Guerrilha do Araguaia

A Guerrilha do Araguaia optou pela luta armada como meio de combate à Ditadura Militar.

No Brasil, a chegada dos militares ao poder através do golpe de 1964 inaugurou uma nova fase dos movimentos de esquerda que lutava contra o regime. A constituição dos instrumentos de repressão da nova ordem instituída impeliu a formação de grupos guerrilheiros que viam nas armas a melhor opção para dar fim ao domínio dos militares e, ao mesmo tempo, formar um governo socialista.

Um dos mais conhecidos casos da ação desses grupos aconteceu em 1969, quando uma operação de guerrilha urbana conseguiu seqüestrar o embaixador norte-americano Charles Elbrick. No ano seguinte, aconteceram novas ações de seqüestro que conseguiram capturar outros três diplomatas que seriam trocados pela libertação de alguns presos políticos. Nesse mesmo ano, o Partido Comunista do Brasil mobilizou clandestinamente vários militantes que participaram da chamada Guerrilha do Araguaia.


Essa guerrilha teve grande inspiração nos casos de sucesso acontecidos em outros países do mundo, como China e Cuba, onde os grupos de oposição conseguiram tomar o poder organizando suas forças a partir do meio rural. Dessa maneira, importantes dirigentes do PC do B optaram por organizar pequenos grupos armados onde os nomes falsos e a descentralização das ações poderiam se esquivar dos serviços de informação criados pelo regime militar.

Fixados em regiões do interior do Brasil como Pará, Maranhão e Goiás, os membros da guerrilha se misturavam à população local exercendo atividades que aparentemente os desligassem da militância política. No entanto, as intenções do grupo acabaram sendo surpreendentemente descobertas pelos militares, que começaram a perseguir seus integrantes a partir do ano de 1972. Ao longo de três anos, os membros da guerrilha lutaram e fugiram das armas que legitimavam o poderio militar.

Apesar de não serem suficientemente treinados e não dispor dos mesmos recursos do Exército, os membros da guerrilha ofereceram resistência que exigiu a formação de três campanhas que acabaram com o movimento. Segundo alguns relatos, a perseguição foi árdua e contou com episódios trágicos que marcaram a vida daqueles jovens militantes contrários à opressão ditatorial. As torturas e o enfrentamento direto foram eficazes contra a disposição daquele pequeno grupo instalado na porção central do território.

Em 1975, os guerrilheiros foram completamente reprimidos com a morte de 76 vítimas, sendo a maioria ligada ao PC do B. Mesmo sendo considerado um dos mais importantes confrontos ocorridos entre militares e os membros da oposição, a guerrilha não conseguiu superar as formas de controle promovidas pelo Estado. Depois do ocorrido, os militares não tiveram maiores dificuldades para controlar os inimigos do regime e desarticular os demais movimentos políticos.

Por fim, notamos que o saldo final da guerrilha demonstrou que as especificidades do cenário brasileiro não poderiam ser comportadas pelas demais experiências de guerra acontecida em outros países. A grande extensão do território e as dificuldades em incorporar novos membros para a luta pesaram contra aqueles que acreditavam na possibilidade revolucionária. Talvez por isso, a guerrilha não conseguiu maiores objetivos durante os “anos de chumbo”.

Por Rainer Sousa
Mestre em História

Publicado por Rainer Gonçalves Sousa
Português
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