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Patriarcado

Patriarcado é um sistema de organização social e cultural baseado na dominação dos homens sobre as mulheres em esferas públicas e privadas.
Boneco de madeira masculino sobre escada, acima de um boneco feminino, em alusão ao patriarcado.
Na hierarquia do patriarcado, os homens ocupam posições dominantes e as mulheres são subordinadas.

O patriarcado é um sistema de organização social baseado na dominação masculina, no qual os homens detêm o poder central em esferas públicas e privadas. Historicamente, remonta à autoridade do pai como chefe da família, mas evoluiu para descrever um controle mais amplo sobre mulheres e grupos marginalizados. Esse sistema perpetua desigualdades de gênero por meio de normas culturais, práticas institucionais e estruturas econômicas que naturalizam a hierarquia entre os sexos.

O patriarcado caracteriza-se pela divisão sexual do trabalho, que atribui às mulheres tarefas de cuidado e reprodução, enquanto os homens dominam esferas produtivas e políticas. Embora o feminismo tenha desafiado essa estrutura, o patriarcado se adapta às mudanças sociais, assumindo formas mais sutis, como desigualdades salariais e barreiras invisíveis ao avanço feminino.

Leia também: O que é sexismo?

Resumo sobre patriarcado

  • Patriarcado é um sistema de organização social e cultural baseado na dominação masculina.
  • No patriarcado, homens detêm poder central nas esferas pública e privada, com raízes históricas de cerca de 7.000 anos.
  • Perpetua desigualdades de gênero por meio de instituições como política, economia e religião.
  • Estabelece uma divisão sexual do trabalho: mulheres no cuidado e reprodução; homens em atividades produtivas e políticas.
  • É sustentado por normas culturais, violência de gênero e exclusão feminina de espaços de poder.
  • O capitalismo reforça o patriarcado ao explorar divisões de gênero para maximizar lucros (ex.: salários menores para mulheres).
  • O feminismo busca desmantelar hierarquias de gênero impostas pelo patriarcado, mas diversas correntes divergem sobre como abordar a relação entre patriarcado, classe social e raça.

O que é patriarcado?

O patriarcado é um sistema de organização social e cultural baseado na dominação masculina, onde os homens detêm o poder central nas esferas pública e privada. Historicamente, o conceito remete à autoridade do pai como chefe da família, mas evoluiu para descrever uma estrutura mais ampla de controle masculino sobre as mulheres e outros grupos marginalizados.

Alguns autores afirmam que o patriarcado é um arranjo relativamente novo, cujas origens datam de cerca de 7.000 anos. Esse sistema se manifesta em diversas instituições sociais, como a política, a economia e a religião, perpetuando desigualdades de gênero e limitando a autonomia feminina.

Embora o termo seja amplamente usado nos estudos feministas, ele é alvo de debates teóricos. Alguns autores defendem que o patriarcado deve ser entendido como um sistema histórico e mutável, enquanto outros destacam suas raízes profundas na tradição e na cultura. A crítica feminista moderna busca desnaturalizar essa estrutura, mostrando que ela não é inevitável, mas resultado de construções sociais específicas que podem ser transformadas.

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Principais características do patriarcado

O patriarcado se caracteriza pela hierarquia de gênero, onde os homens ocupam posições dominantes e as mulheres são subordinadas. Essa hierarquia é sustentada por normas culturais que reforçam papéis tradicionais de gênero, como a expectativa de que as mulheres assumam responsabilidades domésticas e os homens liderem no espaço público. Além disso, o patriarcado utiliza mecanismos de controle social para perpetuar essas desigualdades, como a violência de gênero e a exclusão das mulheres de espaços de poder.

Outra característica marcante é a divisão sexual do trabalho, que atribui às mulheres tarefas relacionadas ao cuidado e à reprodução, enquanto os homens dominam as atividades produtivas e políticas. Essa divisão não apenas limita as oportunidades das mulheres, mas também naturaliza sua subordinação ao longo das gerações. Essas dinâmicas são reforçadas por instituições como a família, a escola e o Estado.

Veja também: Misoginia — como se manifesta o ódio ou aversão às mulheres

Como funciona o patriarcado?

O patriarcado funciona considerando que as mulheres são “o outro”, marginalizadas e mistificadas em um mundo centralizado no homem, com ele identificado e por ele dominado. O patriarcado opera por meio de uma combinação de normas culturais, práticas institucionais e estruturas econômicas que garantem a manutenção do poder masculino.

No âmbito familiar, ele se manifesta na autoridade do homem sobre os membros da casa; no espaço público, ocorre pela exclusão ou marginalização das mulheres em cargos políticos e econômicos. Essas práticas são sustentadas por ideologias que naturalizam as diferenças entre os gêneros como biológicas ou inevitáveis.

Além disso, o patriarcado utiliza sistemas simbólicos para justificar sua existência, como narrativas religiosas ou científicas que reforçam a ideia de superioridade masculina. Ele também se adapta às mudanças sociais: enquanto no passado era mais explícito na forma de leis discriminatórias, hoje pode assumir formas sutis, como desigualdade salarial ou barreiras invisíveis ao avanço das mulheres em suas carreiras.

Qual a diferença entre patriarcado e matriarcado?

O patriarcado é centrado na dominação masculina e na subordinação feminina em todas as esferas da vida social. Já o matriarcado é um conceito mais controverso e menos documentado historicamente; ele se refere a sociedades onde as mulheres têm maior influência ou controle sobre aspectos sociais, econômicos ou religiosos. No entanto, mesmo em sociedades matrilineares (onde a linhagem é traçada pela mãe), não há evidências claras de um sistema equivalente ao patriarcado em termos de opressão masculina.

Enquanto o patriarcado se baseia em hierarquias rígidas e exclusão sistemática das mulheres dos espaços de poder, o matriarcado (quando reconhecido) tende a ser descrito como mais igualitário ou comunitário. É importante notar que o termo "matriarcado" muitas vezes é usado de forma idealizada ou simbólica para descrever sociedades com maior valorização feminina, mas sem replicar as dinâmicas opressivas do patriarcado.

Cultura patriarcal

Placa com silhueta de uma mulher segurando vassoura, um estereótipo do patriarcado.
A cultura do patriarcado reforça estereótipos de gênero e crenças sobre papéis adequados para homens e para mulheres.[1]

A cultura patriarcal refere-se aos valores, normas e práticas sociais que perpetuam a dominação masculina. Ela molda desde comportamentos individuais até estruturas institucionais, criando expectativas sobre os papéis "adequados" para homens e mulheres. Essa cultura está presente em discursos midiáticos que objetificam as mulheres, em sistemas educacionais que reforçam estereótipos de gênero e até mesmo nas leis que regulam direitos reprodutivos.

Além disso, a cultura patriarcal utiliza mecanismos simbólicos para justificar desigualdades. Por exemplo, narrativas religiosas frequentemente colocam as mulheres em posições subordinadas aos homens; na ciência, teorias pseudobiológicas já foram usadas para justificar inferioridade feminina. Essas práticas criam um círculo vicioso onde as desigualdades são naturalizadas e reproduzidas continuamente.

Patriarcado x machismo

Embora relacionados, patriarcado e machismo não são sinônimos. O patriarcado é um sistema estrutural que organiza a sociedade com base na dominação masculina; já o machismo refere-se às atitudes individuais ou coletivas que expressam essa dominação por meio da discriminação ou violência contra as mulheres. Em outras palavras, o machismo é uma manifestação comportamental do sistema patriarcal.

Enquanto o patriarcado opera em nível macroestrutural — influenciando leis, instituições e normas culturais —, o machismo se manifesta no cotidiano por meio de ações como assédio moral ou sexual e comentários depreciativos sobre as capacidades femininas. Ambos estão interligados: o machismo reforça o sistema patriarcal ao validar comportamentos opressivos.

Patriarcado público e privado

O conceito de patriarcado público refere-se à dominação masculina nas esferas públicas — política, economia e educação — enquanto o patriarcado privado diz respeito à subordinação das mulheres no âmbito doméstico e familiar. Historicamente, esses dois âmbitos operaram juntos para excluir as mulheres do poder formal enquanto restringiam sua autonomia dentro do lar.

No entanto, essas fronteiras têm se tornado mais fluidas com mudanças sociais contemporâneas. Mulheres conquistaram espaço no mercado de trabalho e na política; ainda assim, enfrentam barreiras estruturais como a dupla jornada (trabalho remunerado combinado com tarefas domésticas). Isso demonstra como os dois tipos de patriarcado continuam interligados.

Qual a relação entre o patriarcado e capitalismo?

Homem sobre bloco e moedas, em frente a três mulheres sobre blocos, em texto sobre patriarcado.
Desigualdades de salários e de oportunidades são expressões do patriarcado no capitalismo.

O capitalismo reforça o patriarcado ao explorar divisões de gênero para maximizar lucros. Por exemplo, ao pagar salários menores às mulheres ou relegá-las ao trabalho doméstico não remunerado, ele sustenta tanto desigualdades econômicas quanto relações desiguais entre os gêneros. Feministas marxistas argumentam que capitalismo e patriarcado são sistemas interdependentes: enquanto o primeiro depende da exploração econômica, o segundo garante essa exploração por meio da subordinação feminina.

Por outro lado, há debates sobre se o capitalismo poderia enfraquecer certas formas tradicionais de dominação masculina ao integrar mulheres no mercado formal. Contudo, isso frequentemente ocorre em condições precárias ou desiguais — mostrando que ambos os sistemas continuam mutuamente reforçados em sua essência exploratória.

Patriarcado e o movimento feminista

O movimento feminista surgiu como uma resposta direta às opressões impostas pelo patriarcado. Desde suas primeiras ondas até os dias atuais, ele busca desmantelar estruturas hierárquicas baseadas no gênero por meio da luta por direitos civis iguais (como voto), acesso à educação e combate à violência contra as mulheres.

Contudo, diferentes correntes feministas divergem sobre como abordar o patriarcado: algumas enfatizam sua relação com outras formas de opressão (classe social ou raça), enquanto outras focam exclusivamente as dinâmicas de gênero. Apesar dessas diferenças internas, todas compartilham o objetivo comum de expor as injustiças do sistema patriarcal.

Quais as desvantagens do patriarcado?

O patriarcado prejudica não apenas as mulheres — limitando suas oportunidades educacionais, econômicas e políticas —, mas também homens ao impor normas rígidas sobre masculinidade (como repressão emocional). Ele perpetua ciclos intergeracionais de violência doméstica e desigualdade econômica ao restringir papéis sociais com base no gênero.

Além disso, sociedades profundamente enraizadas no patriarcado tendem a ser menos igualitárias em outros aspectos também: direitos humanos gerais são frequentemente comprometidos quando metade da população enfrenta discriminação sistemática.

Consequências do patriarcado

As consequências do patriarcado incluem:

  • desigualdade salarial persistente entre gêneros;
  • violência generalizada contra mulheres (física/psicológica);
  • exclusão política/econômica feminina;
  • perpetuação estereótipos limitantes;
  • marginalização LGBTQIAPN+.

Essas consequências afetam diretamente o desenvolvimento social global, impedindo plena participação cidadã feminina. Em longo prazo, o patriarcalismo mina a coesão social, promovendo divisões estruturais geradoras de conflitos internos na sociedade, dificultando o progresso sustentável inclusivo.

Saiba mais: Existe sororidade masculina?

Patriarcado na atualidade

O patriarcado na atualidade manifesta-se de forma transformada, mas ainda profundamente enraizada nas estruturas sociais, econômicas e culturais. Embora tenha havido avanços significativos em termos de igualdade de gênero, como maior participação feminina no mercado de trabalho e na política, as mulheres continuam enfrentando desigualdades sistêmicas.

A divisão sexual do trabalho persiste, com as mulheres assumindo a maior parte das responsabilidades domésticas, mesmo quando trabalham fora de casa. Isso resulta na chamada dupla jornada, que limita suas oportunidades de ascensão profissional e reforça a desigualdade salarial. Além disso, a violência de gênero e os estereótipos culturais continuam sendo expressões contemporâneas do patriarcado, evidenciando a manutenção de uma hierarquia que privilegia os homens em diferentes esferas da vida social.

Ilustração de uma mulher equilibrando várias tarefas em texto sobre patriarcado.
As mulheres ainda assumem a maior parte das tarefas domésticas, mesmo trabalhando fora de casa.

Apesar dessas permanências, há indícios de que o patriarcado enfrenta uma crise. A crescente visibilidade dos movimentos feministas, o aumento da conscientização sobre desigualdades de gênero e as mudanças nos arranjos familiares desafiam as bases tradicionais desse sistema. A entrada massiva das mulheres no mercado de trabalho e a ampliação dos direitos reprodutivos são exemplos de transformações que enfraquecem o modelo patriarcal clássico.

No entanto, essas mudanças não significam sua superação completa; em vez disso, o patriarcado se adapta às novas condições sociais, assumindo formas mais sutis e complexas. Por exemplo, enquanto mulheres ocupam mais espaços no mercado formal, enfrentam barreiras invisíveis como, por exemplo, a desvalorização de suas competências. Assim, embora esteja em crise em alguns aspectos, o patriarcado continua resiliente e multifacetado.

Créditos da imagem

[1] Wikimedia Commons (reprodução)

Fontes

AGUIAR, Neuma. "Patriarcado, Sociedade e Patrimonialismo." Sociedade e Estado, v. 15, n. 2, p. 303-330, 2000.

FREYRE, Gilberto. Casa-Grande & Senzala. Rio de Janeiro: Record, 2003 [1933].

SAFFIOTI, Heleieth. A Mulher na Sociedade de Classes: Mito e Realidade. São Paulo: Expressão Popular, 2013 [1969].

Publicado por Rafael Pereira da Silva Mendes

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