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Modernismo

Modernismo, estilo de época surgido no início do século XX, é caracterizado pelo seu caráter transgressor e pela defesa de uma arte não acadêmica.
Cecília Meireles, poetisa da segunda fase do modernismo brasileiro.
Cecília Meireles, poetisa da segunda fase do modernismo brasileiro.

O modernismo é um estilo de época surgido no início do século XX, em um contexto de tensão política entre as grandes potências europeias, o que levou a duas guerras mundiais. Nesse período, ocorreram também descobertas e inovações tecnocientíficas que passaram a caracterizar a vida moderna. Já no Brasil, a República Velha (1889-1930) chegava ao fim para dar início à Era Vargas (1930-1945).

Esse estilo de época é caracterizado pelo seu caráter transgressor, antiacadêmico e nacionalista. No Brasil, ele é dividido em três fases distintas, que, juntas, englobam o período de 1922 a 1978. Conta com autores como Oswald de Andrade, Carlos Drummond de Andrade, Graciliano Ramos, Ferreira Gullar e Clarice Lispector. Já em Portugal, o maior nome do modernismo é Fernando Pessoa.

Resumo sobre o modernismo

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    Contexto histórico:

    • Europa:

      • Imperialismo

      • Primeira Guerra Mundial

      • Segunda Guerra Mundial

  • Brasil:

    • República Velha

    • Era Vargas

  • Características:

    • Antiacademicismo

    • Experimentalismo

    • Crítica à tradição

    • Nacionalismo

    • Desconstrução

    • Renovação estética

    • Fragmentação

    • Liberdade formal

    • Liberdade de criação

    • Espírito anárquico

    • Temática sociopolítica

  • Autores e obras:

    • Portugal:

      • Fernando Pessoa: Mensagem

      • Mário de Sá-Carneiro: Dispersão

      • Almada Negreiros: A engomadeira

      • José Régio: As encruzilhadas de Deus

      • João Gaspar Simões: Elói ou Romance numa cabeça

      • Branquinho da Fonseca: O barão

      • Miguel Torga: Ansiedade

      • Soeiro Pereira Gomes: Esteiros

      • Ferreira de Castro: A selva

      • Alves Redol: Gaibéus

  • Brasil:

    • Oswald de Andrade: Memórias sentimentais de João Miramar e Pau-brasil

    • Mário de Andrade: Pauliceia desvairada e Macunaíma

    • Manuel Bandeira: Libertinagem

    • Carlos Drummond de Andrade: Alguma poesia e A rosa do povo

    • Vinicius de Moraes: Novos poemas

    • Cecília Meireles: Romanceiro da Inconfidência

    • Jorge de Lima: Poemas negros

    • Murilo Mendes: História do Brasil e O visionário

    • Rachel de Queiroz: O quinze

    • Erico Verissimo: O tempo e o vento

    • Graciliano Ramos: Vidas secas e Memórias do cárcere

    • José Lins do Rego: Menino de engenho

    • Jorge Amado: Capitães da areia e O cavaleiro da esperança

    • João Cabral de Melo Neto: Morte e vida severina

    • Ferreira Gullar: Poema sujo

    • Décio Pignatari: Poesia pois é poesia

    • Haroldo de Campos: Galáxias

    • Augusto de Campos: Viva vaia

    • Clarice Lispector: A hora da estrela

    • João Guimarães Rosa: Grande sertão: veredas

  • Modernismo no Brasil:

    • Primeira geração: 1922-1930

    • Segunda geração: 1930-1945

    • Terceira geração ou pós-modernismo: 1945-1978

Leia também: Parnasianismo – movimento literário anterior ao modernismo

Contexto histórico do modernismo

Na Europa, a expansão imperialista, iniciada no século XIX, marcada pela exploração de países subdesenvolvidos e pela disputa entre as grandes potências, levou à corrida armamentista e à Primeira Guerra Mundial (1914-1918). Após esse conflito, os movimentos nacionalistas intensificaram-se, levando ao fortalecimento do nazismo e do fascismo, o que culminou na Segunda Guerra Mundial (1939-1945).

No campo científico, Albert Einstein (1879-1955) divulgou a sua teoria da relatividade, em 1905, enquanto Sigmund Freud (1856-1939) colocava o inconsciente em discussão e forjava as bases da psicanálise. Além disso, as inovações tecnológicas passavam a fazer parte da vida das pessoas, as máquinas e a velocidade tornavam-se símbolos da vida moderna. Nesse contexto, os artistas sentiram-se inspirados a criar uma “nova arte”, radical e crítica da tradição acadêmica. Assim, surgiram os movimentos de vanguarda na Europa.

No Brasil, a República Velha chegava ao seu fim com os movimentos tenentistas no início da década de 1920, comandados por militares descontentes com o governo. Em 1924, a Coluna Prestes, de viés comunista, liderada por Luís Carlos Prestes (1898-1990), iniciava sua marcha, que durou dois anos, para convocar o povo a revoltar-se contra as elites.

Comando da Coluna Prestes, acontecimento histórico durante o Modernismo.
Comando da Coluna Prestes, provavelmente em 1925.

Em 1929, houve a quebra da Bolsa de Nova Iorque, o que prejudicou a economia brasileira, baseada na exportação de café. No ano seguinte, quando Getúlio Vargas (1882-1954) perdeu as eleições para Júlio Prestes (1882-1946), supostamente devido a uma fraude, o presidente Washington Luís (1869-1957) foi deposto por um golpe de estado, e Vargas tomou posse provisoriamente. Contudo, era o início da Era Vargas, que duraria até 1945.

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Características do modernismo

Em linhas gerais, o modernismo apresenta a seguintes características:

  • Antiacademicismo

  • Experimentalismo

  • Crítica à tradição

  • Nacionalismo

  • Desconstrução

  • Renovação estética

  • Fragmentação

  • Liberdade formal

  • Liberdade de criação

  • Espírito anárquico

  • Temática sociopolítica

Leia também: Pré-modernismo – aspectos literários do início do século XX

Modernismo no Brasil

  • Primeira geração modernista (1922-1930) 

Tem início com a Semana de Arte Moderna, em 1922, e possui as seguintes características:

  • Releitura crítica dos símbolos da nacionalidade

  • Liberdade de criação

  • Antiacademicismo

  • Liberdade formal

  • Ironia

  • Aproximação entre fala e escrita

  • Releitura do passado histórico

  • Regionalismo

  • Nacionalismo crítico

→ Principais autores e obras

Para saber mais sobre essa fase do modernismo no Brasil, leia: Modernismo – primeira fase literária.

  • Segunda geração modernista (1930-1945)

Apresenta as seguintes características:

  • O mundo contemporâneo

  • O sentido existencial

  • Conflito espiritual

  • Sociopolítica

  • Liberdade formal

→ Principais autores e obras

  • Carlos Drummond de Andrade (1902-1987): Alguma poesia (1930) e A rosa do povo (1945)

  • Vinicius de Moraes (1913-1980): Novos poemas (1938)

  • Cecília Meireles (1901-1964): Romanceiro da Inconfidência (1953)

  • Jorge de Lima (1893-1953): Poemas negros (1947)

  • Murilo Mendes (1901-1975): História do Brasil (1932) e O visionário (1941)

Leia mais sobre a produção poética desse período em: Poesia na segunda geração do modernismo.

  • Romance de 1930

Engloba narrativas publicadas entre 1930 e 1945, é assim caracterizado:

  • Neorregionalista

  • Neorrealista

  • Determinista

  • Enredos dinâmicos

  • Uso de linguagem simples

  • Apresentação da “cor local”

→ Principais autores e obras

  • Erico Verissimo (1905-1975): O tempo e o vento (1949-1961)

  • Graciliano Ramos (1892-1953): Vidas secas (1938) e Memórias do cárcere (1953)

  • José Lins do Rego (1901-1957): Menino de engenho (1932)

  • Jorge Amado (1912-2001): Capitães de areia (1937) e O cavaleiro da esperança (1942)

Para saber mais sobre essa fase também conhecida como neorrealismo, acesse o nosso texto: Modernismo – segunda fase literária – prosa.

Capa do livro Vidas secas, obra do modernismo brasileiro.
Vidas secas, de Graciliano Ramos, é um dos mais famosos romances de 30. [1]

A terceira geração modernista (ou pós-modernismo), que compreende as produções literárias realizadas entre 1945 e 1978, pode ser assim dividida:

  • Poesia da geração de 1945

  • Volta do rigor formal

  • Preocupação com a materialidade do texto poético: ritmo e espaço

  • Valorização da construção do poema: racional e planejada

  • Ampliação do poder de significação da palavra e do texto

  • Temas sociais, morais e políticos

→ Principais autores e obras

  • João Cabral de Melo Neto (1920-1999): Morte e vida severina (1955)

  • Ferreira Gullar (1930-2016): Poema sujo (1976)

  • Concretismo

  • Experimentalismo

  • Foco no espaço

  • Ruptura radical com a poesia intimista

  • Aspecto verbivocovisual: semântico, sonoro e visual

  • Multiplicação das possibilidades de leitura

→ Principais autores e obras

  • Décio Pignatari (1927-2012): Poesia pois é poesia (1977)

  • Haroldo de Campos (1929-2003): Galáxias (1984)

  • Augusto de Campos: Viva vaia (1979)

Para aprender mais sobre essa estética experimental, leia: Concretismo.

  • Prosa da terceira geração modernista ou do pós-modernismo

  • Liberdade e experimentação com a linguagem

  • Não convencionalismo

  • Temática do particular em diálogo com o universal

  • Fluxo de consciência

  • Fragmentação

  • Metalinguagem

→ Principais autores e obras

Conheça melhor as características e os autores desse período do modernismo em: Prosa do pós-modernismo.

Principais autores e obras do modernismo em Portugal

  • Fernando Pessoa (1888-1935): Mensagem (1934)

  • Mário de Sá-Carneiro (1890-1926): Dispersão (1914)

  • Almada Negreiros (1893-1970): A engomadeira (1917)

  • José Régio (1901-1969): As encruzilhadas de Deus (1936)

  • João Gaspar Simões (1903-1987): Elói ou Romance numa cabeça (1932)

  • Branquinho da Fonseca (1905-1974): O barão (1942)

  • Miguel Torga (1907-1995): Ansiedade (1928)

  • Soeiro Pereira Gomes (1909-1949): Esteiros (1941)

  • Ferreira de Castro (1898-1974): A selva (1930)

  • Alves Redol (1911-1969): Gaibéus (1939)

Aprenda mais detalhes desse movimento literário em: Modernismo em Portugal.

Exercícios resolvidos sobre o modernismo

Instruções: As questões de números 1 e 2 referem-se ao poema seguinte.

Brasil

O Zé Pereira chegou de caravela

E preguntou pro guarani da mata virgem

— Sois cristão?

— Não. Sou bravo, sou forte, sou filho da Morte

Teterê tetê Quizá Quizá Quecê!

Lá longe a onça resmungava Uu! ua! uu!

O negro zonzo saído da fornalha

Tomou a palavra e respondeu

― Sim pela graça de Deus

Canhem Babá Canhem Babá Cum Cum!

E fizeram o Carnaval

Oswald de Andrade.

Questão 1 - (Enem) Esse texto apresenta uma versão humorística da formação do Brasil, mostrando-a como uma junção de elementos diferentes. Considerando-se esse aspecto, é correto afirmar que a visão apresentada pelo texto é

a) ambígua, pois tanto aponta o caráter desconjuntado da formação nacional quanto parece sugerir que esse processo, apesar de tudo, acaba bem.

b) inovadora, pois mostra que as três raças formadoras — portugueses, negros e índios — pouco contribuíram para a formação da identidade brasileira.

c) moralizante, na medida em que aponta a precariedade da formação cristã do Brasil como causa da predominância de elementos primitivos e pagãos.

d) preconceituosa, pois critica tanto índios quanto negros, representando de modo positivo apenas o elemento europeu, vindo com as caravelas.

e) negativa, pois retrata a formação do Brasil como incoerente e defeituosa, resultando em anarquia e falta de seriedade.

Resolução

Alternativa A. Ao utilizar as três raças, que, tradicionalmente, são consideradas como formadoras do povo brasileiro — o português, o índio e o negro africano —, o eu lírico mostra um caráter desconjuntado da formação nacional, por englobar três culturas tão distintas. Entretanto, no final, ao dizer que “fizeram o Carnaval”, ele demonstra que esse processo acabou bem.

Questão 2 - (Enem)

A polifonia, variedade de vozes, presente no poema resulta da manifestação do

a) poeta e do colonizador apenas.

b) colonizador e do negro apenas.

c) negro e do índio apenas.

d) colonizador, do poeta e do negro apenas.

e) poeta, do colonizador, do índio e do negro.

Resolução

Alternativa E. No poema, é possível identificar as seguintes vozes: do poeta (o eu lírico, aquele que se expressa), do colonizador (“— Sois cristão?”), do índio (“Teterê tetê Quizá Quizá Quecê!”) e do negro (“Canhem Babá Canhem Babá Cum Cum!”).

Questão 3 - (Enem)

Isto

Dizem que finjo ou minto
Tudo que escrevo. Não.
Eu simplesmente sinto
Com a imaginação.
Não uso o coração.

Tudo o que sonho ou passo
O que me falha ou finda,
É como que um terraço
Sobre outra coisa ainda.
Essa coisa é que é linda.

Por isso escrevo em meio
Do que não está ao pé,
Livre do meu enleio,
Sério do que não é.

Sentir? Sinta quem lê!

PESSOA, F. Poemas escolhidos. São Paulo: Globo, 1997.

Fernando Pessoa é um dos poetas mais extraordinários do século XX. Sua obsessão pelo fazer poético não encontrou limites. Pessoa viveu mais no plano criativo do que no plano concreto, e criar foi a grande finalidade de sua vida. Poeta da “Geração Orfeu”, assumiu uma atitude irreverente.

Com base no texto e na temática do poema Isto, conclui-se que o autor

a) revela seu conflito emotivo em relação ao processo de escritura do texto.

b) considera fundamental para a poesia a influência dos feitos sociais.

c) associa o modo de composição do poema ao estado de alma do poeta.

d) apresenta a concepção do romantismo quanto à expressão da voz do poeta.

e) separa os sentimentos do poeta da voz que fala no texto, ou seja, do eu lírico.

Resolução

Alternativa E. No poema, o autor mostra que não coloca os seus sentimentos pessoais na poesia, como é possível comprovar com os seguintes versos: “Eu simplesmente sinto/ Com a imaginação”, “Não uso o coração” e “Livre do meu enleio”.

Crédito da imagem

[1] Record (Reprodução)

Publicado por Warley Souza
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