Pronomes Reflexivos e Recíprocos

Os pronomes reflexivos indicam que a ação do sujeito reflete nele mesmo, e os pronomes recíprocos indicam uma ação mútua entre os sujeitos

Tanto os pronomes reflexivos, quanto os recíprocos, são representados pelos pronomes pessoais do caso oblíquo, sendo esses utilizados na função de complemento: quando átonos (me, te, se, o, a, lhe, nos, vos, os, as, lhes) se apresentam sem preposição, e quando tônicos (mim, ti, si, ela, ele, nós, vós, eles, elas), com preposição.

Assim, munidos dessa percepção elementar, sigamos com nossa discussão acerca das circunstâncias linguísticas em que tais pronomes se apresentam ora como reflexivos, ora como recíprocos.

* As formas átonas “me, nos, te, vos e se” podem ser utilizadas no sentido de indicar que a ação praticada pelo sujeito reflete nele mesmo, ou seja, é voltada para ele próprio. Assim, mediante tal ocorrência, afirmamos que os pronomes assumem a condição de pronomes reflexivos. Confirmemos tal afirmação, pois, por meio dos exemplos em questão:

Diante destas ações, tu te condenas cada vez mais.

A garota atirou-se nos braços do pai, quando o viu.

* As formas tônicas “si e consigo” atuam também como reflexivas. Vejamos alguns casos que as representam:

Ele parece ser bastante egoísta, pois quer tudo para si.

Onde quer que esteja, sempre leva consigo lembranças do passado.  

Em se tratando de tais formas é sempre bom estarmos atentos a alguns detalhes, visto que em algumas circunstâncias elas são utilizadas de forma incorreta, contrariando, assim, o padrão formal da linguagem. Observemo-las:

Caro amigo, sempre confiei em si. (situação inadequada) 
No intuito de reformularmos o discurso, obtemos:

Caro amigo, sempre confiei em você.

Ou ainda:

Caro amigo, sempre confiei em ti.

O meu desejo é viajar consigo para o exterior. (situação inadequada)

Reformulando, temos:

O meu desejo é viajar contigo para o exterior.

                  Ou também:

O meu desejo é viajar com você para o exterior.

* Em algumas circunstâncias, os pronomes “nos, vos e se”, quando utilizados, denotam a ocorrência de que houve uma ação trocada entre os elementos do sujeito. Quando isso ocorre dizemos que os pronomes assumiram a condição de pronomes recíprocos. Atenhamo-nos aos casos que seguem:

Pedro e Paulo se acusavam diariamente pelo mau andamento dos negócios na empresa.

Após o ocorrido, eu e ela nos cumprimentamos.

Alguns detalhes se consideram como relevantes, em se tratando desses últimos pronomes, haja vista que, pelo fato de serem idênticos às pessoas do pronome reflexivo e do recíproco, pode ser que haja traços de ambiguidade nos casos do sujeito plural. Assim sendo, temos que nos valer de alguns recursos, de modo a evitar que tal desvio aconteça. Para tanto, temos como base os exemplos abaixo:

Pedro e Beatriz enganaram-se.

Por meio de tal discurso podemos inferir que ambas as pessoas do sujeito cometeram um engano; ou pode ser que Pedro enganou Beatriz e essa a Pedro. Eis os recursos:

* No sentido de marcar a ação reflexiva é recomendável acrescentar-lhes, conforme a pessoa: a mim mesmo, a ti mesmo, a si mesmo, entre outras: 

Pedro e Beatriz enganaram a si mesmos.

* No sentido de demarcar a ação recíproca, torna-se conveniente acrescentar-lhes uma expressão pronominal, representada por “um ao outro, uns aos outros, entre si”:

Pedro e Beatriz enganaram-se um ao outro.
OU
Pedro e Beatriz enganaram-se entre si.

Ou também fazendo uso dos advérbios “reciprocamente ou mutuamente”:

Pedro e Beatriz enganaram-se mutuamente. 

Publicado por Vânia Maria do Nascimento Duarte
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