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Gilberto Freyre

Gilberto Freyre foi um dos primeiros e mais proeminentes pensadores da sociologia brasileira. Freyre tentou compreender as relações sociais dos brasileiros no período colonial de nosso país, procurando estabelecer uma relação de classes entre senhores e escravos para a formação das relações sociais no século XX.

Para Freyre, havia uma espécie de relação cordial e harmônica entre senhores e escravos durante o período colonial. A suposta harmonia era advinda do fato de que, a despeito de outras nações escravocratas, como os Estados Unidos, no Brasil, houve uma miscigenação entre negros e brancos.

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Biografia

Gilberto Freyre nasceu em 15 de março de 1900, em Recife, Pernambuco. Considerado um dos maiores pensadores do Brasil, o antropólogo e sociólogo nasceu em uma tradicional família pernambucana. Alfredo Freyre, pai de Gilberto, era juiz, advogado e professor de Direito, o que rendeu ao filho uma tradicional educação formal.

Gilberto Freyre, escritor, sociólogo e antropólogo brasileiro. [1]
Gilberto Freyre, escritor, sociólogo e antropólogo brasileiro. [1]

Como não havia curso de Sociologia no Brasil, o sociólogo ingressou no curso de bacharelado em Artes Liberais e na especialização em Ciências Políticas e Sociais nos Estados Unidos, na Universidade de Baylor. Também naquele país, o sociólogo brasileiro defendeu a dissertação de mestrado e tese de doutorado em Ciências Políticas, Jurídicas e Sociais, na Universidade de Columbia. Nessa época, o pensador começou a estudar a formação social do Brasil em seu período colonial.

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Freyre era um nacionalista convicto, a ponto de rejeitar por completo o projeto modernista de pensadores como Oswald de Andrade e Anita Malfatti de criar uma “arte moderna brasileira” baseada na deglutição da arte europeia. A Semana de Arte Moderna de 1922, que instaurou no Brasil o movimento modernista, foi combatida por Freyre, que na segunda metade da década de 1920 já havia voltado para o Brasil. O sociólogo participou de um movimento chamado Manifesto Regionalista, que rejeitava qualquer influência estrangeira na cultura brasileira.

Com a Revolução de 1930, encabeçada por Getúlio Vargas, Gilberto Freyre, de perfil conservador, exilou-se. No ano de 1933, o sociólogo escreveu a sua obra-prima, o livro sociológico Casa-Grande e Senzala. Morreu aos 87 anos, em 18 de julho de 1987.

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Ideias de Gilberto Freyre

As ideias de Gilberto Freyre não foram muito bem aceitas por grande parte da elite brasileira do início do século XX e também não foram aceitas pelos estudiosos de raça e etnia que tentavam expor e destruir o racismo ao longo dos séculos XX e XXI. Isso ocorreu porque Freyre defendia que, durante o período colonial, houve uma relação amistosa entre senhores e escravos.

Segundo os estudos antropológicos do intelectual, a miscigenação que houve no Brasil durante o período colonial, que misturou negros, brancos e índios, era um sinal de que a colonização do território brasileiro baseou-se em uma relação pacífica do homem branco europeu com as demais etnias. Essa ideia geral desencadeou o que Freyre chamou de democracia racial no Brasil.

→ Teoria da democracia racial

Tendo vivido nos Estados Unidos, o sociólogo conviveu com a segregação racial presente no país. Aqui, ao contrário do que acontecia na América do Norte, não havia uma segregação racial oficial. Freyre procurou os vestígios sociológicos para esse traço de nossa formação e concluiu que, durante a colonização, houve uma relação cordial entre senhores e escravos.

Os senhores, brancos, não faziam questão de não se misturar com os negros, segundo Freyre. Inclusive, na teoria do sociólogo, havia uma íntima relação dos senhores brancos com suas escravas, que, muitas vezes, resultava em atos sexuais.

A crítica que se pode fazer a essa ideia, que foi endossada por estudiosos das relações étnico-raciais no Brasil, é que as supostas relações entre senhores brancos e as mulheres negras e indígenas (que resultaram na miscigenação) não eram, em sua maioria, relações sexuais consensuais. Eram relações forçadas de estupro e abuso sexual.

Leia também: Segregação racial nos Estados Unidos

Casa-Grande e Senzala

Grande parte dessa análise antropológica da formação social brasileira está no clássico Casa-Grande e Senzala, escrito por Gilberto Freyre. Apesar da equivocada análise do sociólogo sobre as relações entre homens brancos e mulheres negras e indígenas no Brasil, o livro nos fornece uma interessante fonte de estudos sobre o período colonial no Brasil.

Casa-Grande e Senzala é considerada a obra-prima de Freyre.[2]
Casa-Grande e Senzala é considerada a obra-prima de Freyre.[2]

A divisão social do trabalho, o modo como os engenhos de açúcar eram empreendidos, a composição social da casa-grande e o papel patriarcal dos homens (bem como o papel submisso das mulheres) foram muito bem detalhados nesse livro.

O livro também tenta derrubar, mesmo com argumentos não tão contundentes, as teses racistas que circundavam os meios acadêmicos, científicos e as elites financeiras da primeira metade do século XX. Enquanto todos se esforçavam para tentar provar a inferioridade dos negros e defender o “clareamento” da população brasileira como meio de nos trazer o progresso, o livro de Freyre defendia que a miscigenação era a saída para nos proporcionar a evolução social.

Frases de Gilberto Freyre

Em nenhuma parte do Brasil a formação da família se processou tão aristocraticamente como entre canaviais.”

A culinária é uma das maiores expressões do comportamento humano, do saber humano, da criatividade humana, muito do saber humano está naquilo que você come.”

O Brasil é a mais avançada democracia racial do mundo.”


Créditos da imagem:

[1] Domínio público / Acervo Nacional

[2] Reprodução / Capa da Global Editora

Publicado por Francisco Porfírio
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