Serpentes peçonhentas brasileiras
Acidentes envolvendo mordidas de serpentes, ou ofidismo, ocorrem em todas as regiões de nosso país, por quatro gêneros: Micrurus, Bothrops, Crotalus e Lachesis, abrigando aproximadamente sessenta espécies.
Espécies do Gênero Micrurus são as chamadas corais-verdadeiras. Estas apresentam cabeça redonda e anéis vermelhos, pretos e brancos em toda a sua extensão. No caso de algumas espécies amazônicas, a coloração pode se apresentar marrom escura, com ventre avermelhado. Acidentes com estes animais são raros (0,6%). Sua mordida provoca visão dupla, queda das pálpebras, dores musculares e insuficiência respiratória aguda, caso não seja feito de forma imediata o socorro médico.
Exceto estes exemplares, os representantes dos outros gêneros possuem dentes inoculadores de veneno relativamente visíveis; e fosseta loreal: depressão localizada entre a narina e o olho.
O Gênero Bothrops abriga diversas espécies de jararacas, como a urutu-cruzeiro, jararacuçu, jararacão, cotiara e caiçara. Estas, de cabeça triangular e cauda lisa, possuem veneno com grande capacidade hemorrágica. A mordida destes animais causa inchaço, sangramento e, em muitos casos, necrose e insuficiência renal aguda. Vivem geralmente em campos, bosques e plantações. Aproximadamente 85% dos casos de ofidismo são decorrentes de indivíduos deste grupo.
As cascavéis são pertencentes ao Gênero Crotalus, e distribuem-se em todo o país, exceto em áreas florestais e litorâneas. Possuem como característica marcante um chocalho localizado na região terminal da cauda. Além dos sintomas descritos para o Gênero Micrurus, urina escura, insuficiência renal e dificuldades respiratórias também se manifestam quando se é mordido por este animal. São responsáveis por 9,2% dos acidentes ofídicos.
Já no caso das surucurus e surucutingas (Gênero Lachesis), com incidência de 2,7% dos casos, os sintomas se assemelham aos do grupo botrópico, com braquicardia, diarreia e hipotensão associados. Possuem cauda com escamas arrepiadas, com vértebra córnea afilada. Estas serpentes são encontradas em florestas úmidas e escuras de regiões tropicais.
OFIDISMO
A maioria dos acidentes envolvendo serpentes ocorre entre os meses de setembro e março acometendo, em cerca de 70% dos casos, os membros inferiores.
Em situações assim, não se deve fazer torniquetes e tampouco cortar ou sugar o local da ferida, esta que deve ser lavada com água e sabão. A região afetada deve permanecer no máximo repouso possível, e em posição elevada. A vítima deve tomar soro, mesmo que caseiro, para se manter hidratada; sendo encaminhada ao hospital mais próximo. Caso seja possível, indica-se que se capture a serpente em questão, a fim de identificá-la e ministrar o soro antiofídico específico.
Por Mariana Araguaia
Graduada em Biologia