A vírgula e o Objeto Direto
Entre os fatos linguísticos que norteiam nosso posicionamento enquanto usuários da língua, dois deles emergem de forma relevante mediante o assunto que ora se pretende discutir: termos acessórios da oração e termos integrantes dela. Dessa forma, analisemos os exemplos que seguem:
Assim que tocou o sinal, os alunos entraram enfileirados.
Como chovia muito no local, o resgate às vítimas se tornou complicado.
Constatamos que em ambos, os termos que se encontram em destaque atuam como adjunto adverbial, haja vista que se trata de orações subordinadas adverbiais. Em face dessa questão, eis uma pergunta: No que tange ao uso da vírgula, ele se encontra devidamente colocado?
Cabe ressaltar que sim, haja vista que houve uma inversão de termos, sendo que a segunda oração (subordinada) aparece antes da primeira (principal).
Mas... Passemos a outro caso:
Aos alunos, foram entregues algumas avaliações.
Ao repórter, foram concedidas algumas entrevistas.
À mãe, ele disse que chegaria um pouco mais tarde.
Em todos eles constatamos, também, a presença desse sinal de pontuação, ainda que obscuro, ou seja, será ele mesmo necessário?
Entra em cena nosso conhecimento acerca dos termos integrantes da oração, mais precisamente representados pelo objeto direto e pelo indireto. Nesse sentido, afirmam os postulados gramaticais que tal ocorrência não se ajusta aos moldes padrões, pelo fato de que o verbo e seus respectivos complementos não podem ser separados por vírgula.
Dessa forma, reformulemos os enunciados em questão:
Aos alunos foram entregues algumas avaliações.
Ao repórter foram concedidas algumas entrevistas.
À mãe ele disse que chegaria um pouco mais tarde.
Assim, mesmo estando o objeto deslocado da oração, como ocorreu em todos os casos, a vírgula nele não se encontra presente.
Contudo, em se tratando das exceções, a vírgula pode estar presente somente em casos referentes a objetos pleonásticos, como em:
A mim, não me cabe intervir.