Guerra de Secessão

A Guerra de Secessão, ou Guerra Civil Americana, aconteceu nos Estados Unidos entre o Norte e o Sul do país e resultou no fim da escravidão em todo território americano.
Canhão “dictator” (ditador), utilizado pelas tropas da União durante o Cerco a Petersburg, entre 1964 e 1865

A Guerra de Secessão, ou Guerra Civil Americana, foi um conflito que aconteceu entre Norte e Sul dos Estados Unidos entre 1861 e 1865. O conflito iniciou-se quando os estados do Sul criaram um movimento separatista e declararam sua independência do país, o que foi motivado pela divergência existente a respeito da abolição da escravidão. Essa guerra foi a pior da história americana, com saldo de cerca de 600 mil mortos.

Antecedentes do conflito

Durante a década de 1850, os Estados Unidos possuíam uma clara divisão entre os estados do Sul e do Norte com relação a suas características distintas, assim como interesses econômicos e políticos divergentes. É importante considerar que havia ainda similaridades entre os dois lados, mas, naquele momento, as diferenças existentes pesavam mais do que as semelhanças|1|.

O Norte dos Estados Unidos era caracterizado pelo seu desenvolvimento manufatureiro, com a existência de pequenas propriedades agrícolas, nas quais havia predominância do trabalho livre assalariado. O Sul, por outro lado, caracterizava-se pelo sistema de plantation, ou seja, a grande propriedade com a monocultora baseada no trabalho escravo africano.

A divergência existente entre os dois lados, nesse momento, envolvia a questão da expansão do trabalho escravo para regiões que estavam sendo conquistadas pelos Estados Unidos (ver Marcha para o Oeste). O Norte defendia que nos novos territórios deveria ser decretada a proibição do uso da escravidão, enquanto que o Sul defendia a extensão da escravidão para os novos territórios.

Essa disputa acabou intensificando-se com a ocupação de Nebraska e Kansas e levou à formação de milícias em determinados locais do Kansas, onde os dois lados realizaram pequenos enfrentamentos. Essa divergência passou a concentrar todo o debate das eleições para presidente de 1860, com os estados do Sul como opositores fervorosos do candidato republicano, Abraham Lincoln.

Eleições presidenciais e o início da guerra civil

Bandeira que foi adotada pelos Estados Confederados da América durante a Guerra de Secessão

O debate presidencial durante as eleições de 1860 foi controlado pelo tema da escravidão nos Estados Unidos. O candidato Abraham Lincoln tinha forte rejeição nos estados sulistas por defender a dignidade do homem a partir do trabalho livre. A vitória de Lincoln, portanto, acabou gerando grande insatisfação nos estados escravocratas (sulistas).

O presidente Abraham Lincoln, contudo, mantinha uma postura ambígua em relação à questão que envolvia a escravidão, pois, ao mesmo tempo que defendia o trabalho livre, afirmava que a escravidão seria mantida somente no Sul. Além disso, Lincoln advogava ideais que afirmavam a “superioridade natural” do homem branco.

Essa postura de Lincoln desagradava aos dois lados, pois os nortistas consideravam-no conservador demais em suas posições, e os sulistas consideravam-no um abolicionista radical. A insatisfação do sul com as posições de Lincoln motivou essa região a organizar uma rebelião e a declarar a sua independência com a criação dos Estados Confederados da América.

A guerra, então, foi iniciada pela insatisfação sulista com a eleição de Lincoln e pelo movimento separatista iniciado por seus opositores. A resposta de Lincoln veio à altura, principalmente porque já havia afirmado que não aceitaria nenhum tipo de separatismo de qualquer estado americano. A secessão, como ficou conhecida a guerra, começou a partir da separação do estado da Carolina do Sul.

O movimento separatista logo contou com a adesão de outros estados sulistas: Alabama, Flórida, Mississipi, Geórgia, Texas, Luisiana, Virgínia, Arkansas, Carolina do Norte e Tennessee. O primeiro ataque organizado pelos confederados aconteceu no dia 12 de abril de 1861, contra um forte da União, em Fort Sumter. A derrota para os confederados nesse ataque fez Lincoln enviar mais de 80 mil soldados para reprimir a rebelião sulista.

Ainda assim, a União possuía a vantagem no conflito, devido ao seu maior contingente de soldados, além de possuir uma economia mais dinâmica e forte do que a economia sulista. Essas vantagens foram vitais para os nortistas na guerra. Já os sulistas possuíam renomados generais de guerra, como Robert E. Lee, responsável por vitórias estratégicas para o Sul.

As batalhas que aconteceram ao longo da Secessão foram marcadas por grande violência e pelos altos níveis de mortalidade. Nessa guerra, consolidou-se uma característica que foi a marca das guerras do final do século XIX até a Primeira Guerra Mundial, no começo do século XX: a guerra de trincheiras. Destacaram-se ainda algumas batalhas, como as ocorridas em Gettysburg e Petersburg, por causa da grande quantidade de mortos.

Derrota dos confederados

A longo dos anos do conflito, os sulistas foram sendo derrotados como consequência da falta de apoio estrangeiro e de um embargo marítimo imposto pelos nortistas, que impediu a entrada de mercadorias no Sul. Com a sua economia em frangalhos, os exércitos sulistas foram sujeitos a péssimas condições, o que contribuiu para o aumento no número de desertores.

A Lei do Confisco, que reavia territórios sulistas à medida que eram ocupados por nortistas, incentivou a fuga de escravos desejosos por liberdade e intensificou a crise da economia do Sul. Ao longo da guerra, os nortistas passaram a lutar para garantir a emancipação dos escravos, uma vez que Lincoln percebeu que isso poderia aumentar seu prestígio internacionalmente.

Assim, foi decretada pelo presidente americano uma lei que garantiu a emancipação, ou seja, a liberdade para todos os escravos nos Estados Unidos. Essa lei posteriormente foi adicionada na Constituição do país a partir de uma emenda. A derrota sulista foi consolidada em junho de 1865 e, com isso, a abolição da escravidão foi estendida a todos os estados do Sul dos Estados Unidos.

|1| FERNANDES, Luiz Estevam e MORAIS, Marcus Vinícius de. Os EUA no século XIX. In.: KARNAL, Leandro (org.). História dos Estados Unidos: das origens ao século XXI. São Paulo: Contexto, 2008, p.129.

Publicado por Daniel Neves Silva
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