O que é subdesenvolvimento?

O subdesenvolvimento é a situação de pobreza e dependência econômica que atinge a maior parte dos países.
Favela paulista: uma expressão do subdesenvolvimento no espaço geográfico

O Subdesenvolvimento é um termo elaborado após a Segunda Guerra Mundial (1939-1945) para definir a situação econômica e social dos países pobres. Esse termo é, portanto, designado para classificar os territórios nacionais que dispõem de níveis de desenvolvimento econômico limitado, com baixos índices de qualidade de vida, de consumo, de produtividade e elevadas taxas de miséria e concentração de renda.

Não é correto afirmar que o subdesenvolvimento seja uma ausência de desenvolvimento, mas sim a incompletude deste. Dessa forma, existem alguns critérios que definem se um país é ou não é subdesenvolvido, a saber: dependência econômica e tecnológica, problemas sociais (como desemprego, desigualdades, fome, miséria), baixos índices de industrialização, problemas em infraestrutura, entre outros.

Dependência econômica

O principal problema que envolve os países subdesenvolvidos é de ordem econômica, em que se observa uma elevada dependência desses para com outras nações, sobretudo aquelas consideradas desenvolvidas.

Essa dependência se expressa, primeiramente, pela elevada dívida externa existente nos países periféricos. Em geral, parte das receitas adquiridas por esses países são destinadas ao pagamento de dívidas para instituições financeiras – como o FMI e o Banco Mundial –, o que atrapalha na hora do uso da verba pública para investimentos sociais.

Em segundo lugar, a dependência econômica encontra-se no fato de que, historicamente, as nações mais pobres vivem da exportação de commodities, isto é, de produtos primários que, em regra, possuem menor valor agregado que os produtos industrializados. Tal fator propicia uma queda de produtividade, pois muitos investimentos são direcionados a uma atividade menos rentável economicamente. Associam-se a isso os problemas relacionados à concentração fundiária, que direcionam os ganhos das exportações para os grandes latifundiários, propiciando a elevação da concentração de renda.

Dependência tecnológica

Os baixos índices de industrialização e a excessiva dependência econômica na exportação de produtos primários propiciam também a elevação da dependência tecnológica. Essa questão é recorrente aos problemas relacionados à Divisão Internacional do Trabalho, em que os países periféricos exportam matérias-primas e produtos industrializados de baixa tecnologia e importam produtos tecnológicos ou sistemas de tecnologia, geralmente vinculados à instalação de grandes empresas multinacionais.

Assim, boa parte dos países subdesenvolvidos é pouco ou quase nada industrializada. E aqueles que possuem um relativo índice de industrialização – como o Brasil – a conhecem através da instalação de empresas estrangeiras, ou seja, as grandes empresas dos países pobres são, na verdade, apenas filiais ou montadoras de produtos e direcionam seus ganhos majoritariamente a seus países de origem.

Problemas sociais

Os problemas sociais existentes nos países subdesenvolvidos estão diretamente relacionados às questões acima elencadas, pois os elevados índices de dependência econômica e tecnológica geram graves convulsões e disparidades sociais.

Em primeiro lugar, é preciso considerar que os processos de industrialização e urbanização são tardios, ou seja, ocorreram apenas recentemente e fazem com que os países pobres sofram com problemas urbanos que os países desenvolvidos tiverem de enfrentar nos séculos XVIII, XIX e XX. A diferença é que, diferentemente destes, os subdesenvolvidos não possuem grandes capacidades financeiras para emancipar suas realidades.

Outra questão a ser colocada é a grande disparidade econômica atualmente existente. Os países subdesenvolvidos, por questões principalmente políticas, não promovem uma distribuição de renda em suas economias internas. Assim, observa-se que há cada vez mais capital sendo acumulado por cada vez menos pessoas, tanto em termos de finanças quanto em termos de posses urbanas e rurais. Tal fator é um agravo a condições de miséria, fome e baixa capacidade produtiva de uma dada região ou território.

Fatores históricos

Além de haver graves problemas internos, somados a perspectivas conservadoras das economias – como a preferência em centrar a economia na exportação de matéria-prima –, existem também fatores históricos que se tornaram o grande cerne para a condição de subdesenvolvimento pela qual a maior parte dos países do mundo passa. Dentre esses fatores, podemos destacar o colonialismo e o imperialismo.

Durante o processo de expansão marítimo-comercial europeu, o capitalismo expandiu-se e a Divisão Internacional do Trabalho estabeleceu-se. As colônias forneciam produtos primários, como especiarias e materiais agropecuários, e as metrópoles produziam e exportavam produtos manufaturados e, posteriormente, industrializados. Além disso, a exploração dos recursos e as grandes dívidas que as antigas colônias herdaram de suas metrópoles também estão na origem das condições de dependência econômica e de subdesenvolvimento.

Quanto ao imperialismo, trata-se de uma continuação do colonialismo – ou do neocolonialismo, no caso dos países africanos –, em que territórios foram disputados e divididos e áreas de influência até hoje são requisitadas. Essas ações, como as realizadas pelos Estados Unidos durante a Guerra Fria e em outros períodos históricos, serviram para garantir que não houvesse uma emancipação econômica dos países pobres a fim de evitar um aumento da concorrência no mercado internacional.

Países subdesenvolvidos e emergentes

Assim, ao compreender os fatores externos e internos que propiciaram a origem do subdesenvolvimento no mundo, podemos nos perguntar: quais países hoje são considerados subdesenvolvidos? Nações como Brasil e China são também consideradas subdesenvolvidas?

Existe, atualmente, uma divisão regional do mundo que estabelece uma distinção entre dois principais polos de desenvolvimento. Ao sul de um uma linha imaginária, traçada justamente para expressar essa separação, existem os países subdesenvolvidos e, ao norte, os países desenvolvidos. Observe a figura abaixo:


Mapa-múndi separando o norte desenvolvido do sul subdesenvolvido

Assim, podemos notar que essa divisão estabelece a formação de dois grandes grupos, aqueles com economias historicamente dominantes e mais desenvolvidas de um lado e, de outro, aqueles com economias historicamente dependentes. Nota-se também que a linha imaginária para distinguir o norte do sul não obedece totalmente às delimitações cartográficas, uma vez que países que se encontram no sul geográfico, a exemplo da Austrália, são classificados como sendo do “norte”.

E quanto aos países emergentes? Por que eles não estão representados no mapa?

Os países emergentes, por definição, são aqueles caracterizados por apresentarem economias subdesenvolvidas, mas que, ao longo das últimas décadas, vêm apresentando avanços econômicos e sociais. Esses países costumam ter economias muito industrializadas – apesar de, como já frisamos mais acima – essa industrialização ser realizada majoritariamente por empresas estrangeiras – e por registrarem sucessivos aumentos em seus Produtos Internos Brutos.

Mesmo assim, esses países não romperam com a condição de subdesenvolvimento que os envolve, de tal modo que eles ainda são considerados como subdesenvolvidos. Em outras palavras, podemos dizer os países emergentes fazem parte do grupo dos países periféricos.

Citam-se como exemplos de países emergentes: Brasil, Rússia, Índia, China, África do Sul (esses cinco primeiros compõem o chamado BRICS), México, Coreia do Sul, Cingapura, Taiwan e alguns outros.

O que se pode ter certeza é que, para subverter a ordem de subdesenvolvimento, os países pobres no mundo precisarão buscar formas que romper com a dependência econômica que os atinge. Além do mais, será necessário rever o ritmo de consumo do sistema capitalista atual, pois, conforme apontam inúmeros especialistas, o planeta não conseguiria fornecer recursos naturais suficientes para abastecer um grande número de países com padrões de consumo iguais aos que os países desenvolvidos possuem atualmente.

Publicado por Rodolfo F. Alves Pena
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