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Preconceito

O preconceito combina crenças e juízos de valor com predisposições emocionais negativas ou positivas.
Conceito de preconceito em fundo-preto.
O preconceito manifesta-se de diferentes formas e em diferentes contextos.

O preconceito é uma atitude cultural que combina crenças, juízos de valor e predisposições emocionais, podendo ser positivas ou negativas. O preconceito é caracterizado pela generalização, pelo mau uso de estereótipos e emoções, e por discriminação, sendo resistente a novas informações que contradigam as crenças preconcebidas. Ele se manifesta de várias formas, incluindo preconceito racial, social, religioso, de gênero, entre outros.

A origem do preconceito está em fatores históricos, culturais e sociais, sendo perpetuado pela socialização e os meios de comunicação que reforçam estereótipos e imagens distorcidas de grupos sociais. O preconceito pode ser combatido enfatizando-se a importância da educação, da conscientização e de políticas públicas inclusivas.

Leia também: Antissemitismo — o preconceito contra povos de origem semita, como judeus

Resumo sobre preconceito

  • O preconceito é uma atitude cultural dirigida a membros de um grupo social e que combina crenças e juízos de valor com predisposições emocionais, positivas ou negativas.
  • O preconceito racial inclui crenças estereotipadas sobre diferenças raciais e valores culturais que prejudicam grupos marginalizados.
  • O preconceito caracteriza-se por generalizações apressadas e pelo uso indevido de estereótipos e de emoções como aversão, medo ou hostilidade.
  • Os tipos de preconceito mais comuns incluem: racismo, sexismo, preconceito religioso, xenofobia, etarismo, homofobia, capacitismo, entre outros.
  • O preconceito no Brasil é mascarado pela ideologia da “democracia racial” e é promovido pelo racismo estrutural.

O que é preconceito?

O preconceito é mais do que uma ideia preconcebida. O preconceito é uma atitude cultural, positiva ou negativa, dirigida a membros de um grupo ou categoria social. O preconceito combina crenças e juízos de valor com predisposições emocionais. Por exemplo, o preconceito racial que brancos dirigem a negros e outras pessoas de cor inclui crenças estereotipadas sobre diferenças raciais em áreas como inteligência, motivação, caráter moral e habilidades diversas.

Com a balança do preconceito, essas diferenças são então julgadas segundo valores culturais que prejudicam as pessoas de cor e preservam o status elevado dos brancos. Além disso, elementos emocionais como hostilidade, desprezo e temor completam a atitude, criando predisposição entre brancos para tratar negros de maneira opressora e para perceber sua própria categoria racial como socialmente superior.

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Características do preconceito

As principais características do preconceito incluem a generalização, o mau uso de estereótipos e emoções negativas, e a discriminação. O preconceito leva à aplicação de características específicas a todos os membros de um grupo, criando imagens simplificadas e, muitas vezes, distorcidas sobre um indivíduo ou grupo social.

Essa generalização apressada, correlacionada com sentimentos de aversão, medo ou hostilidade em relação ao grupo alvo, favorece atos de discriminação ou comportamento que prejudica ou exclui indivíduos com base em preconceitos. Além disso, o preconceito é resistente a novas informações ou experiências que contradigam as crenças preconcebidas, sendo uma de suas características a falta de senso crítico.

Leia também: Etnocentrismo — visão preconceituosa formada sobre outros povos, culturas, religiões e etnias

Tipos de preconceito

Existem diversos tipos de preconceito que persistem na sociedade contemporânea, afetando indivíduos e grupos de diferentes maneiras. Alguns dos tipos de preconceito mais comuns são:

  • racismo;
  • sexismo;
  • preconceito religioso;
  • xenofobia;
  • etarismo;
  • homofobia;
  • capacitismo;
  • preconceito socioeconômico;
  • aporofobia;
  • gordofobia;
  • transfobia.

Esses preconceitos podem se manifestar de várias formas, desde agressões cotidianas e discriminação até políticas institucionais e violência explícita. Combater esses preconceitos requer educação, conscientização, e políticas inclusivas que promovam a igualdade, o respeito e a tolerância entre as pessoas.

Origem do preconceito

A origem do preconceito está profundamente enraizada em fatores históricos, culturais e sociais. Historicamente, o preconceito pode ser rastreado até a Antiguidade, quando diferenças culturais e religiosas eram frequentemente usadas para justificar a discriminação e a subjugação de grupos considerados “inferiores” ou “bárbaros”.

O preconceito também se desenvolve por meio da socialização, começando no ambiente familiar e escolar, onde crianças aprendem e imitam comportamentos preconceituosos observados nos adultos e na sociedade ao seu redor.

Além disso, estereótipos e generalizações simplistas sobre grupos sociais são perpetuados por meios de comunicação e normas culturais, criando imagens distorcidas que alimentam atitudes preconceituosas. Esses fatores, combinados, formam um ciclo que perpetua o preconceito, tornando-o um desafio contínuo para a sociedade moderna.

Leia também: Bullying — prática sistemática de agressões cometidas por uma pessoa ou grupo contra um indivíduo

Causas do preconceito

Entre as causas do preconceito, está o fato de que ele é frequentemente transmitido de geração a geração por meio de normas culturais e sociais. Valores, crenças e estereótipos são ensinados e reforçados no ambiente familiar, escolar e comunitário, perpetuando atitudes preconceituosas sem questionamento crítico.

Além de ser ensinado às crianças, o preconceito é causado pelo medo do desconhecido ou do que é diferente. Quando as pessoas não têm informações suficientes sobre outras culturas, etnias ou estilos de vida, elas podem se sentir ameaçadas e desenvolver atitudes preconceituosas como mecanismo de defesa.

O preconceito pode ser causado por mecanismos de defesa psicológica. O sistema de representações de um sujeito preconceituoso defende-se de conflitos internos. Quando uma informação contraditória se choca com o preconceito, ao invés de mudar o sistema de crenças, o sujeito reinterpreta a informação contraditória, de modo a reforçar ideias preconcebidas e não as modificar.

Desse modo, pessoas com inseguranças e medos podem projetar essas emoções em grupos externos, utilizando o preconceito como uma forma de lidar com suas próprias ansiedades.

Outra causa do preconceito é a desigualdade social e econômica, que pode fomentá-lo com grupos dominantes usando estereótipos para justificar a manutenção de privilégios e a exclusão de grupos marginalizados. A luta por recursos limitados também pode intensificar atitudes preconceituosas.

Nesse caso, os meios de comunicação desempenham um papel significativo na formação de atitudes preconceituosas, defendendo os interesses dos grupos dominantes e, muitas vezes, reforçando estereótipos e perpetuando imagens negativas de grupos sociais oprimidos. Isso pode moldar percepções públicas e influenciar comportamentos.

Por fim, a ausência de educação crítica e reflexiva pode contribuir para o preconceito, pois impede que os indivíduos questionem e desafiem suas próprias crenças e as normas sociais predominantes. A educação pode ser uma ferramenta poderosa para desconstruir preconceitos e promover a tolerância.

Como combater o preconceito?

Combater o preconceito requer uma abordagem multifacetada que envolve educação, conscientização e políticas públicas. A educação desempenha um papel crucial na desconstrução de estereótipos e na promoção da empatia. Instituições educacionais podem implementar currículos que incluam a história e a cultura de diversos grupos, promovendo a compreensão e o respeito pelas diferenças. Além disso, programas de treinamento em diversidade para professores e alunos podem ajudar a criar ambientes escolares inclusivos.

Fora das escolas, campanhas de conscientização pública podem desafiar normas culturais prejudiciais e incentivar o diálogo aberto sobre preconceito e discriminação. Essas campanhas podem ser amplificadas por meio de parcerias com meios de comunicação, que têm o poder de moldar percepções e atitudes sociais. Além da educação e conscientização, é fundamental implementar e reforçar políticas públicas que promovam a igualdade e a inclusão.

Os governos e organizações devem adotar medidas que garantam a igualdade de oportunidades em áreas como emprego, educação e saúde, combatendo a discriminação institucional. A aplicação rigorosa de leis antidiscriminatórias é essencial para proteger os direitos dos grupos marginalizados.

Além disso, a promoção de espaços de diálogo e da participação comunitária pode empoderar indivíduos a desafiar o preconceito em suas comunidades. A combinação dessas estratégias pode criar uma sociedade mais justa e equitativa, em que a diversidade é valorizada e o preconceito é ativamente combatido.

Leia também: Dados sobre o racismo no Brasil

Diferenças entre preconceito e discriminação

Enquanto o preconceito é uma atitude ou sentimento negativo em relação a uma pessoa ou grupo, baseado em estereótipos ou generalizações, a discriminação é a manifestação prática disso. O preconceito, formado sem conhecimento ou experiência direta, é diferente da discriminação, que se traduz em ações ou comportamentos que prejudicam ou excluem indivíduos ou grupos.

O preconceito é essencialmente uma questão de pensamento e emoção, envolvendo julgamentos e opiniões preconcebidas, que podem ser conscientes ou inconscientes. A discriminação, por outro lado, é um comportamento ou uma ação. Ela ocorre quando alguém age com base em preconceitos, resultando em tratamento injusto ou desigual.

Homem tendo atitude discriminatória contra mulher grávida em ambiente de trabalho.
A discriminação contra mulheres no mercado de trabalho vai muito além do preconceito.

Sentir aversão ou desconfiança em relação a um grupo étnico específico, acreditar que um gênero é inferior ao outro, ou ter uma opinião negativa sobre pessoas de determinada orientação sexual são exemplos de preconceito. Recusar-se a contratar alguém por causa de sua raça, negar serviços a uma pessoa devido à sua orientação sexual, ou pagar menos a mulheres em comparação aos homens por trabalho igual constituem casos de discriminação.

Embora o preconceito possa existir sem resultar em discriminação (por exemplo, alguém pode ter pensamentos preconceituosos sem agir sobre eles), a discriminação geralmente é motivada por preconceitos.

Por outro lado, é possível discriminar sem ter preconceito consciente, como em casos de discriminação institucional, em que políticas ou práticas resultam em tratamento desigual, independentemente das intenções pessoais dos indivíduos envolvidos.

Além disso, nem toda discriminação tem objetivo de prejudicar. É o exemplo da discriminação positiva, que designa medidas que consistem em ajudar aqueles que têm uma desvantagem econômica, social ou física, por exemplo.

Preconceito no Brasil

O preconceito no Brasil tem características distintas em comparação com outros países, sendo influenciado por fatores históricos, culturais e sociais. Uma das principais diferenças é a presença do racismo estrutural no Brasil, muitas vezes mascarado pela ideologia da democracia racial. Essa ideologia sugere que o Brasil é uma sociedade miscigenada na qual não existem barreiras raciais significativas, o que contrasta com a realidade de desigualdades profundas entre brancos e negros.

Essa percepção de democracia racial pode dificultar o reconhecimento de preconceitos e a luta contra o racismo, pois muitos brasileiros não percebem ou não admitem a existência de preconceito racial em sua sociedade.

Isso porque a miscigenação no Brasil é frequentemente vista como um aspecto positivo que diferencia o país de outras nações, como os Estados Unidos, onde as linhas raciais são historicamente mais rígidas. No entanto, essa miscigenação é usada para negar a existência de racismo, criando um ambiente onde o preconceito é menos visível, mas ainda presente e impactante nas oportunidades sociais e econômicas.

A violência policial contra negros é uma questão crítica no Brasil, com taxas de homicídios muito altas entre a população negra. Essa violência é um reflexo de preconceitos, da discriminação e do racismo estrutural e institucional que permeiam as forças de segurança e o sistema de justiça brasileiro, diferindo de outros países onde a discriminação pode se manifestar de formas diferentes.

Preconceito no mundo

O preconceito é um fenômeno global que se manifesta de diversas formas em diferentes contextos culturais e sociais. Em muitos países, o preconceito racial é uma questão persistente, frequentemente enraizada em históricos de colonialismo, escravidão e segregação. Nos Estados Unidos, por exemplo, o racismo sistêmico continua a afetar comunidades afro-americanas, resultando em disparidades em áreas como justiça criminal, educação e saúde.

Na Europa, a xenofobia e o preconceito contra imigrantes e refugiados têm aumentado, sendo exacerbados por crises econômicas e políticas de imigração restritivas. Em países asiáticos, preconceitos baseados em etnia e religião também são comuns, refletindo tensões históricas e políticas entre diferentes grupos étnicos e religiosos.

Além do preconceito racial, outras formas de discriminação, como a de gênero, orientação sexual e religião, são prevalentes em todo o mundo. O machismo e a misoginia continuam a limitar as oportunidades e os direitos das mulheres em muitas sociedades, enquanto pessoas LGBTQIA+ enfrentam discriminação legal e social em vários países.

A intolerância religiosa também é uma fonte significativa de conflito, com minorias religiosas frequentemente enfrentando perseguição e violência. Apesar desses desafios, movimentos sociais e organizações internacionais estão trabalhando para promover a igualdade e os Direitos Humanos, buscando combater o preconceito por meio da educação, da legislação e de políticas públicas.

No entanto, a erradicação do preconceito requer esforços contínuos e coordenados, tanto em nível local quanto global, para promover uma cultura de respeito e inclusão.

Fontes

Crochík, José Leon. Preconceito, indivíduo e cultura. São Paulo: Casa do Psicólogo, 2006.

Lima, M. E. O. (2013). Preconceito. In A. R. R. Torres, L. Camino, M. E. O. Lima e M. E. Pereira (Org.). Psicologia Social: Temas e Teorias (pp. 589-642). Brasília: Techonopolitik.

Pereira, C., Torres, A. R. R., & Almeida, S. T. (2003). O preconceito na perspectiva das representações sociais: Análise da influência de um discurso justificador da discriminação no preconceito racial. Psicologia: Reflexão e Crítica, 16(1), 95-107.

Publicado por Rafael Pereira da Silva Mendes

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