Norma culta x variações linguísticas
Você já deve ter observado que existe uma grande diferença entre a língua que falamos em nosso dia a dia e a língua preconizada pela gramática, não é mesmo? Por que será que esse fenômeno acontece? Por que nós, falantes, acabamos inventando um jeito menos formal de nos comunicar? É sobre esse assunto que o Mundo Educação vai falar agora com você: Norma culta x variações linguísticas.
A linguagem verbal certamente é a forma de expressão mais eficaz, aquela que conecta pessoas e permite que elas se entendam. Claro que existem outras formas de comunicação, mas a verdade é que a palavra, especialmente quando falada, tem muita força. Como é uma ferramenta democrática, afinal de contas, estamos o tempo todo interagindo com diferentes interlocutores ao longo do dia, é normal que ela não seja padronizada. Cada indivíduo possui sua idiossincrasia, e são vários os fenômenos sócio-histórico-culturais que incidem no jeito de cada comunidade linguística falar. Estranho mesmo seria se falássemos todos da mesma maneira, como se fôssemos robôs.
Mas e a norma culta, como fica nessa história?
A norma culta é indispensável e tão importante quanto as variações linguísticas. A norma culta rege um idioma, aponta caminhos e deve ser estudada na escola para que assim todos tenham acesso às diferentes formas de pensar a língua. Se, ao falarmos, escolhemos um vocabulário coloquial, menos preocupado com as regras gramaticais, ao escrevermos devemos sim optar pela linguagem padrão, pois, um texto repleto de expressões típicas pode não ser acessível para todos os tipos de leitores. Quando dizemos que a norma culta deve ser priorizada nos textos escritos, estamos nos referindo, sobretudo, aos textos não literários, que cobram maior formalidade de quem escreve.
As variações linguísticas comprovam a organicidade da língua: ela não está encerrada nos dicionários ou gramáticas; está viva, na boca do povo, seus verdadeiros donos. Na língua falada não pode existir certo ou errado, o mais importante é que as pessoas se entendam, que a comunicação seja feita de maneira eficiente. Você já observou que mesmo quem não domina as regras gramaticais é capaz de elaborar enunciados compreensíveis? Mesmo não entendendo da sintaxe da língua, somos capazes de colocar as palavras nos seus devidos lugares, respeitando o princípio da gramaticalidade e da inteligibilidade, elementos fundamentais para que a comunicação aconteça satisfatoriamente.
Somos falantes hábeis, capazes de perceber quando e como empregar cada uma das variedades. Sabemos que há situações em que devemos preferir a variedade padrão, pois será a mais adequada, aquela que estabelecerá uma maior sintonia entre os interlocutores. Sabemos também que há situações em que as variedades não padrão, permeadas por suas gírias e regionalismos, cumprem a contento a missão de comunicar. Não há problema algum em alternar os dois registros, o importante é observar a pertinência de cada um deles, pois um será mais adequado do que o outro, observadas as necessidades da comunicação. A linguagem foi feita para a comunicação, por isso, comunique-se mais e sem medo de errar.