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17 tópicos fundamentais sobre a Filosofia do Círculo de Viena

O Círculo de Viena foi um movimento intelectual que surgiu em 1920 e reuniu pensadores de diversas áreas do conhecimento.
Com a nomeação de Moritz Schlick para a cadeira de Filosofia da Ciência em Viena, um grupo de pensadores juntou-se a ele. Surgia o Círculo de Viena
Com a nomeação de Moritz Schlick para a cadeira de Filosofia da Ciência em Viena, um grupo de pensadores juntou-se a ele. Surgia o Círculo de Viena

O Círculo de Viena foi um importante movimento intelectual que surgiu em 1920, depois da nomeação de Moritz Schlick como Professor de Filosofia da Ciência, e reuniu pensadores de diversas áreas do conhecimento. Esses pensadores formularam o princípio de verificabilidade e baseavam-se em uma noção de Filosofia estreitamente relacionada com a ciência. Vejamos dezessete pontos fundamentais sobre o Círculo de Viena:

1) O Círculo de Viena foi formado na década de 1920 depois da nomeação de Moritz Schlick para Professor de Filosofia da Ciência em Viena.

2) Entre os estudiosos do Círculo de Viena, estavam o físico alemão Moritz Schlick (1882-1936), os matemáticos alemães Hans Hahn (1979-1934) e Rudolf Carnap (1891-1970) e o sociólogo e economista austríaco Otto Neurath (1882-1945).

3) As reflexões desse grupo de estudiosos versavam a respeito da importância da lógica, linguagem, matemática e física teórica na construção de teorias científicas.

4) O Círculo escreveu um manifesto, em 1929, motivado pela discussão promovida em um congresso em Praga. O manifesto, redigido por Schlick, Hahn e Neurath, atacava a metafísica como ultrapassada.

5) As pesquisas desenvolvidas pelos pensadores do Círculo de Viena eram divulgadas na revista Erkenntnis, fundada em 1930 e dirigida por Carnap e Hans Reichenbach.

6) Os interesses intelectuais do grupo partiam do positivismo de Ernst Mach e Auguste Comte, da lógica de Russell, Whitehead, Peano e Frege e de teorias físicas, principalmente as de Einstein. A partir da leitura da obra fundamental de Wittgenstein, o Tractatus Logico-Phylosophicus, o grupo enveredou pelo desenvolvimento de uma lógica incorporada a uma verificação empírica dos fundamentos do conhecimento.

7) O Círculo de Viena pertencia a um movimento intelectual conhecido como neopositivismo, também chamado de positivismo lógico e empirismo lógico. Segundo esse movimento, era preciso retomar o ideal clássico e partir da base empírica para se construir uma teoria do conhecimento.

8) O projeto neopositivista do Círculo de Viena encontra-se nas seguintes linhas de Schlick em “O fundamento do conhecimento”:

“As proposições fatuais são, pois, o fundamento de todo saber, mesmo que elas precisem ser abandonadas no momento de transição para afirmações gerais. Estas proposições estão no início da ciência. O conhecimento começa com a constatação dos fatos” (p. 46)¹.

9) Pela interpretação do trecho acima de Schlick, entendemos que o conhecimento parte de proposições fatuais. Em outras palavras, o conhecimento deve partir de uma observação dos fatos. Aquilo que não pode ser verificado é considerado desprovido de sentido, como a afirmação “A alma é imortal” e outras de ordem metafísica, religiosa e estética. Nisso consiste o princípio de verificabilidade.

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10) O positivismo lógico dos pensadores do Círculo de Viena postulava que, para uma teoria ser considerada “ciência”, ela deveria ser unificada em linguagem e fatos que a fundamentassem. As proposições científicas, assim, são apenas aquelas que se referem à experiência e podem ser verificadas.

11) O papel da Filosofia seria interpretar as proposições científicas – ou seja, a Filosofia deveria ser uma “Filosofia da Ciência”, que, inclinada para a objetividade e mediada por uma linguagem provida de sentido, encerraria os debates metafísicos e a atenção a proposições não passíveis de verificação.

12) Isso (a interpretação das proposições científicas) está de acordo com o pensamento de Ludwig Wittgenstein em suas Investigações Filosóficas (1975, p. 112)²: "Qual o seu objetivo em filosofia? - Mostrar à mosca a saída do vidro."

13) Podemos perceber que, para os pensadores do Círculo de Viena, só é possível conhecer o sentido de uma proposição se for possível determinar se ela é verdadeira ou falsa, e isso só é possível se ela for verificável. Aquelas proposições que não podem ser verificadas também não têm significação. É o que diferencia afirmações como “Existe petróleo em Marte” e “Depois da morte, as almas evoluídas habitam em Marte”.

14) Assim como os relatórios protocolares de uma experiência laboratorial, há proposições que são feitas a partir da experiência e expressam um fato. A essas proposições, os pensadores do Círculo de Viena referiam-se como “proposições de base”.

15) As proposições de base descrevem casos particulares de fenômenos observáveis, como enviar uma nave até Marte para investigar se há petróleo.

16) A partir de um número considerável de proposições de base encadeadas logicamente e aplicando o método indutivo, é possível estabelecer uma teoria científica, ou seja, uma proposição geral.

17) A ascensão do nazismo repercutiu na formação do Círculo de Viena: Carnap e outros membros mudaram-se para os Estados Unidos; Hahn, Neurath e Schlick morreram, esse último assassinado por um aluno. Mesmo com o fim do Círculo em 1939, as teorias desses pensadores ainda são discutidas. Entre os pensadores que apresentaram contestações às teses do Círculo de Viena, destaca-se Karl Popper.

Notas:

¹SCHLICK, Moritz. O fundamento do conhecimento. São Paulo: Abril Cultural, 1975.
²WITTGENSTEIN, Ludwig. Investigações filosóficas. São Paulo: Abril Cultural, 1975.

Publicado por Wigvan Junior Pereira dos Santos
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