Batalha de Stalingrado
A Batalha de Stalingrado aconteceu na cidade de Stalingrado, localizada na União Soviética, durante a Segunda Guerra Mundial. Trata-se da maior batalha travada durante o conflito. Ao longo de aproximadamente seis meses, a destruição e a quantidade de mortos alcançaram proporções gigantescas.
Antecedentes
A Batalha de Stalingrado foi uma das batalhas travadas durante a Operação Barbarossa, iniciada em junho de 1941. Essa operação foi elaborada pela Alemanha Nazista e tinha como objetivo realizar a conquista da União Soviética. Essa conquista visava a promover a destruição do bolchevismo e iniciar a escravização dos eslavos para que o trabalho deles sustentassem a economia alemã.
As operações militares realizadas pela Alemanha na União Soviética tinham três grandes alvos: Leningrado, Moscou e Stalingrado. A estratégia alemã planejou conquistar a União Soviética de maneira rápida e eficiente, assim como havia sido realizado em outras partes da Europa. No entanto, após algumas semanas de avanços e vitórias militares, o ataque alemão perdeu fôlego.
Em 1942, os alemães permaneciam com o cerco sobre Leningrado, tentavam reaproximar-se de Moscou e voltavam seus olhos para um novo objetivo: a cidade de Stalingrado. Essa cidade soviética localizava-se às margens do Rio Volga e era um importante parque industrial da União Soviética. Além disso, a cidade de Stalingrado era a porta de entrada para uma região rica em minério e petróleo, itens fundamentais para a guerra.
Batalha de Stalingrado
A Batalha de Stalingrado iniciou-se de maneira oficial no dia 17 de julho de 1942. À medida que os alemães aproximavam-se da cidade, um fluxo gigantesco de pessoas procurou atravessar o rio para fugir dos nazistas na direção leste. As forças alemãs que se aproximaram de Stalingrado foram lideradas pelo marechal de campo Friedrich Paulus.
Os primeiros ataques alemães à cidade de Stalingrado foram realizados a partir da Luftwaffe (aviação de guerra), que promoveu bombardeios e espalhou destruição e pânico pela cidade. O historiador Max Hastings afirma que, nas primeiras catorze horas do ataque alemão, estima-se que cerca de 40 mil soviéticos tenham morrido |1|.
O primeiro grande ataque terrestre contra a cidade de Stalingrado iniciou-se somente no dia 13 de setembro, após Hitler estipular um prazo para que Paulus conquistasse a cidade. A conquista de Stalingrado era uma verdadeira obsessão para Hitler, sobretudo pela simbologia de conquistar a cidade que levava o nome do chefe da União Soviética (Stalin).
Se para Hitler Stalingrado deveria ser conquistada a qualquer custo, para Stalin, a cidade deveria ser defendida a todo custo. Para realizar a defesa da cidade, o comissário local Nikita Kruchev nomeou o major-general Vasily Chuikov como responsável pelos exércitos em Stalingrado. Chuikov, questionado por Kruchev sobre sua missão em Stalingrado, respondeu: “defenderemos a cidade ou morreremos tentando”|2|.
Quando o ataque alemão iniciou-se, a situação da cidade de Stalingrado tornou-se desesperadora. As defesas soviéticas estiveram à beira do colapso, e isso se refletiu no moral do exército soviético. O comando soviético, para evitar deserções em massa, decretou que todo aquele que recuasse ou desertasse seria imediatamente executado. Hastings estima que cerca de 13.500 soviéticos tenham sido executados como parte dessa medida |3|.
Apesar da situação crítica, as forças soviéticas sustentaram-se em meio ao caos. O Exército Vermelho carecia de itens básicos, como munição, e a quantidade de mortos era elevada. Para dar continuidade à luta, os reforços e suprimentos eram mandados às pressas, muitas vezes durante o dia, o que os tornava alvos fáceis do ataque dos aviões alemães.
A estratégia montada por Chuikov, de certa forma, foi considerada eficiente, pois ele diminuiu as distâncias entre as linhas alemã e soviética e, por vezes, combates corpo a corpo aconteceram – o que os soldados alemães não gostavam. Além disso, as ruínas espalhadas pela cidade atrapalhavam o avanço dos alemães e permitia aos soviéticos espalhar franco-atiradores pela cidade.
A ação dos franco-atiradores em Stalingrado foi um capítulo à parte dessa batalha. Os historiadores mostram inúmeros relatos de alemães que narraram o efeito desmoralizante nas tropas em razão do medo espalhado pelos franco-atiradores soviéticos. Os principais alvos eram oficiais alemães, mas os franco-atiradores também miravam em soviéticos desertores e em soldados alemães que estivessem distraídos.
O dia a dia da batalha travada em Stalingrado foi definido por aqueles que a enfrentaram como infernal. Os combates em Stalingrado assumiram a condição de combate de rua, e cada quarteirão era disputado de maneira intensa. Essa condição da batalha, em partes, prejudicou os alemães, pois não permitia grandes movimentações militares.
Derrota dos alemães
Apesar de os alemães quase terem conquistado Stalingrado, a resistência soviética e a chegada do inverno fizeram com que o ataque alemão perdesse o fôlego. Por causa das grandes perdas enfrentadas pelos alemães, eles evitaram a realização de grandes ofensivas, e os soviéticos elaboraram ataques de contraofensiva.
O grande destaque foi a Operação Urano, realizada em novembro de 1942, que foi responsável pela quebra do cerco alemão sobre Stalingrado e, além disso, fez com que as forças soviéticas cercassem as tropas alemães de Paulus. As tropas de Paulus deveriam ter recuado, no entanto, Hitler não permitiu que os alemães recuassem.
Assim, uma tropa composta por milhares de soldados foi condenada e resistiu até a rendição final no dia 17 de fevereiro de 1943. Ao todo, cerca de 91 mil soldados renderam-se – eram cerca de 200 mil quando foram cercados após Urano. Outro grande batalhão alemão na região era liderado por Erich von Manstein, que, para evitar sua destruição, recuou.
A Batalha de Stalingrado é vista pelos historiadores como o ponto de virada da Segunda Guerra. A resistência épica dos soviéticos que sustentou a cidade foi responsável por perdas consideráveis para os alemães, seja em material bélico, seja em vidas humanas. A partir desse ponto, a União Soviética iniciou um percurso que empurrou os alemães de volta para a Alemanha. O saldo em vidas humanas dessa batalha foi de aproximadamente dois milhões de mortos.
|1| HASTINGS, Max. Inferno: o mundo em guerra 1939-1945. Rio de Janeiro: Intrínseca, 2012, p. 327.
|2| BEEVOR, Antony. A Segunda Guerra Mundial. Rio de Janeiro: Record, 2015, p. 404.
|3| HASTINGS, Max. Inferno: o mundo em guerra 1939-1945. Rio de Janeiro: Intrínseca, 2012, p. 329.