Aliança Nacional Libertadora
Durante o governo constitucional de Getúlio Vargas, observamos a organização de um movimento político comprometido em se opor às tendências totalitárias no Brasil. Já no ano de 1932, tal demanda se fez presente com a institucionalização da Ação Integralista Brasileira. Em pouco tempo, um heterogêneo grupo de intelectuais, militares, socialistas e comunistas se reuniram com esse intuito e assim formaram a chamada Aliança Nacional Libertadora.
Após algumas breves reuniões, todas essas realizadas inicialmente no Rio de Janeiro, os integrantes do movimento lançaram as primeiras diretrizes do seu programa. Entre outros aspectos, defendiam o fim do pagamento da dívida externa do país, a nacionalização das empresas estrangeiras, a defesa do regime democrático, a realização da reforma agrária e a expressa oposição ao nazi-fascismo. Nesse instante, os aliancistas deixaram clara a natureza de seus interesses e reivindicações.
Superadas essas primeiras medidas, a ANL anunciou que Luis Carlos Prestes seria colocado na condição de presidente de honra do movimento. Enquanto isso, diversas adesões mostravam que vários brasileiros acreditavam na urgência e necessidade dos pontos defendidos pela ANL. Sob tal aspecto, não pouparam esforços para criticar o governo de Getúlio Vargas e denunciar qualquer ação que representasse uma ameaça às liberdades políticas da nação.
Quando retornou ao Brasil, Luis Carlos Prestes despertou a grande expectativa de que poderia finalmente encabeçar a ANL. Tal possibilidade poderia significar uma projeção nunca antes almejada pelo movimento. Contudo, seguindo as determinações soviéticas, Luis Carlos Prestes chegou ao país de forma clandestina. Seu grande interesse era tomar as providências necessárias para que uma revolução armada se desenvolvesse. Com isso, os interesses de Prestes apontavam outra orientação à ANL.
Por volta de julho de 1935, os aliancistas organizaram uma série de manifestações em homenagem aos levantes tenentistas ocorridos em 1922 e 1924. Durante o evento, alguns membros da ANL se equivocaram ao ler um manifesto de Prestes onde defendia a queda de Getúlio Vargas. Aproveitando do incidente, o governo de Getúlio Vargas acionou as diretrizes da Lei de Segurança Nacional e, assim, colocou a Aliança Nacional Libertadora na clandestinidade.
Impedida de funcionar livremente, a ANL acabou perdendo o apoio recebido através das manifestações populares que davam fôlego ao movimento. Nesse momento de retração, militares e outros integrantes do PCB simpáticos à causa passaram a encabeçar um movimento golpista. Em novembro de 1935, a chamada Intentona Comunista não passou de uma tentativa frustrada de derrubar o governo varguista.
A partir de então, o governo encabeçou uma forte onda repressora contra os setores de esquerda no país. A ANL fechou as suas portas e deixou que uma onda de anticomunismo tomasse conta de vários setores da sociedade. Não por acaso, era o mesmo fantasma da “ameaça comunista” ventilado em 1935 que, dois anos mais tarde, deu lastro ao golpe que instituiria o Estado Novo.
Por Rainer Sousa
Mestre em História