Intertextualidade entre a música e a poesia
A palavra “intertextualidade”, uma vez analisada sob a ótica da semântica, oferece-nos pistas relevantes para que possamos compreender acerca das características que a nutrem – as quais fazem dela um importante e recorrente fenômeno linguístico. Assim, temos que o prefixo “-inter-”, denotando uma noção relacionada a algo que se situa no interior de algo, bem como “textualidade”, fazendo referência a tudo aquilo que se mostra claro, preciso, isso levando para o lado do discurso, obviamente, tem-se que “intertextualidade” diz respeito a uma ideia situada dentro de outra.
Levando em conta esse aspecto significativo, associamo-lo a outro, uma vez mencionado no início do texto, demarcado por “recorrente”. Ora, se se trata de uma ideia estabelecendo relação com outra, torna-se evidente que, não raras as circunstâncias em nosso cotidiano, pegamo-nos lançando mão desse recurso no momento em que proferimos nossas ideias, expressamos nossos pensamentos. Assim, essas referências que fazemos a algo dito por alguém retratam tão somente o que chamamos de relações intertextuais, manifestadas com base nas artes em geral, como é o caso da pintura, escultura, da Literatura e por que não dizer da música? Dessa forma, usuário(a), pautados na forte evidência com que se manifesta o assunto em questão, enquanto posicionados na qualidade de usuários da língua, dispomo-nos de alguns proveitosos momentos para propor a você essa discussão, tendo em vista essas relações que se materializam entre a música e a poesia. Elegemos, para tanto, a música “Amor pra recomeçar”, de autoria de Roberto Frejat, a qual estabelece um diálogo com a poesia de Victor Hugo, um importante poeta francês, autor de "Os miseráveis" e "O Corcunda de Notre Dame", intitulada “Desejo”. Vejamos, pois, como se dá esse entrelaçar de ideias entre ambas as produções, lembrando que procuramos nos limitar somente a alguns fragmentos da poesia, visto que ela se apresenta de forma um tanto quanto extensa:
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Como podemos perceber, o cantor Frejat intertextualiza de forma ímpar as belas palavras retratadas por esse magnífico poeta, representado na pessoa de Victor Hugo. Assim, torna-se importante estarmos atentos para o fato de que esse entrelaçamento de posições firmadas se dá por meio da paráfrase, ou seja, um procedimento que se materializa com base na imitação das ideias expressas no texto original. Dessa forma, para que você possa constatar de forma significativa como esse reproduzir manifesta-se, perceba por meio das demarcações realizadas em forma de distintas cores, expressas, evidentemente, em ambas as produções.
Concluamos, pois, nossa discussão, constatando, ainda, acerca das belas palavras de Victor Hugo, nas quais ele, além de nos desejar o que já presenciamos, ainda nos relata um de seus desejos, expressos nesta última das estrofes:
“Desejo por fim que você sendo homem,
Tenha uma boa mulher,
E que sendo mulher,
Tenha um bom homem
E que se amem hoje, amanhã e nos dias seguintes,
E quando estiverem exaustos e sorridentes,
Ainda haja amor para recomeçar.
E se tudo isso acontecer,
Não tenho mais nada a te desejar ".