Irmã Dulce

Irmã Dulce é o nome pelo qual era conhecida em vida a Santa Dulce dos Pobres, primeira santa brasileira. Ela era uma freira católica e durante toda a vida praticou a caridade.
Irmã Dulce é a primeira santa brasileira. [1]

Irmã Dulce é a primeira santa brasileira. Irmã Dulce foi uma freira católica que ficou mundialmente conhecida por seus trabalhos de caridade e defesa dos mais pobres. Por sua fé e obras realizadas foi canonizada pelo Papa Francisco I, tornando-se a primeira santa do Brasil.

Nascida na Bahia, filha de uma família de classe média, foi registrada como Maria Rita de Sousa Brito Lopes Pontes. Após ser ordenada freira adotou o nome Irmã Dulce, em homenagem a sua mãe. Durante a vida Irmã Dulce fundou diversas instituições, como hospitais, albergues, cinemas, asilos, escolas e cinemas. Seus maiores legados foram a fundação do Hospital Santo Antônio e as Obras Sociais Irmã Dulce, instituições que atualmente atendem milhões de pessoas, principalmente na Bahia.

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Resumo sobre Irmã Dulce

  • Irmã Dulce foi uma freira brasileira que viveu entre 1914 e 1992.
  • Durante a vida ela ganhou a alcunha de “Anjo Bom da Bahia”.
  • Em 2019 Irmã Dulce foi canonizada em uma cerimônia conduzida pelo Papa Francisco I, na Praça de São Pedro, no Vaticano.
  • Foram atribuídos à Irmã Dulce dois milagres, ambos ocorridos após sua morte.
  • Durante a sua vida Irmã Dulce sofreu com diversas patologias, a principal delas a enfisema.
  • Faleceu em 13 de março de 1992, em Salvador, aos 77 anos de idade.
  • As Obras Sociais Irmã Dulce e o Hospital Santo Antônio são dois de seus legados.
  • O Dia de Santa Dulce dos Pobres é celebrado em 13 de agosto, data na qual ela se tornou freira.

Biografia de Irmã Dulce

Irmã Dulce nasceu em Salvador no dia 26 de maio de 1914, sendo filha de Augusto Lopes Pontes, dentista e professor universitário, e de Dulce Maria de Souza Brito, dona de casa. A menina foi batizada como Maria Rita de Sousa Brito Lopes Ponte, e só passou a utilizar o nome “Irmã Dulce” quando se tornou freira, em homenagem à mãe.

Ela foi uma criança com uma infância feliz, que gostava de brincar de boneca, de empinar pipa e de jogar futebol, sendo torcedora do Esporte Clube Ipiranga, time da capital baiana fundado por operários.

Na adolescência passou a praticar caridade, ajudando pessoas em situação de rua, doentes e crianças em orfanatos. Ela tentou se tornar freira, mas foi descoberta e impedida pelo pai, que afirmou que só o permitiria após o término dos estudos da filha.

Ela cursou magistério no tradicional Instituto Normal da Bahia, fundado em 1836 e que, 100 anos depois, passou a se chamar Instituto Central de Educação Isaías Alves, o Icea, existente ainda hoje. Formou-se no final de 1932 como professora primária.

Após formada e com a permissão do pai, tornou-se noviça na Congregação das Irmãs Missionárias da Imaculada Conceição da Mãe de Deus, em São Cristóvão, Sergipe. Nesse momento ela adotou o nome de Irmã Dulce, forma pela qual é conhecida mundialmente. Após seis meses como noviça ela se tornou freira, passando a usar o hábito. No ano seguinte ela retornou para Salvador e passou a atuar como professora, lecionando História e Geografia no colégio Santa Bernadete, mantido pela Igreja Católica. Paralelamente, ela continuou com suas obras de caridade.

Na década de 1930, junto com o Frei Hildebrando Kruthanp, Irmã Dulce fundou a União Operária São Francisco, primeiro movimento cristão operário da Bahia; o Círculo Operário da Bahia, que tinha por principal objetivo a formação dos operários e a defesa de seus direitos; e o Colégio Santo Antônio, instituição onde estudavam filhos de operários.

Em 1939 ela ocupou algumas casas que estavam abandonadas e passou a utilizá-las como hospital para as pessoas carentes. O prefeito da capital baiana, José Wanderley de Araújo Pinho, expulsou Dulce e os doentes das casas ocupadas; o fato teve grande repercussão na mídia baiana, e Irmã Dulce ganhou apoio de parte da população.

Por uma década Irmã Dulce ocupou diversos espaços de Salvador para tratar das pessoas doentes até que, em 1949, construiu no antigo galinheiro do Convento Santo Antônio, um edifício onde passou a tratar de 70 pacientes. O local se tornou o embrião do Hospital Santo Antônio, hoje um dos maiores hospitais de Salvador, responsável por mais de 2 milhões de atendimentos por ano, todos eles gratuitamente, pelo SUS.

Em 1959, fundou as Obras Sociais Irmã Dulce, entidade filantrópica que atua ainda hoje em 17 núcleos.

Por suas obras sociais Irmã Dulce ficou mundialmente conhecida. Em 1980, na primeira visita do Papa João Paulo II ao Brasil, Dulce foi recebida no altar da missa campal rezada pelo Papa em Salvador, que a abençoou e lhe deu um terço. Em 1991, em nova visita ao Brasil, João Paulo II a visitou no Hospital Santo Antônio, cerca de um ano antes da sua morte. Com o tempo, passou a ficar conhecida como “Anjo Bom da Bahia”.

Morte de Irmã Dulce

Irmã Dulce teve uma saúde frágil durante quase toda a vida, sofrendo com diversas doenças e passando por diferentes cirurgias. Para o médico Taciano Campos, que cuidou de Irmã Dulce por mais de 30 anos, isso ocorreu por causa de três fatores: sua má alimentação, o excesso de trabalho e o constante contato com pessoas doentes sem utilizar de equipamentos de proteção. Em entrevista dada em 2011 o médico afirmou que o primeiro milagre de Dulce foi viver por tanto tempo, sendo sempre muito ativa, mesmo sofrendo com o enfisema pulmonar.

Em 1991 ela foi internada no Hospital Santo Antônio, o mesmo que fundou. Em 1992, com o agravamento do enfisema, foi transferida para a UTI, onde faleceu em 13 de março.

Beatificação de Irmã Dulce

Cerimônia de beatificação de Irmã Dulce, no Parque de Exposições de Salvador. [2]

Irmã Dulce foi beatificada em 22 de maio de 2011, pelo Papa Bento XVI, após um longo processo sobre um milagre ocorrido em 2001 ter sido investigado e confirmado pela Igreja.

A cerimônia de beatificação ocorreu no Parque de Exposições de Salvador e se iniciou com uma missa rezada por Dom Geraldo Majella, então arcebispo de Salvador e representante do Papa na cerimônia. Após a missa, houve o rito de beatificação de Irmã Dulce. Participaram do evento diversas autoridades, entre elas a presidente da República, Dilma Rousseff, e o governador da Bahia, Jaques Wagner.

Como foi a canonização de Irmã Dulce?

A canonização de Irmã Dulce ocorreu em 13 de outubro de 2019, em uma cerimônia conduzida pelo Papa Francisco I na Praça de São Pedro, no Vaticano. Após uma missa, o Papa fez um canto de invocação do Espírito Santo, uma forma de pedir a Deus para tomar uma decisão correta e justa.

Fiel segurando imagem de Santa Dulce dos Pobres em igreja de Salvador. [3]

Depois de algumas palavras, Francisco I leu a fórmula de canonização, em latim, e após a leitura Irmã Dulce passou a ser considerada uma santa, chamada de Santa Dulce dos Pobres. Participaram da cerimônia no Vaticano diversas autoridades brasileiras, entre elas o vice-presidente da República, Hamilton Mourão; o governador da Bahia, Rui Costa; e o prefeito de Salvador, Antônio Carlos Magalhães Neto.

Acesse também: Afinal, o que é o Vaticano?

Quais foram os milagres de Irmã Dulce?

No processo de beatificação e canonização de Irmã Dulce, realizado pela Igreja Católica, foram atribuídos à santa brasileira dois milagres.

O primeiro deles ocorreu em 2001, quando Claudia Cristina dos Santos sobreviveu a uma grave hemorragia em um hospital de Malhador, em Sergipe. Após o parto Claudia sofreu uma forte hemorragia, sendo operada três vezes, sem que os médicos conseguissem estancar o sangramento. Após a visita do padre José Almir, devoto de Irmã Dulce, a hemorragia cessou e Claudia sobreviveu.

Em 2014 ocorreu o segundo milagre atribuído à Irmã Dulce, quando José Maurício Moreira, cego há 14 anos, voltou a enxergar após rezar para Irmã Dulce. José Maurício perdeu a visão no final de 1999, por causa de um glaucoma, e foi informado pelos médicos que jamais voltaria a enxergar. Ele abandonou o antigo emprego, cursou música na Universidade Federal da Bahia e passou a ser conhecido como o “Maestro cego de Salvador”, organizado corais em diversas instituições. Em dezembro de 2014, sofrendo com uma infecção nos olhos, rezou para Irmã Dulce para que a dor que sentia cessasse. Ao acordar no dia seguinte, José Maurício havia recuperado a visão.

Oração à Irmã Dulce

Senhor nosso Deus,

lembrados de vossa filha,

a santa Dulce dos Pobres,

cujo coração ardia de amor por vós e pelos irmãos,

particularmente os pobres e excluídos,

nós vos pedimos:

dai-nos idêntico amor pelos necessitados;

renovai nossa fé e nossa esperança

e concedei-nos, a exemplo desta vossa filha,

viver como irmãos,

buscando diariamente a santidade,

para sermos autênticos discípulos missionários

de vosso filho Jesus.

Amém.

Ativismo social de Irmã Dulce

Desde a adolescência Irmã Dulce ajudava os necessitados e enfermos, arrecadando recursos com familiares e vizinhos, e realizando doações para pessoas pobres.

Na década de 1930, já como freira, Irmã Dulce esteve muito próxima dos operários da Bahia, fundando a União Operária São Francisco, o Círculo Operário da Bahia e o Colégio Santo Antônio, este último criado para que os filhos dos operários pudessem estudar.

Em 1949 usou o espaço do galinheiro do Convento Santo Antônio na Praça de Roma para construir uma pequena edificação na qual passou a cuidar dos enfermos. O local se tornou o Hospital Santo Antônio, hoje um dos maiores hospitais de Salvador.

Em 1959, fundou as Obras Sociais Irmã Dulce, a Osid, uma entidade filantrópica que tem por principal objetivo cuidar dos pobres. Ao longo das décadas a Osid cresceu, recebendo recursos de doares e do Estado. Atualmente a instituição realiza anualmente mais de 2 milhões de consultas, mais de 60 mil internações e mais de 6 milhões de procedimentos ambulatoriais.

Fachada da sede das Obras Sociais Irmã Dulce na atualidade. [4]

Em 1948 fundou o Cine Roma, que além de exibir filmes também realizava shows e peças teatrais. Raul Seixas, Roberto Carlos e Waldick Soriano se apresentaram no espaço. Irmã Dulce fundou ainda dois outros espaços culturais, mostrando que seu ativismo também se relacionava com a cultura.

Filmes sobre a Irmã Dulce

  • Irmã Dulce: filme brasileiro lançado em 2014 que narra a história de Irmã Dulce. Foi produzido pela Migdal Filmes com coprodução da Globo Filmes. O filme foi dirigido por Vicente Amorim e estrelado por Bianca Comparato e Regina Braga.
  • A vida interior de Santa Dulce dos Pobres: curta-metragem lançado em 2020 que teve como produtor o Santuário Santa Dulce dos Pobres, com roteiro e direção de Wilde Fábio Alencar. O vídeo conta a história de Irmã Dulce, focando sua forma de pensar.

Frases de Irmã Dulce

  • “O amor supera todos os obstáculos, todos os sacrifícios. Por mais que fi­zermos, tudo é pouco diante do que Deus faz por nós.”
  • “Se cada um ­fizer a sua parte, se cada pessoa se conscientizar do seu papel social, poderemos não resolver o problema da miséria no mundo, mas estaremos colaborando sensivelmente para diminuir os miseráveis e aplacar a dor de muitos sofredores.”
  • “Deus nos ensinou a amar o próximo como a si mesmo. Mas como a si mesmo grifado. Não como a si mesmo que dá uma esmola, um pão, um café. Como a si mesmo a gente quer mais do que isso: quer amor, quer carinho. Então, eu passo na rua, vejo um doente jogado, dou um café e vou adiante?”
  • “Se fosse preciso, começaria tudo outra vez, do mesmo jeito, andando pelo mesmo caminho de di­ficuldades, pois a fé, que nunca me abandona, me daria forças para ir sempre em frente.”
  • “Desde o primeiro dia em que coloquei os doentes no galinheiro, me convenci de que tudo dá certo porque sou apenas um instrumento de Deus.”
  • “Os olhos dos que verdadeiramente veem podem facilmente encontrar Deus. Ele sempre está naquele irmão mais necessitado, que precisa de uma mão para ampará-lo na dor e no sofrimento.”

Notas

|1| Ministério da Saúde. Ministério da Saúde libera 18 milhões para Obras Sociais Irmã Dulce. Disponível em https://www.gov.br/saude/pt-br/assuntos/noticias/2019/outubro/ministerio-da-saude-libera-r-18-milhoes-para-as-obras-sociais-irma-dulce.

Créditos de imagem

[1] Nascimento Azevedo / Wikimedia Commons (reprodução)

[2] Manu Dias / Secretaria de Comunicação Social / Wikimedia Commons (reprodução)

[3] Joa Souza / Shutterstock

[4] Carol Garcia / Agecom – Governo da Bahia / Wikimedia Commons (reprodução)

Fontes

GODOY, Mariana. Santa Dulce dos Pobres: a vida, a fé e a santidade do Anjo Bom da Bahia. Editora Petra, Rio de Janeiro, 2019.

ROCHA, Graciliano. Irmã Dulce, a santa dos pobres. Editora Planeta, São Paulo, 2019.

Publicado por Jair Messias Ferreira Junior
Inglês
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