A perseguição stalinista aos opositores
Uma das características do governo de Josef Stálin à frente da URSS no plano político foi a perseguição a seus opositores. Tal situação se iniciou logo após a morte de Lênin e foi facilitada pelo fato do Partido Comunista ter se tornado o único partido legal na URSS desde os anos finais da Guerra Civil (1918-1921). Assim, quem controlava o partido controlava o poder no país. Em 1924, Stálin se tornou Secretário-geral do partido e iniciou um longo processo de eliminação física de seus oponentes. A dimensão da perseguição stalinista pode ser percebida pelo seguinte fato: dos líderes bolcheviques à época da Revolução de Outubro de 1917 (conhecidos como velhos bolcheviques), os únicos que morreram de morte natural foram Yankel Sverdlov, Lênin e o próprio Stálin. Todos os demais foram assassinados.
O poder de Stálin radicava na ocupação, desde o início da revolução, da direção do Bureau Político Bolchevique, responsável pela organização interna do partido, e, consequentemente, do Estado. Nesse posto ele realizou uma série de alianças com outros membros do partido através da nomeação para cargos importantes, bem como controlou a polícia política (Checa, depois GPU). Com a morte de Lênin, iniciaram-se as disputas internas para o controle do partido. A polarização colocou de um lado Stálin, Kamenev e Zinoviev, formando os três destacados líderes a Troika, e, de outro, a Oposição de Esquerda, organizada em torno de Preobrajenski, aderindo posteriormente Trotsky, Smirnov, Osinski, dentre outros. Este grupo funcionou entre 1923 e 1928.
O grupo de Stálin aos poucos se fortaleceu principalmente depois de ele ter se tornado Secretário-geral. A Troika manteve sua unidade por pouco tempo. Em 1925, a adoção da política do socialismo em um só país levou Zinoviev e Kamenev para o lado da Oposição, com o auxílio de Krupskaia, viúva de Lênin, passando o grupo a se chamar Oposição Unificada. A partir daí os debates internos ao partido foram se acirrando, manifestando-se no plano político-organizativo na luta entre Trotski e Stálin, e no plano econômico, no debate de dois economistas do partido, Preobrajenski e Bukharin, com o primeiro a favor da planificação econômica e o segundo a favor da continuidade da NEP.
Em 1928, a Oposição Unificada foi desmantelada, com os líderes perseguidos, havendo ainda prisões em massa. Zinoviev e seus seguidores passaram novamente para o lado stalinista.
No mesmo ano, Stálin iniciou a execução do Primeiro Plano Quinquenal, o que gerou uma situação curiosa. O plano econômico era baseado nas ideias de Preobrajenski sobre os caminhos necessários para o desenvolvimento da economia soviética, fundamentada na planificação da economia pelo Estado. De opositor a Stálin, Preobrajenski passou a auxiliar o líder soviético na execução de seu plano econômico. A mesma situação ocorreu com vários trotskistas que estavam nas prisões. Após declararem que havia sido um erro se oporem a Stálin, estes trotskistas passaram também a colaborar na execução do I Plano Quinquenal. Esta situação ocorreu pela necessidade que havia de técnicos profissionais para dirigir o processo de industrialização da economia, e estes técnicos estavam nas prisões.
Ao mesmo tempo em que estes técnicos profissionais trabalhavam na execução do I Plano Quinquenal, Stálin incentivava no ensino universitário a formação de novos. Esses jovens técnicos, já instruídos pelo stalinismo, iriam substituir os velhos bolcheviques no comando econômico do II Plano Quinquenal (1933-1938). Como Stálin não necessitava mais dos velhos bolcheviques, iniciou-se o processo de julgamento das antigas lideranças políticas, conhecido como expurgos de Moscou (1936-1938). Nestes expurgos, os acusados eram processados juridicamente e acabavam se declarando traidores da revolução, sendo posteriormente executados através de fuzilamentos.
O único dos velhos bolcheviques que escapou foi Leon Trotsky, que depois de passar por vários países europeus, exilou-se no México. Trotsky tentou reorganizar uma oposição internacional ao regime stalinista em torno da IV Internacional, que existiu unificadamente até sua morte, em 1940. Trotsky foi assassinado no México por um agente da polícia política (GPU) a mando de Stálin.
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