividido em duas partes, Orfismo (primeira geração) e Presencismo (segunda geração), muito embora alguns estudiosos considerem os movimentos neorrealistas e surrealistas como vertentes modernistas. A recusa por admitir o Neorrealismo e o Surrealismo nesse período deve-se, sobretudo, ao fato de que, enquanto os escritores neorrealistas buscavam uma literatura de caráter social, muito próxima do Realismo, os escritores surrealistas apelavam para uma literatura que prezava pelos conteúdos oníricos, modificando assim as estruturas da realidade, ambos se afastando da literatura psicológica e da literatura inspirada nas correntes de vanguarda europeias.

Para que você conheça um pouco melhor a história do modernismo português, o Mundo Educação optou por apresentar e analisar brevemente quatro importantes períodos que compreendem os anos de 1915 a 1974, do Orfismo ao Surrealismo. Boa leitura e bons estudos!

A literatura moderna em Portugal


Fundada por Fernando Pessoa e Mário de Sá-Carneiro, a Revista Orpheu foi a primeira publicação literária a divulgar os ideais modernistas

Orfismo (1915-1927): Também conhecido como a primeira fase do modernismo em Portugal, o Orfismo surgiu para o público e crítica literária com a publicação do primeiro número da Revista Orpheu em março de 1915. Fundada por Fernando Pessoa, Mário de Sá-Carneiro, Almada Negreiros, Luís de Montalvor e o brasileiro Ronald de Carvalho, esse último responsável pela publicação no Brasil, a Revista Orpheu teve duração efêmera, apenas duas edições, o que não impediu que ela deixasse uma imensurável contribuição para a divulgação dos ideais dos primeiros modernistas. Entre esses ideais, a busca por uma literatura inovadora influenciada pelo Futurismo e pelo Cubismo, o rompimento com o passadismo da literatura de caráter histórico e a retratação do homem e seu espanto de existir.


Fundada em 1927, a Revista Presença foi a publicação literária de maior êxito da história do modernismo português

Presencismo (1927-1940): Também conhecido como a segunda fase do modernismo em Portugal, o Presencismo foi representado pelos escritores José Régio, esse considerado o grande teórico do grupo, João Gaspar Simões, Miguel Torga, Irene Lisboa, entre outros nomes de menor destaque. Tal qual o Orfismo, o Presencismo contou também com uma publicação responsável por difundir seus ideais, a Revista Presença, fundada em 1927. Considerada como a publicação literária de maior êxito em Portugal (foram 54 números até a sua extinção em 1940), a Revista Presença ajudou a consolidar o movimento modernista, apresentando para o público e crítica literária uma literatura intimista, voltada para a introspecção e distante do programa ideologizante defendido pelos orfistas.


Fundada em 1921, a Revista Seara Nova foi fundamental para a divulgação da literatura neorrealista em Portugal

Neorrealismo (1940-1974): Seus principais representantes foram Alves Redol, Manuel da Fonseca, Afonso Ribeiro, Joaquim Namorado, Mário Dionísio, Vergílio Ferreira, Fernando Namora, Mário Braga, Soeiro Pereira Gomes ou Carlos de Oliveira, entre outros. O Neorrealismo surgiu em um conturbado contexto histórico-social: a Europa sofria com as consequências de uma forte crise econômica, da tirania imposta pelos regimes totalitários e de uma constante tensão motivada pela Segunda Guerra Mundial. A literatura neorrealista, cujos ideais foram divulgados por meio das Revistas Seara Nova, Sol Nascente e Diabo, contestava os temas principais do Presencismo, como o intimismo e a literatura psicologizante, assumindo um postura combativa e reformadora inspirada nos preceitos marxistas. Foi fortemente influenciada pelo romance regionalista brasileiro de 1930, sobretudo pelos escritores Graciliano Ramos e Jorge Amado.


À esquerda, cartaz da 1ª Exposição do Grupo Surrealista de Lisboa proibido pela censura. À direita, o cartaz veiculado

Surrealismo (1947-1974): Considerado por alguns estudiosos como a última fase do modernismo português, teve como principais representantes os escritores Antônio Pedro, José Augusto França, Alexandre O'Neill, Mário Cesariny de Vasconcelos, entre outros de menor destaque, influenciados pelas teorias de Andre Breton, idealizador do Surrealismo. Suas principais características são a “escrita automática”, a livre associação de ideias e palavras, bem como a modificação das estruturas da realidade baseada nos conteúdos oníricos. Como movimento, o Surrealismo em Portugal durou pouco, mas deixou grande legado para as artes e as letras portuguesas.

Publicado por Luana Castro Alves Perez
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