Martinho Lutero

Martinho Lutero foi um monge alemão do século XVI que desencadeou a Reforma Protestante na Europa.
Martinho Lutero foi o precursor da Reforma Protestante

Martinho Lutero, nascido em Eisleben, Alemanha, em 1483, foi um monge católico alemão pertencente à ordem dos agostinianos. A partir de 1515, Lutero começou a contestar sistematicamente algumas das principais concepções da Igreja Católica. Tais contestações chegaram ao ápice em 1517, quando o monge afixou 95 teses nas paredes da igreja do Castelo de Wittenberg. O conteúdo dessas teses dizia respeito ao tema das indulgências. Esse gesto de Lutero, que deu início à Reforma Protestante, mudou a história religiosa e política da Europa.

Começo da vida religiosa

Lutero ingressou no convento dos agostinianos, em Erfurt, em 1505, aos 22 dois anos. Foi aí que o jovem de Eisleben dedicou-se intensamente aos estudos teológicos e filosóficos e também à meditação e à oração. Mais que um atendimento à vocação religiosa, Lutero também buscava solução para suas inquietações pessoais. Entretanto, sua formação teve de ser completada no centro do poder político da Igreja: Roma.

Lutero foi para Roma em 1510. Lá entrou em contato com uma Igreja contaminada pelo legado da família Borgia, isto é, permeada pela corrupção e pelos negócios inescrupulosos com a nobreza e os reis. Um dos Borgia havia sido papa, Rodrigo Borgia, sob o título de Papa Alexandre VI, estabelecendo conexões profundas entre as autoridades civis e a Igreja.

Um dos problemas que estavam na raiz da corrupção de parte do clero era a questão da venda de indulgência, que foi o principal alvo de Lutero.

Críticas às indulgências

Bom, o ponto principal da crítica de Lutero é a questão das indulgências. Mas o que é indulgência? O catecismo da Igreja Católica define indulgência como “a remissão, perante Deus, da pena temporal devida aos pecados cuja culpa já foi apagada; remissão que o fiel devidamente disposto obtém em certas e determinadas condições pela ação da Igreja que, enquanto dispensadora da redenção, distribui e aplica, por sua autoridade, o tesouro das satisfações de Cristo e dos Santos” (Catecismo da Igreja Católica, n. 1471).

A indulgência, como se vê, é um recurso oferecido pela Igreja ao fiel que praticou algum pecado passível de absolvição ou remissão aqui na Terra. Em troca da absolvição da Igreja, o fiel deve fazer obras e penitências, como o jejum.

Ocorre que na transição da Idade Média para a Idade Moderna, tornou-se frequente o uso das indulgências como “moeda de troca” entre nobres e o clero. Muitos nobres, para estabelecer boas relações com o poder da Igreja, cediam terras ou promoviam obras diversas para Roma e, em troca, recebiam as indulgências.

Em 1517, Lutero, já residindo em Wittenberg, deu início a uma série de discussões com autoridades teológicas da Igreja após afixar nas paredes da igreja do Castelo dessa mesma cidade 95 teses. Todas abordavam direta ou indiretamente o tema das indulgências. Nos anos seguintes, Lutero passou a debater não apenas a questão das indulgências, mas também outros temas teológicos. O Papa Leão X propôs ao monge alemão que se retratasse para não ser excomungado, mas Lutero não voltou atrás e, em 1521, sua excomunhão foi declarada.

Exílio no Castelo de Wartburg e trabalhos intelectuais

As divergências com a Igreja e a excomunhão geraram grande repercussão na Alemanha. Lutero, no entanto, recebeu um salvo-conduto do imperador Carlos V para que pudesse retornar em paz e seguro para Wittenberg, já que muitos queriam prendê-lo ou matá-lo. No caminho de volta, ele sofreu um sequestro. Cinco homens encapuzados conduziram-no ao Castelo de Wartburg, pertencente a Frederico III, o sábio, protetor de Lutero desde 1511 e fundador da Universidade de Wittenberg. O sequestro teve como objetivo preservar Lutero de eventuais ataques.

Lutero permaneceu nesse castelo até 1522, onde desenvolveu uma série de trabalhos intelectuais, incluindo a tradução da bíblia do latim para o alemão.

O caso dos anabatistas

Em 1524, estourou nos domínios dos principados alemães as revoltas camponesas, influenciadas pela seita herética dos anabatistas. Os anabatistas, que recebiam esse nome por se recusarem a se batizar, liderados por Thomas Muntzer, tinham certa afinidade com as teses luteranas, mas defendiam a radicalização política e a revolta contra a alta nobreza (para mais informações sobre as reivindicações dos anabatistas, acesse aqui). Essa postura dos anabatistas desencadeou uma série de batalhas nos principados alemães. Lutero, na ocasião, posicionou-se contra os revoltosos e a favor dos príncipes.

Morte de Martinho Lutero

Lutero faleceu na mesma cidade em que nasceu, Eisleben, em 18 de novembro de 1546. A causa mais provável de sua morte é apoplexia, ainda que alguns de seus biógrafos levantem a hipótese do suicídio.

Publicado por Cláudio Fernandes

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