Metáfora

A metáfora é uma figura de linguagem utilizada para comparar-se dois conceitos sem se utilizar de expressões que indiquem que uma comparação está sendo feita. É um recurso estilístico estudado há muitos séculos e, também, um dos mais frequentes na língua falada e escrita.

Leia também: Pleonasmo – recurso linguístico que traz uma repetição de ideia ou de palavras

O que é metáfora?

A metáfora é uma figura de linguagem muito popular, cuja função é a comparação de dois elementos diferentes, estabelecendo-se uma relação de semelhança entre eles. A relação, que costuma ter um sentido figurado, pode ser entre conceitos, entre seres vivos, entre objetos inanimados e até mesmo entre duas dessas categorias.

Usos da metáfora

Vejamos alguns exemplos de metáfora e como ela é utilizada:

Aquele rapaz é um pavão de tão exibido.

Um rapaz certamente não pode ser um pavão de forma literal. Entretanto, o pavão é conhecido por exibir uma cauda comprida e muito bonita. Quando se compara o rapaz com o pavão, tem-se o objetivo de destacar o quanto ambos exibem seus atributos para chamar atenção para si. Compara-se o comportamento dos dois estabelecendo-se uma relação de sentido entre “rapaz” e “pavão”.

Capitu tinha olhos de ressaca.

O clássico exemplo da personagem Capitu, criada por Machado de Assis, compara os olhos da moça à ressaca do mar. Nas palavras do próprio narrador de Dom Casmurro para explicar o efeito da metáfora: “[Os olhos] traziam não sei que fluido misterioso e enérgico, uma força que arrastava para dentro, como a vaga que se retira da praia, nos dias de ressaca”.

Fui tão feliz naquela época, eu vivia no paraíso e não sabia.

No enunciado anterior, para expressar a felicidade vivida em outra época, o enunciador afirma que viveu no paraíso. Esse é um conceito abstrato, ou seja, não é possível viver o paraíso na Terra. Portanto, fez-se uso de uma metáfora para explicar como o enunciador tinha uma vida plena no passado.

Veja também: Denotação – modalidade da linguagem que visa à objetividade

Diferenças entre metáfora e comparação

Embora seja uma figura de linguagem cuja função essencialmente compara dois conceitos diferentes, a metáfora é marcada pela ausência de expressões que indiquem explicitamente que uma comparação está sendo feita. Em outras palavras, a comparação utiliza expressões (“como”, “parecer”, “tanto quanto”), enquanto a metáfora não as utiliza, como se “transformasse” um conceito no outro valendo-se da linguagem figurada para isso. Veja a diferença nos exemplos:

O pelo do meu cachorro é macio como um tapete felpudo.

No enunciado fica evidente a comparação por meio da expressão “como”.

O meu cachorro é um verdadeiro tapete felpudo.

Nesse outro enunciado, ocorre uma metáfora, pois não se compara explicitamente o pelo do cachorro à maciez do tapete. Afirma-se, em sentido figurado, que o cachorro é um tapete felpudo, o que não é possível. Trata-se de uma maneira de reafirmar que o pelo do cachorro é macio comparando-o ao tapete felpudo.

A metáfora é a figura de linguagem responsável por fazer comparações implícitas.

Exercícios resolvidos

Questão 1 - (Enem)

O argumento presente na charge consiste em uma metáfora relativa à teoria evolucionista e ao desenvolvimento tecnológico. Considerando o contexto apresentado, verifica-se que o impacto tecnológico pode ocasionar

a) o surgimento de um homem dependente de um novo modelo tecnológico.

b) a mudança do homem em razão dos novos inventos que destroem sua realidade.

c) a problemática social de grande exclusão digital a partir da interferência da máquina.

d) a invenção de equipamentos que dificultam o trabalho do homem, em sua esfera social.

e) o retrocesso do desenvolvimento do homem em face da criação de ferramentas como lança, máquina e computador.

Resolução

Alternativa A. A figura remete à dependência do novo modelo tecnológico pela curvatura da coluna do homem ilustrado, que representa, metaforicamente, sua evolução ou seu retrocesso.

Questão 2 - (Ibade)

Texto para responder à questão.

Escrever

A estudante perguntou como era essa coisa de escrever. Eu fiz o gênero fofo. Moleza, disse.

Primeiro, evite estes coloquialismos de “fofo” e “moleza”, passe longe das gírias ainda não dicionarizadas e de tudo mais que soe mais falado do que escrito. Isto aqui não é rádio FM. De vez em quando, [...] aplique uma gíria como se fosse um piparote de leve no cangote do texto, mas, em geral, evite. Fuja dessas rimas bobinhas, desses motes sonoros. O leitor pode se achar diante de um rapper frustrado e dar cambalhotas. Mas, atenção, se soar muito escrito, reescreva.

Quando quiser aplicar um “mas”, tome fôlego, ligue para o 0800 do Instituto Fernando Pessoa, peça autorização ao bispo de plantão e, por favor, volte atrás. É um cacoete facilitador.

Dele deve ter vindo a expressão “cheio de mas-mas”, ou seja, uma pessoa cheia de “não é bem assim”, uma chata que usa o truque de afirmar e depois, como se fosse estilo, obtemperar.

[...]

É mais ou menos por aí, eu disse para a menina que me perguntou como é essa coisa de escrever.

Para sinalizar o trânsito das ideias, use apenas o ponto e a vírgula, nunca juntos. Faça com que o primeiro chegue logo, e a outra apareça o mínimo possível. Vista Hemingway, só frases curtas. Ouça João Cabral, nada de perfumar a rosa com adjetivos.

[...]

O texto deve correr sem obstáculos, interjeições, dois pontos, reticências e sinais que só confundem o passageiro que quer chegar logo ao ponto final. Cuidado com o “que quer” da frase anterior, pois da plateia um gaiato pode ecoar um “quequerequé” e estará coberto de razão. A propósito, eu disse para a menina, perca a razão quando lhe aparecer um clichê desses pela frente.

Você já se livrou do “mas”, agora vai cuidar do “que” e em breve ficará livre da tentação de sofisticar o texto com uma expressão estrangeira. É out. Escreva em português. Aproveite e diga ao diagramador para colocar o título da matéria na horizontal e não de cabeça para baixo, como está na moda, como se estivesse num jornal japonês.

[...]

De vez em quando, abra um parágrafo para o leitor respirar. Alguns deles têm a mania de pegar o bonde no meio do caminho e, com mais parágrafos abertos, mais possibilidades de ele embarcar na viagem que o texto oferece. Escrever é dar carona. Eu disse isso e outro tanto do mesmo para a menina. Jamais afirmei, jamais expliquei, jamais contei ou usei qualquer outro verbo de carregação da frase que não fosse o dizer. Evitei também qualquer advérbio em seguida, como “enfaticamente”, “seriamente” ou “bem-humoradamente”. Antes do ponto final, eu disse para a menina que tantas regras, e outras a serem ditas num próximo encontro, serviam apenas de lençol. Elas forram o texto, deixam tudo limpo e dão conforto. Escrever é desarrumar a cama.

SANTOS, Joaquim Ferreira dos. Escrever. Veja. jan 2011. (Fragmento). Disponível em https://veja.abril.com.br

Existem formas simbólicas ou elaboradas de exprimir-se ideias, rompendo significados, pensamentos, de maneira a conferir-lhes maior expressividade, emoção, simbolismo, no âmbito da afetividade ou da estética da linguagem.

Nessa perspectiva, há um fragmento que se constitui como um recurso expressivo, denominado metáfora, exemplificado no segmento a seguir:

a) “Escrever é desarrumar a cama.”

b) “Você já se livrou do ‘mas’, agora vai cuidar do ‘que’”

c) “Jamais afirmei, jamais expliquei, jamais contei”

d) “use apenas o ponto e a vírgula, nunca juntos.”

e) “Aproveite e diga ao diagramador para colocar o título da matéria na horizontal”

Resolução

Alternativa A. A metáfora é feita ao dizer-se que o ato de escrever é o próprio ato de desarrumar a cama. Trata-se de uma comparação entre duas ações diferentes.

Publicado por Guilherme Viana
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