Terceira fase do modernismo
Terceira fase do modernismo ou pós-modernismo é a última fase da literatura modernista brasileira. A poesia dessa fase é marcada pelo experimentalismo, além de apresentar crítica social. Por sua vez, a prosa apresenta fluxo de consciência, metalinguagem e temas universais.
Os principais autores da prosa pós-moderna são Clarice Lispector e João Guimarães Rosa. A poesia social da Geração de 1945 tem como principais representantes os poetas Ferreira Gullar e João Cabral de Melo Neto. Por sua vez, a poesia verbivocovisual ou concreta conta com poetas como Haroldo de Campos, Augusto de Campos e Décio Pignatari.
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Resumo sobre a terceira fase do modernismo
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A terceira fase do modernismo é também conhecida como pós-modernismo.
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Ela foi a última fase da literatura modernista brasileira.
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Fazem parte da terceira fase do modernismo:
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poesia de 1945;
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poesia concreta;
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neoconcretismo;
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poesia-práxis;
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poema-processo;
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prosa pós-moderna.
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O que foi a terceira fase do modernismo?
A terceira fase do modernismo (ou pós-modernismo) foi a última fase da literatura modernista brasileira. Teoricamente, durou de 1945 a 1978.
Características da terceira fase do modernismo
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Terceira fase do modernismo ou pós-modernismo |
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Poesia |
Geração de 1945 |
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Realismo social, caráter metalinguístico, ausência de sentimentalismo, valorização da linguagem coloquial, cuidado formal. |
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Poesia concreta (1956) |
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Caráter experimental, verbivocovisualidade (valorização, concomitantemente, da palavra, do som e da imagem). |
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Neoconcretismo (1959) |
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Não objetificação do poema, valorização de formas geométricas, dobras e recortes em obras interativas. |
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Poesia-práxis (1961) |
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Valorização da palavra, do verso e do ritmo, aspecto anticoncretista, crítica social, multivocidade (ou plurissignificação). |
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Poema-processo (1967) |
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Antidiscursivo, pois sobressaem os sinais gráficos, como figuras ou perfurações, em detrimento da palavra. |
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Prosa |
Fluxo de consciência ou monólogo interior, caráter fragmentário, metalinguagem, estrutura não convencional, temas universais, uso de neologismos, realismo fantástico. |
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Autores da terceira fase do modernismo
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João Guimarães Rosa (1908-1967) — mineiro
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José J. Veiga (1915-1999) — goiano
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Murilo Rubião (1916-1991) — mineiro
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Clarice Lispector (1920-1977) — brasileira nascida na Ucrânia
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João Cabral de Melo Neto (1920-1999) — pernambucano
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Fernando Sabino (1923-2004) — mineiro
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Lygia Fagundes Telles (1923-2022) — paulista
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Décio Pignatari (1927-2012) — paulista
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Wlademir Dias-Pino (1927-2018) — fluminense
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Haroldo de Campos (1929-2003) — paulista
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Hilda Hilst (1930-2004) — paulista
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Ferreira Gullar (1930-2016) — maranhense
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Augusto de Campos (1931-) — paulista
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Mário Chamie (1933-2011) — paulista
Obras da terceira fase do Modernismo
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Ciranda de pedra (1954), de Lygia Fagundes Telles
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Morte e vida severina (1955), de João Cabral de Melo Neto
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Grande sertão: veredas (1956), de João Guimarães Rosa
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O encontro marcado (1956), de Fernando Sabino
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A ave (1956), de Wlademir Dias-Pino
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Lavra lavra (1962), de Mário Chamie
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Verão no aquário (1964), de Lygia Fagundes Telles
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A paixão segundo G.H. (1964), de Clarice Lispector
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A hora dos ruminantes (1966), de José J. Veiga
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Linguaviagem (1967), de Augusto de Campos
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Exercício findo (1968), de Décio Pignatari
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Fluxo-floema (1970), de Hilda Hilst
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Júbilo, memória, noviciado da paixão (1974), de Hilda Hilst
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O pirotécnico Zacarias (1974), de Murilo Rubião
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Poema sujo (1976), de Ferreira Gullar
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A hora da estrela (1977), de Clarice Lispector
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O grande mentecapto (1979), de Fernando Sabino
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A obscena senhora D (1982), de Hilda Hilst
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Galáxias (1984), de Haroldo de Campos
Videoaula sobre a terceira fase do modernismo
Exercícios resolvidos sobre terceira fase do modernismo
Questão 1
(Enem)
Sou um homem comum
brasileiro, maior, casado, reservista,
e não vejo na vida, amigo
nenhum sentido, senão
lutarmos juntos por um mundo melhor.
Poeta fui de rápido destino
Mas a poesia é rara e não comove
nem move o pau de arara.
Quero, por isso, falar com você
de homem para homem,
apoiar-me em você
oferecer-lhe meu braço
que o tempo é pouco
e o latifúndio está aí matando
[...]
Homem comum, igual
a você,
[...]
Mas somos muitos milhões de homens
comuns
e podemos formar uma muralha
com nossos corpos de sonhos e margaridas.
FERREIRA GULLAR. Dentro da noite veloz. Rio de Janeiro: José Olympio, 2013 (fragmento).
No poema, ocorre uma aproximação entre a realidade social e o fazer poético, frequente no Modernismo. Nessa aproximação, o eu lírico atribui à poesia um caráter de
A) agregação construtiva e poder de intervenção na ordem instituída.
B) força emotiva e capacidade de preservação da memória social.
C) denúncia retórica e habilidade para sedimentar sonhos e utopias.
D) ampliação do universo cultural e intervenção nos valores humanos.
E) identificação com o discurso masculino e questionamento dos temas líricos.
Resolução:
Alternativa A.
O eu lírico usa a poesia como instrumento possivelmente capaz de agregar, ou seja, reunir pessoas para fazerem intervenção na ordem instituída (“lutarmos juntos por um mundo melhor”), já que milhões de homens comuns podem formar uma muralha.
Questão 2
Todos os pares de características abaixo estão relacionados à terceira fase do modernismo, exceto:
A) Prosa metalinguística/ uso de neologismo.
B) Poesia verbivocovisual/ poesia social.
C) Poesia nacionalista/ prosa determinista.
D) Prosa fragmentada/ poesia concreta.
E) Monólogo interior/ temas universais.
Resolução:
Alternativa C.
A poesia nacionalista é típica da primeira fase modernista. Por sua vez, a prosa determinista é uma característica da segunda fase modernista.
Créditos de imagem
[1] Palbepca / Wikimedia Commons (reprodução)
[2] Companhia das Letras (reprodução)
Fontes
ABAURRE, Maria Luiza M.; PONTARA, Marcela. Literatura: tempos, leitores e leituras. 4. ed. São Paulo: Moderna, 2021.
COSTA, Tiago Leite. A poesia práxis contextualizada. In: SIMPÓSIO INTERNACIONAL LITERATURA, CRÍTICA, CULTURA, 4., 2010, Juiz de Fora. Anais [...]. Juiz de Fora: Darandina, 2010. v. 3.
VELLOSO, Ana Paula Meyer. Neomodernistas de 1945: uma querela de gerações. 2017. Tese (Doutorado em Ciências Sociais) – Universidade Católica de São Paulo, São Paulo, 2017.