Uso do artigo
Como usuários assíduos que somos, em se tratando da língua que falamos, não basta dispormos de um vasto léxico e fazermos uso dele nas situações comunicativas, ora ligadas à oralidade, ora à escrita. Não que tal habilidade seja desprezível, ao contrário, mas importante também é termos consciência de que o correto uso que fazemos das palavras se encontra atrelado a padrões, a normas previamente definidas, e elas (as normas), por sua vez, permanecem demarcadas por aspectos específicos, como é o caso do estudo da forma, uma vez caracterizada pela morfologia, de que provém todo esse acervo lexical, já mencionado.
Em face dessa realidade, o assunto que demarca esse nosso precioso diálogo diz respeito a uma das muitas categorias que compõe essa parte da gramática (morfologia) e que aqui se apresenta como o artigo, levando em conta, em termos mais específicos, os casos em que o uso dele se faz presente. Compreendê-lo, portanto, parece se revelar como palavra de ordem neste momento, dessa forma vejamos:
# Após o pronome indefinido “todo”, recomenda-se o uso do artigo quando a ideia se referir à totalidade, no entanto, sem o uso dele o pronome passa a assumir a noção de “qualquer”:
Toda a rua estava tomada por carros, em virtude da comemoração dos festejos de final de ano.
Toda rua deveria estar pavimentada, de modo a atender aos anseios da população.
# Antes de nomes próprios personativos o uso do artigo se torna facultativo, isso quando houver a noção de familiaridade ou afetividade:
Falei com a Beatriz há poucos instantes, por isso a cumprimentei pela passagem do aniversário dela.
Cumprimentei Beatriz quando nos falamos ao telefone.
# Ainda ressaltando acerca de nomes próprios personativos, quando esses estão no plural, o uso do artigo é obrigatório:
Os Persas, Os Rassi, Os Oliveira e Silva.
# Depois do numeral “ambos” o uso do artigo se faz presente:
Após o show, deixamos ambos os colegas em casa.
# Utilizado no singular, o artigo definido indica toda uma espécie.
A honestidade caracteriza uma virtude.
# Alguns topônimos (nomes de lugar) requerem o uso do artigo, outros não:
- No que se refere a nomes de cidades, a maioria delas não admite o uso do artigo, mas em se tratando de alguns exemplos, tais como: O Rio de Janeiro, o Recife, constatamos que ele se faz presente.
- Nomes de estados também, como é o caso de “o Rio Grande do Sul, o Paraná, o Rio Grande do Norte, o Pará, o Maranhão, a Paraíba”, entre outros. Já os casos, tais como “Santa Catarina, Mato Grosso do Sul, Tocantins, Goiás, Sergipe, Rondônia, Roraima”, entre outros, o uso de tal classe é dispensável.
- No que se refere a nomes de países ou continentes, vale ressaltar que o uso do artigo se torna facultativo, como é o caso de:
Europa ou a Europa, Inglaterra ou a Inglaterra, Espanha ou a Espanha, entre outros.
# Utilizado para substantivar palavras pertencentes a outras classes gramaticais, o uso do artigo se torna evidente:
Eis o porquê de todos terem saído descontentes.
# Indicando a noção de aproximação numérica, o uso do artigo indefinido pode estar presente:
Já fazia uns dois anos que não nos víamos, por isso, devemos aproveitar bastante.
# Antes de pronomes possessivos, o emprego do artigo se torna facultativo:
Devolva-me o meu relógio que lhe emprestei.
Devolva-me meu relógio que lhe emprestei.
# Em se tratando de casos com adjetivos no grau superlativo, a posição do artigo pode se tornar variada:
As paisagens retratavam as cidades turísticas mais belas da região.
As paisagens retratavam cidades turísticas as mais belas da região.