Sans-culottes e as sociedades fraternais
Um dos grupos sociais mais atuantes nos acontecimentos da Revolução Francesa foram, sem dúvida, os sans-culottes. Eles eram assim chamados pelo fato de utilizarem calças compridas e largas, contrariamente aos ricos, que usavam calças curtas e apertadas até a altura do joelho, chamadas de culottes. Sans-culottes eram, então, os sem culottes. Mas de onde provinham os sans-culottes?
Os sans-culottes eram trabalhadores urbanos, pequenos comerciantes ou mesmo desempregados. Durante a Revolução passaram também a serem referidos aos grupos políticos mais radicais, constituindo a base de apoio dos políticos populares. Estes iriam implantar as políticas mais radicais a partir do aparelho de Estado, principalmente durante o período denominado de Terror, entre 1793-1795, liderado pelos jacobinos.
Mas, além da função de apoio aos jacobinos, os sans-culottes tinham práticas sociais distintas, que os caracterizariam como um grupo social que prezava pela igualdade entre os cidadãos. Os sans-culottes formaram, em 1790, a Sociedade Fraternal dos Patriotas de Ambos os Sexos e também a Sociedade dos Condeliers, que no ano seguinte passou a liderar o movimento, criando posteriormente um comitê central das sociedades com o intuito de coordenar as ações dos sans-culottes. Essas sociedades se formaram como resposta dos sans-culottes à exclusão da participação na vida política, decretada em dezembro de 1789, instituindo o voto censitário. Como não tinham propriedades e também não tinham capacidade de contratar assalariados, os sans-culottes não podiam votar. As associações foram a forma de organização política e social encontrada para que se colocassem ativamente dentro do processo de transformação social que foi a Revolução Francesa.
Com o crescimento das sociedades e da força social dos sans-culottes, leis de repressão e de organização às reuniões foram feitas, buscando controlar uma ação política e social mais ativa das camadas populares. As organizações em associações pressupunham uma nova forma de organização social tanto pela fraternidade e igualdade praticadas internamente quanto pelo papel conseguido pelas mulheres. Estas chegaram inclusive a formar sociedades próprias e autônomas que também foram reprimidas por representarem um grave perigo à dominação das classes superiores da sociedade.
Devido à sua força social, os sans-culottes conseguiram ser também protagonistas no processo revolucionário francês, radicalizando as ações de transformação social e sendo alvo das ações repressivas das classes dominantes quando estas voltaram a deter o poder.
* Crédito da Imagem: Deutsches Strumpf Museum