José do Patrocínio

José do Patrocínio foi um farmacêutico, jornalista, escritor e político brasileiro. Foi uma das principais personalidades do Brasil no século XIX e um opositor da escravidão.
José do Patrocínio foi uma das grandes personalidades da história brasileira.

José do Patrocínio foi um farmacêutico, jornalista, escritor e político brasileiro, reconhecido como uma das grandes personalidades da história brasileira. José do Patrocínio foi uma das grandes personalidades negras do final do século XIX, que lutou contra a escravidão e o racismo no Brasil. Foi um dos fundadores da Confederação Abolicionista.

Ele escreveu artigos contra a escravidão, discursou em público, organizou eventos, abrigou escravos fugidos e celebrou quando o trabalho escravo foi abolido. Ele também foi uma das mentes que defendeu a Proclamação da República no Brasil, sendo a pessoa que realizou a Proclamação, em 15 de novembro de 1889.

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Resumo sobre José do Patrocínio

  • José do Patrocínio foi um jornalista, escritor, farmacêutico e político brasileiro.
  • É considerado uma das grandes personalidades negras da história brasileira.
  • Foi um defensor contumaz da abolição, atuando de diversas maneiras em defesa da causa abolicionista.
  • Foi escritor, publicando alguns romances e sendo um dos fundadores da Academia Brasileira de Letras.
  • Era defensor da República e foi o responsável pela Proclamação da República em 15 de novembro de 1889.

Quem foi José do Patrocínio?

  • Nascimento de José do Patrocínio

José Carlos do Patrocínio nasceu na cidade de Campos dos Goytacazes, no interior do Rio de Janeiro, no dia 9 de outubro de 1853. Ele era filho de João Carlos Monteiro, um padre que era vigário da paróquia de Campos dos Goytacazes e orador sacro na Capela Imperial. Sua mãe era Justina Maria do Espírito Santo, uma mulher negra que era escrava do padre.

Ela engravidou de José do Patrocínio aos 15 anos de idade. Quando José do Patrocínio nasceu, ele não teve a sua paternidade reconhecida por João Carlos Monteiro, uma prática comum de padres que possuíam filhos, mas cresceu em uma das propriedades do padre. Completou sua educação primária na fazenda de seu pai com 14 anos, então pediu para se mudar para o Rio de Janeiro.

  • Casamento de José do Patrocínio

José do Patrocínio se casou em 1881 com Maria Henriqueta Sena, conhecida como Bibi. Ela era filha de Emiliano Rosa de Sena, um militar que tinha a patente de capitão e que tinha abrigado José do Patrocínio em sua casa a convite de João Rodrigues Pacheco Vilanova, enteado do militar. O convívio de José do Patrocínio com a jovem Maria Henriqueta fez com que ele se apaixonasse.

O seu sentimento foi correspondido e, então, José do Patrocínio pediu a mão da jovem em casamento para o capitão Sena. Inicialmente, o militar ficou incomodado com as investidas de José do Patrocínio sobre sua filha, mas acabou cedendo, e o casamento entre eles aconteceu em 1881.

  • Formação acadêmica de José do Patrocínio

Quando se mudou ao Rio de Janeiro, com apenas 14 anos de idade, José do Patrocínio começou a trabalhar como servente de pedreiro, sendo depois contratado como aprendiz de farmácia na Casa de Saúde Bom Jesus do Calvário. Nesse período, ingressou em cursos preparatórios para ingressar em Medicina ou Farmácia.

Em 1871, ele começou a estudar Farmácia na Faculdade de Medicina, finalizando o seu curso em 1874. Foi nesse período que ele passou a residir na casa do capitão Sena. Ele foi convidado a atuar como professor particular dos filhos do militar como forma de fazê-lo aceitar residir em sua casa.

  • Filhos de José do Patrocínio

Do seu casamento com Maria Henriqueta, José do Patrocínio teve o total de cinco filhos, sendo três meninos e duas meninas. De todos os seus filhos, as duas meninas faleceram antes de completar dois anos de idade, e um dos seus filhos, Tinon, desapareceu na infância. Os outros filhos dele, conhecidos como Maceu e Zeca, chegaram à vida adulta, tornando-se jornalistas.

  • Morte de José do Patrocínio

José do Patrocínio foi uma figura muito importante na história e na política brasileira, sofrendo diversos ataques racistas ao longo de sua vida. Seus últimos anos foram marcados por sintomas de hemoptise, um sinal de tuberculose. A doença se agravou nos últimos anos da vida de José do Patrocínio, levando-o ao falecimento no dia 29 de janeiro de 1905.

Carreira de José do Patrocínio

Apesar de sua formação, José do Patrocínio atuou durante toda a sua vida no jornalismo e no ativismo político. O período quando ele residiu na casa do capitão Sena fez com que ele frequentasse o Clube Republicano, do qual faziam parte nomes importantes como Quintino Bocaiuva e Lopes Trovão.

Ele ingressou no Jornalismo em 1875, quando passou a escrever para um periódico chamado Os Ferrões. A partir de 1877, passou a trabalhar na Gazeta de Notícias, atuando na crônica política e publicando textos com pseudônimos. Entre os pseudônimos usados por José do Patrocínio na sua carreira estão Prudhomme, Notus Ferrão, Pax Vobis, entre outros.

Em 1881, pegou dinheiro emprestado com seu sogro, o capitão Sena, para adquirir o jornal Gazeta da Tarde. A partir disso, José do Patrocínio usou o seu jornal como uma plataforma para defender a causa abolicionista no Brasil. José deu espaço para outros nomes do Jornalismo defenderem a causa absolutista.

Além disso, José do Patrocínio atuou como escritor, produzindo diversos livros ao longo de sua vida. Outra atuação importante dele foi a sua atuação na defesa da abolição da escravatura no Brasil.

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Ativismo político de José do Patrocínio

José do Patrocínio foi um dos grandes defensores da abolição do trabalho escravo no Brasil, dedicando vários anos de sua vida à causa abolicionista. Em 1880, ele realizou o seu primeiro discurso em defesa da causa abolicionista e ingressou na Associação Central Emancipadora, além de ter fundado, junto de Joaquim Nabuco, a Sociedade Brasileira Contra a Escravidão.

Em 1883, criou a Confederação Abolicionista em parceria com André Rebouças. Essa foi uma das principais instituições que atuou no combate ao trabalho escravo no Brasil e na defesa da causa. Essa associação atuou de diversas maneiras na defesa da abolição no Brasil, acolhendo escravos que fugiam, incentivando outros a fugir e realizando eventos. Além disso, a Confederação Abolicionista foi responsável por transformar camélias brancas em símbolo do abolicionismo no Brasil.

Em 1882, José do Patrocínio viajou para os estados da Bahia, Pernambuco e Ceará com o intuito de difundir a causa para esses locais. O crescimento do abolicionismo fez com que a monarquia, na figura da princesa Isabel, determinasse a abolição do trabalho escravo em 13 de maio de 1888 por meio da Lei Áurea.

José Patrocínio esteve do lado da princesa Isabel durante a assinatura da lei, e depois de sua assinatura ele chegou a saudar a população que celebrava a abolição. Depois da Lei Áurea ele passou a usar sua posição como jornalista para defender a necessidade de que uma reforma agrária fosse realizada para integrar os ex-escravos à sociedade.

José do Patrocínio e a Proclamação da República

Em 1886, José do Patrocínio decidiu concorrer à eleição para ser vereador da cidade do Rio de Janeiro, sendo eleito. José do Patrocínio era um defensor da República, apesar da fama que ele tinha de ser um monarquista. Ele fez parte de clubes republicanos e fez parte da conspiração que tramou a derrubada da monarquia no Brasil.

Ele foi membro do Partido Republicano e foi uma figura presente na conspiração que resultou na Proclamação da República, em 1889. No dia 12 de novembro, ele foi informado por Benjamin Constant de que o golpe contra a monarquia estava se aproximando, e no dia 14 de novembro o almirante Wanderkolk o confirmou que a monarquia estava em seus últimos momentos.

Ele, no entanto, não sabia o dia em que o golpe aconteceria, mas entendeu rapidamente quando os eventos começaram ocorrer no Rio de Janeiro em 15 de novembro de 1889. Ele então mandou convidar o povo para participar de uma assembleia na Câmara Municipal do Rio de Janeiro. Nesse mesmo evento, José do Patrocínio proclamou a República na frente dos presentes, oficializando a troca de regime.

Livros de José do Patrocínio

José do Patrocínio também ficou marcado por ser um escritor, publicando diversos livros ao longo de sua vida. Entre as publicações de José do Patrocínio estão:

  • Os retirantes (1879);
  • Pedro Espanhol (1884);
  • Mota Coqueiro ou a Pena de Morte (1887).

Importância de José do Patrocínio

José do Patrocínio é uma das grandes personalidades da história do Brasil e do século XIX. Sua importância se liga, principalmente, à questão abolicionista, uma vez que ele se engajou ferrenhamente em defesa da abolição do trabalho escravo no Brasil. Formou associações abolicionistas, discursou em público, escreveu artigos, escondeu escravos fugidos e defendeu a causa de diversas outras maneiras.

Além disso, é reconhecido pelo seu papel na Proclamação da República, tendo contribuído para que a mudança fosse consolidada na via política. Também é relevante a contribuição de José do Patrocínio para a literatura brasileira, produzindo romances e sendo um dos fundadores da Academia Brasileira de Letras.

Por fim, vale destacar que ele foi uma das grandes personalidades negras de sua época, lutando contra a escravidão e contra o racismo, inclusive sendo vítima desse racismo por toda a sua vida.

Fontes

GOMES, Flávio dos Santos; LAURIANO, Jaime e SCHWARCZ. Enciclopédia Negra. São Paulo: Companhia das Letras, 2021.

DANTAS, Carolina Vianna. José do Patrocínio. Disponível em: https://cpdoc.fgv.br/sites/default/files/verbetes/primeira-republica/PATROC%C3%8DNIO,%20Jose%20do.pdf

VASCONCELOS, Rita de Cássia Azevedo Ferreira de. República Sim, Escravidão Não: o republicanismo de José do Patrocínio e sua vivência na República. Disponível em: https://app.uff.br/riuff/bitstream/handle/1/16332/Dissert-rita-de-cassia-azevedo-ferreira-de-vasconcelos.pdf?sequence=1&isAllowed=y

Publicado por Daniel Neves Silva
Química
Dispersões
Dispersão é um sistema formado pela distribuição uniforme de uma ou mais substâncias no formato de partículas no interior de outra substância. A fumaça eliminada pelas fábricas, bastante prejudicial à nossa saúde, é um exemplo de dispersão. As partículas sólidas presentes na fumaça estão dispersas no ar atmosférico.
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