Febre aftosa
A febre aftosa é uma zoonose que afeta principalmente bovinos, suínos, ovinos e caprinos. Apesar de ser comum nos grupos citados, existem alguns casos da doença em humanos. Sua ocorrência foi registrada pela primeira vez na Itália, em 1514, e o vírus causador só foi conhecido em 1897. Os estudos a respeito dessa zoonose foram intensificados apenas no século XIX em razão de um surto nos rebanhos bovinos da Europa.
A febre aftosa é uma doença provocada por um vírus de RNA da família Picornaviridae e do gênero Apthovirus. Sabe-se que existem, em média, cerca de sete sorotipos, mas apenas três são encontrados em território nacional.
O vírus é liberado de diversas formas: pelo ar expirado, secreções nasais, sangue, leite, sêmen, fezes, urina e líquido presente nas lesões, o que facilita a sua transmissão. Normalmente a transmissão ocorre pelo contato de um animal saudável com outro animal contaminado, mas também pode ocorrer por intermédio de materiais contaminados e ao alimentar-se de restos de animais doentes. Vale destacar que pessoas que fazem o cuidado do animal podem ser uma fonte de contaminação por meio das roupas e mãos.
Essa zoonose provoca febre alta e diversas aftas na boca, gengiva, língua e mucosa nasal do animal, daí o nome febre aftosa. Além desse quadro característico, o animal perde peso em virtude das lesões e passa a apresentar uma maior propensão a desenvolver outras doenças. Observa-se também a inflamação das tetas, que causa uma redução significativa na produção de leite, miocardite em animais jovens, lesões nas patas, manqueira e casos de aborto. Na maioria das vezes, a doença não provoca morte em indivíduos adultos, entretanto, geralmente há o sacrifício do animal.
Para realizar o diagnóstico da febre aftosa, é feita inicialmente a análise dos sintomas e dos dados epidemiológicos. Para a confirmação, exames laboratoriais com isolamento e identificação do vírus são indicados.
A febre aftosa provoca graves prejuízos para os pecuaristas, uma vez que a doença afeta diretamente a venda de seu produto. Ao ser constatado um surto da doença, é comum que muitos países não aceitem receber carne desse local, fechando as suas fronteiras. Essa atitude provoca uma grave perda econômica para o país em surto, porém garante a segurança dos animais de outras áreas.
Além do fechamento da fronteira, o produtor deve lidar com a diminuição da produção de carne e leite. Também são comuns casos de aborto, diminuição da capacidade reprodutiva e a morte de animais.
Atualmente o Brasil desenvolve uma forte campanha de vacinação do rebanho bovino, que acontece anualmente com o objetivo de deixar o país livre dessa doença. Além da vacinação, o pecuarista deve estar atento ao seu rebanho, informando o Serviço de Defesa Sanitária Animal de qualquer suspeita da doença. A febre aftosa é considerada uma doença grave e sua notificação é obrigatória e imediata. O último foco de febre aftosa em território nacional foi detectado em 2006 no Paraná e Mato Grosso do Sul
*Crédito da Imagem: Wikimedia Commons