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Zygmunt Bauman

Zygmunt Bauman foi um filósofo e sociólogo judeu polonês que desenvolveu uma teoria sociológica bastante complexa para explicar o modo de vida nas sociedades capitalistas do século XX. Com base no ponto de vista de que não existe uma “pós-Modernidade”, pois a Modernidade nunca teria acabado, ele adotou um conceito que chamou de “modernidade líquida”, que seria uma espécie de continuação da Modernidade com uma significativa mudança nas relações sociais entre indivíduos.

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Biografia de Zygmunt Bauman

Zygmunt Bauman nasceu em 19 de novembro de 1925, na cidade de Poznan, Polônia. Bauman nasceu em uma família judia assimilada, ou seja, que havia se inserido no modo de vida social majoritário cristão e não praticava diretamente os preceitos religiosos do judaísmo. A família de Bauman mudou-se para a União Soviética quando o sociólogo, ainda adolescente, tinha apenas 13 anos. A mudança foi forçada pela anexação da Polônia ao território alemão nazista e a consequente perseguição aos judeus residentes no local.

Zygmunt Bauman é um dos principais sociólogos dos séculos XX e XXI. [1]
Zygmunt Bauman é um dos principais sociólogos dos séculos XX e XXI. [1]

Em 1944 e 1945, Bauman serviu ao exército soviético durante a Segunda Guerra Mundial, lutando em batalhas como a Batalha de Kolberg e a Batalha de Berlim. Em 1945, o pensador conheceu Janina Bauman, que se tornaria, mais tarde, jornalista e escritora. Janina foi a única esposa de Bauman e mãe de suas três filhas. Essa informação é importante neste texto por mostrar o quão a vida do sociólogo estava alinhada com a sua teoria.

Na década de 1940, após o fim da Segunda Guerra Mundial, o sociólogo foi membro do Partido Operário Unificado Polaco, que correspondia ao Partido Comunista Polonês. Ao fim da guerra, a Polônia passou um tempo sob domínio soviético stalinista, e o sociólogo ocupou um cargo militar oficial, servindo em uma unidade da KBW (Corpo de Segurança Interna) do governo. Bauman também atuou no corpo burocrático do serviço de segurança polonês. Como ele mesmo afirmou, foi um comunista fervoroso que serviu ao regime soviético durante alguns anos.

No fim da década de 1940, Bauman ingressou no curso de Sociologia da Academia de Política e Ciências Sociais de Varsóvia. Em 1943, ocupando o posto de major nas forças armadas soviéticas, prestando serviços à KBW, Bauman foi expulso por ligações de seu pai com a embaixada israelense, visando a emigração. Seu pai teria se tornado um sionista (judeu que integrava um movimento de reivindicação da terra prometida aos judeus), enquanto Zygmunt Bauman era antissionista.

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Em 1954 o sociólogo tornou-se assistente de ensino na Universidade de Varsóvia. Tendo o primeiro momento da carreira marcado pelo marxismo ortodoxo, foi-se afastando dessa vertente de pesquisa por conta de leituras de teóricos marxistas do século XX, como Antonio Gramsci. Em 1968, Bauman deixou o Partido Comunista Polonês e foi também obrigado a deixar o seu cargo na Universidade de Varsóvia. Havia, na época, uma perseguição aos comunistas judeus no país, o que levou Bauman a abdicar de sua cidadania polonesa e residir em Israel e lecionar na Universidade de Tel Aviv.

Em 1971, o sociólogo passou a residir na Inglaterra e lecionar na Universidade de Leeds. Sua produção bibliográfica, a partir de então produzida majoritariamente em inglês, passou a intensificar-se e a ter uma visibilidade internacional.

O sociólogo faleceu no dia 9 de janeiro de 2017, na cidade de Leeds, Inglaterra, aos 91 anos, lúcido e produtivo.

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Teorias de Zygmunt Bauman

Quando falamos sobre Zygmunt Bauman, tendemos a lembrar-nos das palavras “líquido”, “líquida” e “liquidez”. Isso porque, de um modo geral, Bauman identificou que as relações sociais no século XX perderam as características essenciais que elas, majoritariamente, tinham nos séculos anteriores. É preciso, primeiramente, localizar a teoria geral de Bauman para, então, partir para as suas ramificações.

Em primeira instância, Bauman não acreditava que a Modernidade acabou. Os seus primeiros estudos e escritos abordam uma suposta ruptura da Modernidade com a contemporaneidade, que os pensadores chamaram de pós-Modernidade. Entretanto, a partir da década de 1980, a produção intelectual de Bauman passou a identificar as relações sociais pós-capitalistas não como uma ruptura com esse período histórico, mas como uma nova forma de relação.

Para Bauman, a Modernidade nunca acabou, mas estendeu-se de maneiras diferentes do que era antes de movimentos modernos diferentes. O sociólogo entendeu que as pessoas passaram a entender a sociedade e a colocarem-se nela em um estado de liquidez, e não de solidificação, como era antes.

  • Modernidade líquida

As relações sociais desde a Idade Média eram sólidas. As pessoas mantinham-se em relações que perduravam e criavam laços fixos. O casamento, por exemplo, era um contrato firmado com solidez. As pessoas faziam amizades que tendiam a durar muito tempo. A grande ruptura da modernidade líquida é, justamente, o modo de encarar-se as relações sociais como meros contratos superficiais e temporários.

Nesse sentido, as relações tendem a ser mais maleáveis e superficiais. Os últimos trabalhos de Bauman, inclusive, tratam do fenômeno da rede social em relação à amizade: faz-se muitos amigos virtuais, mas em que medida esses amigos são realmente amigos, se comparados à relação de amizade sólida? Para Bauman, há uma íntima relação entre o capitalismo e essas relações, pois essa visão estimula o consumo. Para conhecer mais sobre esse importante conceito, leia: Modernidade líquida.

  • Sociedade líquida

A modernidade líquida promove uma sociedade líquida. Como as relações sociais são afetadas por esse novo modo de entender a sociedade, então há uma significativa mudança social no século XX. As pessoas passaram a viver de outra forma, o que fez surgir uma dinâmica social maleável em nossa época.

  • Amor líquido

Nas sociedades líquidas estabelecidas pela modernidade líquida, houve também uma nova forma de encarar-se o amor e as relações afetivas mais íntimas entre pessoas. O amor, que antes era encarado como uma relação sólida entre duas pessoas, passa a ser algo transitório e passageiro. A frase “eu te amo” foi banalizada e desvalorizada nas sociedades modernas.

Zigmunt Bauman no Salão do Livro em Turim, Itália, em 2015. [1]
Zigmunt Bauman no Salão do Livro em Turim, Itália, em 2015. [1]

Livros de Zygmunt Bauman

  • Globalização – as consequências humanas: em livro lançado em 1998, Bauman defende a tese de que a globalização é um problema que intensifica as desigualdades sociais na medida em que fortalece as relações capitalistas entre mandatários e receptores no processo globalizador.

  • Modernidade líquida: primeiro da série sobre a liquidez das relações humanas, o livro, lançado em 1999, trata sobre as características gerais que marcam a ruptura entre a modernidade sólida e a modernidade líquida no século XX, traçando aspectos gerais desse novo tempo identificado por Bauman.

  • Amor líquido – sobre a fragilidade dos laços humanos: é nesse livro, lançado em 2003, que o sociólogo aprofunda-se nas relações humanas e a sua liquidez em nossos tempos. A tese do autor é a de que a quebra do paradigma capitalista industrial para o capitalismo financeiro, mais maleável, levou o ser humano a tecer relações também maleáveis e líquidas.

Crédito de imagem

[1] andersphoto / Shutterstock

Publicado por Francisco Porfírio

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