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Inclusão social

A inclusão social é um processo que busca integrar indivíduos e grupos marginalizados à participação da riqueza coletiva.
Jovem com síndrome de Down em um contexto de educação inclusiva, um dos tipos de inclusão social.
A educação inclusiva é um tipo de inclusão social muito relevante para a construção de uma sociedade justa e igualitária.

A inclusão social é um processo amplo que visa integrar na sociedade indivíduos e grupos que foram historicamente marginalizados ou excluídos, garantindo-lhes acesso igualitário a oportunidades e recursos em diversas áreas da vida social, como educação, emprego, saúde e participação política. Esse conceito abrange ações e políticas que promovem a igualdade de acesso e combatem a discriminação e o preconceito em todos os setores da sociedade, visando à criação de uma sociedade mais justa e igualitária. Romeu Kazumi Sassaki, um dos principais estudiosos do tema no Brasil, descreve a inclusão social como um processo bilateral, em que tanto a sociedade quanto os indivíduos excluídos trabalham juntos para solucionar problemas e efetivar a equiparação de oportunidades para todos.

No Brasil, a inclusão social é implementada por meio de uma variedade de políticas públicas e iniciativas sociais, com o objetivo de reduzir desigualdades e promover a igualdade de oportunidades para todos os cidadãos. Exemplos notáveis incluem o Estatuto da Criança e do Adolescente, a Lei de Cotas para Deficientes, o programa Bolsa Família, a Lei Maria da Penha e a Lei de Cotas para Universidades Federais. Essas políticas têm contribuído significativamente para a redução da mortalidade infantil, o aumento do emprego entre pessoas com deficiência, a redução da pobreza e o aumento da diversidade racial e socioeconômica nas universidades federais. A inclusão social também está intrinsecamente ligada aos direitos humanos, sendo vista como essencial para o desenvolvimento sustentável e a construção de sociedades justas e igualitárias.

Leia também: Afinal, o que são ações afirmativas?

Resumo sobre inclusão social

  • A inclusão social é um processo que visa integrar indivíduos e grupos marginalizados ou excluídos na sociedade.

  • A inclusão social é vista como uma resposta à exclusão social, que é caracterizada pela marginalização de certos grupos devido a diversos fatores.

  • O Brasil é um país com muitos exemplos de políticas de inclusão social, como a Lei de Cotas e o Estatuto da Criança e do Adolescente.

  • A inclusão social é vista não apenas como um objetivo em si, mas também como um meio essencial para a realização dos direitos humanos.

  • Os grupos sociais mais afetados pela exclusão social no Brasil são aqueles que, por diversas razões, encontram-se em situações de vulnerabilidade ou marginalização.

O que é inclusão social?

A inclusão social é um processo que visa integrar indivíduos e grupos marginalizados ou excluídos na sociedade, garantindo-lhes acesso igualitário a oportunidades e recursos. Esse conceito abrange diversas dimensões da vida social, incluindo educação, emprego, saúde, participação política e acesso a serviços e tecnologias.

Segundo Romeu Kazumi Sassaki, um dos pioneiros e principais estudiosos do tema no Brasil, a inclusão social é um processo bilateral no qual as pessoas ainda excluídas e a sociedade buscam, em parceria, equacionar problemas, decidir sobre soluções e efetivar a equiparação de oportunidades para todos.

A inclusão social é também descrita como um conjunto de ações que assegura a participação igualitária de todos na sociedade, independentemente de classe social, condição física, educação, gênero, orientação sexual, etnia, entre outros aspectos. Isso implica a criação de políticas e práticas que promovam a igualdade de acesso e a eliminação de preconceitos e discriminações.

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Além disso, a inclusão social é vista como uma resposta à exclusão social, que é caracterizada pela marginalização de certos grupos devido a fatores como raça, deficiência, orientação sexual, entre outros. A inclusão é, portanto, um esforço para garantir que todos os membros da sociedade possam participar plenamente de suas oportunidades e benefícios.

Acesse também: Qual a relação entre a globalização econômica e a exclusão social?

Objetivos da inclusão social

Os principais objetivos da inclusão social são os seguintes:

  • garantir igualdade de acesso a serviços, proporcionando a todos os cidadãos acesso igualitário a serviços essenciais;

  • promover a igualdade de oportunidades econômicas para garantir que todos tenham as mesmas chances de obter emprego digno e renda suficiente para viver;

  • combater a discriminação e o preconceito, criando leis que proíbem e punem comportamentos discriminatórios em todos os setores da sociedade;

  • promover a participação política e social para assegurar que todos os grupos, especialmente os marginalizados, tenham voz ativa nas decisões políticas e sociais que afetam suas vidas.

A inclusão social é um conceito amplo que visa integrar indivíduos ou grupos historicamente marginalizados ou excluídos da participação plena na sociedade. Esse conceito abrange diversas dimensões, incluindo acesso a direitos, oportunidades econômicas, serviços sociais e participação política.

No Brasil, a inclusão social é implementada através de uma variedade de políticas públicas e iniciativas sociais, visando reduzir desigualdades e promover a igualdade de oportunidades para todos os cidadãos.

Tipos de inclusão social

Os tipos de inclusão social mais relevantes e praticados no Brasil abrangem diversas áreas, visando combater a desigualdade e promover a igualdade de oportunidades no país. Alguns dos principais tipos de inclusão social são:

  • as ações afirmativas;

  • as leis antidiscriminação;

  • a educação inclusiva;

  • as políticas que respeitam a diversidade de gênero;

  • o desenvolvimento sustentável que reconhece e garante os direitos territoriais e socioeconômicos de povos indígenas.

A variedade de tipos de inclusão social é essencial para diminuir as taxas de desigualdades sociais que fazem do Brasil um dos países menos igualitários do mundo, apesar de sua economia gigantesca. A inclusão social existe para permitir que todos os cidadãos tenham as mesmas oportunidades de participar dessa economia e de se desenvolver pessoal e profissionalmente.

Políticas de inclusão social

As políticas de inclusão social implementadas no Brasil nas últimas décadas visavam reduzir desigualdades e promover a igualdade de oportunidades para todos os cidadãos. Separamos algumas das políticas mais relevantes, acompanhadas de dados e estatísticas que demonstram sua eficácia:

  • Estatuto da Criança e do Adolescente (ECA) – Lei nº 8.069/1990: foi um marco importante do início da Nova República. Essa lei estabelece os direitos e deveres fundamentais para a proteção integral da criança e do adolescente. O ECA contribuiu para a redução da mortalidade infantil e para o aumento do acesso à educação entre crianças e adolescentes. A taxa de mortalidade infantil no Brasil caiu de 47,1 por mil nascidos vivos em 1990 para 12,4 em 2020.

  • Lei de Cotas para Deficientes – Lei nº 8.213/1991: previu a reserva de um percentual de vagas nas empresas com 100 ou mais funcionários para pessoas com deficiência. O resultado foi o aumento significativo do número de pessoas com deficiência no mercado de trabalho. Segundo dados do Ministério do Trabalho, houve um aumento de 20% no número de pessoas com deficiência empregadas formalmente entre 2007 e 2017.

  • Programa Bolsa Família – 2003: tornou-se uma das políticas de combate à pobreza mais elogiadas do mundo. O Bolsa Família é uma política de transferência de renda que visa combater a pobreza e a fome, condicionando os benefícios à frequência escolar e ao cumprimento de calendários de vacinação. O Bolsa Família contribuiu para a redução da extrema pobreza e melhorou os indicadores de saúde e educação entre as famílias beneficiadas. O programa ajudou a reduzir a taxa de pobreza de 9,7% em 2001 para 4,3% em 2014.

  • Lei Maria da Penha – Lei nº 11.340/2006: fortalece as medidas de proteção às mulheres em situação de violência doméstica, aumentou a conscientização sobre a violência doméstica e melhorou o acesso à justiça para as mulheres vítimas de violência. Desde a implementação da lei, houve um aumento significativo no número de denúncias de casos de violência doméstica.

  • Lei de Cotas para Universidades Federais – Lei nº 12.711/2012: reserva um percentual de vagas nas universidades federais para estudantes de escolas públicas, negros, pardos e indígenas. Graças a essa política de ação afirmativa, aumentou a diversidade racial e socioeconômica nas universidades federais. Estudos indicam que a proporção de estudantes negros, pardos e indígenas em universidades federais aumentou significativamente após a implementação da lei.

Veja também: Cotas raciais — políticas afirmativas que procuram reduzir os efeitos do racismo e da desigualdade social

Grupos mais afetados pela exclusão social

Os grupos sociais mais afetados pela exclusão social no Brasil são aqueles que, por diversas razões, encontram-se em situação de vulnerabilidade ou marginalização, o que muda muito de região para região. Em geral, os grupos mais afetados são representados por pessoas pobres, a população preta e parda, indígenas, quilombolas, pessoas com deficiência, membros da comunidade LGBTQIA+ e dependentes químicos.

Além disso, existe uma interseccionalidade entre gênero e exclusão social, o que torna a mulher, em todos esses grupos mencionados, mais vulnerável a situações de violência, preconceito e discriminação. Esses grupos são frequentemente privados de participar plenamente das instâncias sociais, econômicas e políticas, enfrentando barreiras que impedem seu pleno desenvolvimento e integração na sociedade.

Inclusão social e os direitos humanos

A relação entre inclusão social e direitos humanos evoluiu muito no século passado, especialmente após as experiências da Segunda Guerra Mundial (1939-1945). Historicamente, a luta pelos direitos humanos tem sido um motor para a promoção da inclusão social. A declaração universal dos direitos humanos, adotada pela Assembleia Geral das Nações Unidas em 1948, marca um ponto de virada na concepção moderna de direitos humanos, estabelecendo um consenso global sobre a importância de garantir direitos fundamentais a todos os seres humanos.

Desde então, a relação entre inclusão social e direitos humanos tem sido fortalecida por diversos tratados internacionais, convenções e leis nacionais que visam proteger grupos vulneráveis e promover a igualdade. Atualmente, a relação entre inclusão social e direitos humanos é reconhecida como fundamental para o desenvolvimento sustentável e a construção de sociedades justas e igualitárias.

A inclusão social é vista não apenas como um objetivo em si, mas também como um meio essencial para a realização dos direitos humanos. Isso se reflete em políticas públicas e iniciativas que visam reduzir desigualdades, combater a discriminação e garantir o acesso a serviços básicos, educação, saúde, emprego e participação política para todos.

A interdependência e indivisibilidade dos direitos humanos significam que a violação de um direito pode afetar a realização de outros. Por exemplo, a falta de acesso à educação (um direito humano) pode limitar as oportunidades de emprego e participação econômica, perpetuando ciclos de pobreza e exclusão social. Portanto, a promoção da inclusão social requer uma abordagem holística que considere os direitos humanos como interconectados e complementares.

Importância da inclusão social

O aspecto mais importante da inclusão social é o fato de que ela visa integrar indivíduos e grupos marginalizados ou excluídos na sociedade. Apesar dos avanços significativos, ainda existem desafios consideráveis para a plena realização da inclusão social e dos direitos humanos. Discriminação, desigualdades estruturais, violência e exclusão continuam a afetar negativamente a vida de muitas pessoas ao redor do mundo. Enfrentar esses desafios requer esforços contínuos de governos, organizações internacionais, sociedade civil e indivíduos para garantir que os direitos humanos sejam uma realidade para todos, independentemente de sua situação social ou econômica.

Assim, a relação entre inclusão social e direitos humanos é fundamental para o desenvolvimento de sociedades que valorizam a dignidade, a igualdade e o bem-estar de todos os seus membros. À medida que avançamos, é crucial que continuemos a fortalecer essa relação, promovendo políticas e práticas que garantam a inclusão e a proteção dos direitos de todos os indivíduos, especialmente aqueles em situações de vulnerabilidade.

Exercícios resolvidos sobre inclusão social

Questão 1

(Enem)

O racismo institucional é a negação coletiva de uma organização em prestar serviços adequados para pessoas por causa de sua cor, cultura ou origem étnica. Pode estar associado a formas de preconceito inconsciente, desconsideração e reforço de estereótipos que colocam algumas pessoas em situações de desvantagem.

GIDDENS, A. Sociologia. Porto Alegre: Penso, 2012 (adaptado).

O argumento apresentado no texto permite o questionamento de pressupostos de universalidade e justifica a institucionalização de políticas antirracismo. No Brasil, um exemplo desse tipo de política é a

A) reforma do Código Penal.

B) elevação da renda mínima.

C) adoção de ações afirmativas.

D) revisão da legislação eleitoral.

E) censura aos meios de comunicação.

Resolução:

Alternativa C.

A adoção de ações afirmativas por sociedades politicamente organizadas em democracias pode reduzir os excessos de desigualdade produzidos pelo capitalismo e pelo racismo institucional. Exemplo de políticas antirracismo é a Lei de Cotas, que busca garantir a equidade no acesso à educação superior e garantir um mínimo de bem-estar para todos. A ideia central em que se baseiam as ações afirmativas é a de justiça social.

Questão 2

(Enem)

A população negra teve que enfrentar sozinha o desafio da ascensão social, e frequentemente procurou fazê-lo por rotas originais, como o esporte, a música e a dança. Esporte, sobretudo o futebol, música, sobretudo o samba, e dança, sobretudo o carnaval, foram os principais canais de ascensão social dos negros até recentemente. A libertação dos escravos não trouxe consigo a igualdade efetiva. Essa igualdade era afirmada nas leis, mas negada na prática. Ainda hoje, apesar das leis, aos privilégios e arrogâncias de poucos correspondem o desfavorecimento e a humilhação de muitos.

CARVALHO, J. M. Cidadania no Brasil: o longo caminho. Rio de Janeiro: Civilização Brasileira, 2006 (adaptado).

Em relação ao argumento de que no Brasil existe uma democracia racial, o autor demonstra que

A) essa ideologia equipara a nação a outros países modernos.

B) esse modelo de democracia foi possibilitado pela miscigenação.

C) essa peculiaridade nacional garantiu mobilidade social aos negros.

D) esse mito camuflou formas de exclusão em relação aos afrodescendentes.

E) essa dinâmica política depende da participação ativa de todas as etnias.

Resolução:

Alternativa D.

O mito da democracia racial criou uma falsa percepção de igualdade racial, dificultando a identificação e o combate ao racismo. Ao promover a ideia de que não havia racismo no Brasil, o mito mascarou as desigualdades estruturais e institucionais que afetam a população afrodescendente. A narrativa de que os ex-senhores de escravos mantinham relações de amizade e tutela com seus ex-escravos contribuiu para a perpetuação de uma visão paternalista e benevolente das relações raciais no Brasil. Isso evitou que a população afrodescendente tomasse consciência plena de sua situação de exclusão e desigualdade, perpetuando a subordinação e a falta de mobilização por direitos.

Fontes

FIGUEIREDO, R. V.; PAULINO, M. M. Inclusão em Educação: culturas, políticas e práticas. São Paulo: Cortez, 2008

MAUTNER, Thomas. Dicionário de filosofia. Lisboa: Edições 70, 2010.

SCHWARCZ, L. M. O Espetáculo das Raças: cientistas, instituições e questão racial no Brasil – 1870-1930. São Paulo: Companhia das Letras, 1993.

Publicado por Rafael Pereira da Silva Mendes
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