Geração Z
A geração Z compreende o grupo de pessoas nascidas a partir de 1995. Cresceram junto com a popularização da internet e interagem com o mundo integrando todas as formas de tecnologia disponíveis. Para esse grupo, a visão sequencial do tempo é substituída pela visão paralela do tempo, em que é a realidade é simultânea e é possível realizar várias atividades ao mesmo tempo, acessar várias realidades, participar de diversos grupos.
Os nativos digitais são:
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práticos;
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realistas;
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tolerantes;
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ativistas;
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avessos a rótulos;
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adeptos da acessibilidade e simplicidade;
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desejosos de construir um mundo melhor.
Essa categoria sociológica, bem como suas predecessoras: baby boomers, geração x e y, foi desenvolvida tendo como objeto de análise a sociedade norte-americana, mas suas descobertas se aplicam às sociedades ocidentalizadas e nos ajudam a compreender as mudanças sociais que se desenvolvem em nosso tempo.
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O que é Geração Z?
A Geração Z corresponde aos nascidos a partir de 1995 até aproximadamente 2010, que são a transição do século XX para o século XXI. É caracterizada pelo domínio das novas tecnologias e pela urgência e multiplicidade de interações realizadas num universo particular, individual e, por vezes, alheio ao ambiente e às relações interpessoais de primeira hora, perfil ilustrado na imagem de um jovem trancado num quarto mexendo no celular e conectado a pessoas de vários lugares, recebendo um grande volume de informações e sem uma interação cotidiana profunda com seus pais e vizinhos.
A diversidade de mídias disponíveis, a velocidade no tráfego de informação, a interatividade no ambiente virtual e o uso cotidiano desses ativos tecnológicos influencia o comportamento dos indivíduos dessa geração, imprimindo polivalência, agilidade, curiosidade.
Os nascidos na geração Z têm o estudo como prioridade, desejam ingressar em cursos universitários, fazer intercâmbios no exterior, têm maior inclinação ao empreendedorismo e recebem bem a ideia de trabalhar em casa. São menos focados em dinheiro e mais focados em qualidade de vida e em melhorar o mundo, pois também têm uma forte carga idealista. Muitos gostariam de trabalhar fazendo seu hobby. Não desejam um trabalho longevo, mas a realização pessoal rápida e se sentir participantes no aperfeiçoamento da sociedade por meio do seu trabalho e estilo de vida.
Também conhecida como “nativos digitais”, a geração Z é hipercognitiva, tem a capacidade de vivenciar várias realidades ao mesmo tempo, especialmente as digitais, e absorvem uma vasta e complexa gama de informações. A tecnologia também propicia que disponham de muitos instrumentos para planejamento e controle de suas atividades, por isso saem na frente das gerações anteriores no quesito contornar imprevistos, diminuir a imprevisibilidade dos eventos e agir preventiva e corretivamente de maneira simplificada. São adeptos da praticidade, responsáveis, autodidatas e extremamente realistas e lógicos.
O individualismo da geração Z é vivenciado na desconstrução de rótulos e na experimentação. Não se permitem definir por classe, gênero ou idade. A individualidade é valorizada em si e nos outros, são tolerantes à diferença e agregadores, dialógicos, ponderados, avessos a radicalismos. Ao contrário dos millenials, que são adeptos da polarização e da hiperexposição, a geração Z utiliza as redes como campo de conciliação e construção. Além disso, preza pela transparência e autenticidade, expõe também suas fragilidades, é a geração da “selfie de cara limpa”. Não consomem o que é comunicado de maneira artificial.
Interessados na diversidade, os indivíduos da geração Z participam de vários grupos ao mesmo tempo, buscam pontos de conexão em correntes de pensamento e comportamento diferentes, são inclusivos.
Características da Geração Z
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Interage com diversos equipamentos tecnológicos e eletrônicos ao mesmo tempo.
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Seu conceito de mundo desconhece fronteiras físicas e geográficas.
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Rapidez e agilidade nas interações e no trânsito de informações.
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Habilidade de realizar várias atividades simultaneamente.
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Senso de urgência em relação às próprias expectativas.
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Flexibilidade e adaptabilidade à mudança.
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Pragmatismo em relação às necessidades profissionais e pessoais.
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Tolerância e abertura à mudança social.
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Identidade fluida e sem rótulos.
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Valorização do acesso, e não da posse.
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Autonomia como valor inegociável.
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Geração Z e o mercado de trabalho
Os indivíduos da geração Z nasceram num período em que a conexão com a tecnologia no cotidiano já era muito forte. Seu processo de socialização foi hiperconectado e isso exerceu influência direta sobre seu modo de se relacionar com outras pessoas, agir e conduzir sua vida profissional e pessoal. A facilidade de comunicação e distribuição de informação impacta seu comportamento e suas expectativas quanto ao mundo do trabalho.
Buscam no ambiente empresarial um perfil semelhante ao seu ambiente pessoal, ou seja, interatividade, fluidez e autonomia aliadas à tecnologia. São repelidos pelo modelo de autoridade vertical, pois a autonomia é um valor muito caro à Geração Z. A atração desses talentos para o mercado de trabalho demanda a reformulação nos padrões de seleção e recrutamento, plano de carreira, nível salarial.
Os indivíduos da geração Z têm alta rotatividade no mercado de trabalho. São impacientes, proativos e desejam rápida progressão na carreira. Ao mesmo tempo, a qualidade de vida e projetos pessoais, para eles, também são de fundamental importância. Seu alvo principal não é o dinheiro, mas ter uma vida pessoal e profissional condizente com valores que professam e sentir que estão contribuindo para construir uma sociedade melhor. Para eles, as empresas devem ser éticas e acessíveis, com atuação em causas sociais.
Baby boomers e a geração Z
A geração Baby boomers é fruto da explosão de natalidade no pós-Segunda Guerra Mundial (1945) até aproximadamente 1960. Seus pais compunham a geração de Veteranos — nascidos após a Primeira Guerra Mundial —, e tinham como lema trabalho, família, moral e pátria. Foram confrontados pela escassez de alimentos e empregos na infância e juventude. Em sua idade adulta, vivenciada no período de reconstrução dos países, conhecido como Estado de bem-estar social, criaram a geração Baby boomers numa condição de vida melhor que a sua, com mais tempo de estudo e oportunidades de boa formação.
Todavia, a geração Baby boomers, que não conheceu o horror da guerra e da fome, não valorizou as conquistas sociais do pós-guerra, como
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direitos trabalhistas;
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previdência;
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uma casa própria;
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uma vida pacata de classe média.
Isso lhe pareceu pouco. Tampouco aceitava a rigidez e disciplina da criação familiar. A geração Baby boomers queria mais que uma vida normal, queria mudar o mundo. Foi marcada pela rebelião e contestação dos costumes, da política e da mentalidade da geração que a precedeu. Formada por idealistas e revolucionários, essa é a geração dos movimentos de contracultura, que se popularizaram nas décadas de 1960 e 1970.
A geração Baby boomers e a geração Z têm em comum a busca por autonomia, o fato de não permitirem que limites geográficos condicionem sua ação, associação e distribuição de informações. Ambas são:
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contestadoras de estereótipos;
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catalisadoras de mudanças sociais com a ajuda da tecnologia;
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tolerantes a novos comportamentos.
Uma diferença crucial é que a geração Baby boomers protagonizou a liberação sexual feminina e a mentalidade de que a finalidade do sexo é o prazer, e não a procriação. É a geração do “sexo, drogas e rock’n’roll”. Já a geração Z, pelo contrário, é caracterizada por ter menos relações sociais, sair menos e beber menos que as suas antecessoras. É a geração que inventa desculpas aos amigos pra não ir em programações e interagir pelas redes sociais no conforto da sua casa. Mas essa mudança de comportamento está ligada ao uso de novas tecnologias, e não a uma mentalidade conservadora.
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Gerações X, Y e Z
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Geração X
A geração X é composta pelos nascidos entre 1965 e 1980. Sua estrutura familiar é diferente em relação à sua antecessora, Baby boomers:
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pai e mãe trabalhando fora;
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rotina familiar modificada pela presença constante da televisão;
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educação influenciada pela televisão;
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o casamento deixou de ser visto como algo eterno, tornando-se cada vez comum a separação dos pais.
Essa geração se desenvolveu mudando sua rotina pelo contato com grandes inovações tecnológicas de sua época e é caracterizada pelo consumismo. A relação com o trabalho é de comprometimento aos valores da empresa ao ponto de priorizar a segurança do emprego à qualidade de vida. Sua marca principal, além do consumismo, é o materialismo e competitividade.
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Geração Y
A geração Y, também conhecida como Millenials, abrange os nascidos aproximadamente entre 1981 e 1994. Essa geração já nasceu num mundo bastante tecnológico e com uma qualidade de vida maior em virtude dos tempos prósperos, o que lhes conferiu autoconfiança e a busca pelo sucesso financeiro e independência pessoal.
Tiveram maior tempo de estudo que a antecessora e, portanto, um maior desenvolvimento intelectual. Gostam de trabalhar em equipe, mas não se adaptam bem à hierarquia rígida e, mesmo gostando de trabalhar em grupo, são individualistas. Imediatistas, têm pressa em consolidar a carreira e são exigentes tanto em relação ao trabalho quanto à qualidade de vida. Sua percepção é global, abstrata e conectada.
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Geração Z
A geração Z, que abarca os nascidos em meados da década de 1990, ou seja, de 1995 em diante, surgiu imersa no mundo digital. Seus componentes se sentem à vontade com qualquer recurso tecnológico e transitam entre eles com fluidez e facilidade.
Esse comportamento de integrar dispositivos e informações com agilidade é chamado zapear e pode ser ilustrado numa situação cotidiana em que se consegue ao mesmo tempo olhar a televisão, o celular e o computador. A geração Z não conheceu um mundo sem a internet. Sua conectividade inclui o interesse em desenvolver a autonomia pessoal e em alcançar pessoas e informações sem barreiras físicas e temporais.