Santa Rita Durão

Frei José de Santa Rita Durão é um poeta brasileiro. A única obra literária do autor é o poema épico Caramuru, que está vinculado ao arcadismo brasileiro.
Selo em homenagem ao frei de Santa Rita Durão, um dos principais representantes do arcadismo.

Santa Rita Durão é um poeta mineiro. Ele nasceu em um arraial próximo à cidade de Mariana, no dia 15 de fevereiro de 1722. Com nove anos de idade, foi enviado a Portugal, onde, mais tarde, se tornou membro da Ordem de Santo Agostinho, onde assumiu o nome de José de Santa Rita Durão, uma vez que seu nome de batismo era José Luís de Morais.

A única obra literária do escritor é Caramuru. Esse livro é um poema épico, composto por versos decassílabos. Ele conta a história de amor entre o português Diogo Álvares e a indígena brasileira Paraguaçu. Pertence ao Arcadismo, mas apresenta elementos pré-românticos. O autor morreu em 24 de janeiro de 1784, em Lisboa.

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Resumo sobre Santa Rita Durão

  • O poeta brasileiro José de Santa Rita Durão nasceu em 1722 e morreu em 1784.

  • Ele foi escritor, frei agostiniano, doutor em Teologia e professor universitário.

  • Sua obra Caramuru está vinculada ao arcadismo brasileiro.

  • Esse poema épico apresenta rigor formal, idealização amorosa e nacionalismo.

  • O nacionalismo e o indianismo de Caramuru o aproximam também do romantismo.

Biografia de Santa Rita Durão

Santa Rita Durão é o nome artístico e religioso de José Luís de Morais, nascido em 15 de fevereiro de 1722, próximo à cidade mineira de Mariana. Era filho de um português e de uma brasileira. Assim, o pai enviou o filho para Portugal, onde o pequeno José deveria completar seus estudos.

Ele tinha nove anos quando se despediu do Brasil, país ao qual não mais retornaria. Quando ingressou na Ordem de Santo Agostinho, por volta de 1738, escolheu o nome de José de Santa Rita Durão, já que era devoto de Santa Rita. Estudante de Filosofia e Teologia, obteve o título de doutor em Teologia no ano de 1756, pela Universidade de Coimbra.

No ano seguinte, participou de uma assembleia patrocinada pela Ordem de Santo Agostinho. Mas o escritor também tinha interesses políticos e, por isso, apoiava o conde de Oeiras, o futuro marquês de Pombal (1699-1782), que combatia a Companhia de Jesus. Assim, Durão escreveu o texto Pastoral, que criticava os jesuítas.

O sonho do autor era ser professor da Universidade de Coimbra. Esperava obter apoio político necessário para ser indicado ao cargo pretendido. Porém, foi ignorado pelos pombalinos. Arrependido de ter atacado os jesuítas, Durão se tornou inimigo do Estado e precisou fugir do país.

Conseguiu abrigo na Espanha, em um convento agostiniano na Ciudad Rodrigo, no ano de 1761. Com a guerra entre Portugal e Espanha, fugiu, em 1763, para a França, onde foi preso, possivelmente por acusação de espionagem. Quatro meses depois, foi liberado e seguiu para Roma, onde trabalhou na Biblioteca Lancisiana. A partir de 1773, quando perdeu o emprego na biblioteca, enfrentou problemas financeiros.

Só pôde retornar a Portugal em 1777, com o fim do governo pombalino. No ano seguinte, em 1778, seu sonho se realizou, ele foi nomeado professor da Universidade de Coimbra, sendo sua aula inaugural a leitura da obra Pro annua studiorum instauratione oratio (em português, “Oração para o estabelecimento anual de estudos”). Por fim, publicou Caramuru, em 1781, sendo esta sua única obra literária. O autor morreu em 24 de janeiro de 1784, em Lisboa.

Qual a importância de Santa Rita Durão para o arcadismo?

A principal obra de Santa Rita Durão — Caramuru — é um dos poucos poemas épicos produzidos por escritores brasileiros. Além disso, essa obra aparece em um período de transição entre o arcadismo e o romantismo, de modo a apresentar elementos nacionalistas. Desse modo, sua obra Caramuru é um importante exemplar da poesia épica do arcadismo brasileiro.

Características da obra de Santa Rita Durão

Santa Rita Durão é um autor filiado ao arcadismo brasileiro. As obras desse estilo possuem as seguintes características:

  • referências greco-latinas;

  • elementos do gênero épico;

  • bucolismo;

  • idealização amorosa;

  • idealização da mulher;

  • metrificação;

  • antropocentrismo;

  • antissentimentalismo.

A principal obra do autor — Caramuru — também apresenta estes elementos pré-românticos:

  • nacionalismo;

  • indianismo.

Veja também: Tomás Antônio Gonzaga — outro grande nome do arcadismo brasileiro

Principais obras de Santa Rita Durão

  • Pastoral (1759).

  • Pro annua studiorum instauratione oratio (1778 — em português, “Oração para o estabelecimento anual de estudos”).

  • Caramuru (1781).

Análise da obra Caramuru, de Santa Rita Durão

Primeira edição do livro Caramuru, de Santa Rita Durão. [1]

A obra Caramuru é um poema épico composto em versos decassílabos e tem como tema principal o descobrimento da Bahia. Portanto, possui caráter histórico, e seu protagonista é o português Diogo Álvares Correia (1475-1557). Esse personagem real sofre um naufrágio, por volta de 1509, mas consegue alcançar a costa baiana.

Ali, o protagonista faz contato com os tupinambás, indígenas praticantes da antropofagia. A princípio, será devorado pelos indígenas. Mas quando a tribo é invadida por um povo inimigo, o herói, usando armadura e capacete, defende a tribo com uma arma de fogo. Isso tudo é novidade para os nativos, que passam a acreditar que ele é emissário do deus Tupã.

Então os tupinambás passam a chamar Diogo de Caramuru, o que, na obra de Durão, é traduzido como “filho do trovão”, “filho do fogo” e também “dragão do mar”. Para completar o ideal árcade, o herói vive uma história de amor com Paraguaçu, a filha do cacique. No entanto, ela é prometida do chefe Gupeva.

Mais tarde, Diogo, junto a Paraguaçu, embarca em um navio francês. Na França, a indígena é batizada e recebe o nome de Catarina, em homenagem à rainha. Mas voltam ao Brasil, onde se inicia a catequização dos indígenas:

A ver na estranha nau, que Gente aporte,
Desde o interior Sertão turba recresce,
E bem que diferente em traje, e porte,
Catarina dos seus se reconhece:
Entre aplausos recebe a Nação forte
O grão-Caramuru, como merece,
Mostrando pelo amor, e reverência
No antigo afeto a nova obediência.|1|

Notas

|1| SANTA RITA DURÃO. Caramuru. Disponível em: https://www.literaturabrasileira.ufsc.br/documentos/?action=download&id=130352#I.

Crédito de imagem

[1] Biblioteca Nacional (reprodução)

Fontes

ABAURRE, Maria Luiza M.; PONTARA, Marcela. Literatura brasileira: tempos, leitores e leituras. 3. ed. São Paulo: Editora Moderna, 2015.

MAGALHÃES, Pablo Antonio Iglesias. Um códice perdido de José de Santa Rita Durão: a tradução portuguesa do Ensaio sobre a poesia épica, de Voltaire (Lisboa, 1783). Varia Historia, v. 37, n. 75, set./ dez. 2021.

RIBEIRO, Elzimar Fernanda Nunes. Deus e o diabo na terra do sol: Caramuru como representação épica da colonização. 2007. 205 f. Tese (Doutorado em Literatura e Práticas Sociais) – Instituto de Letras, Universidade de Brasília, Brasília, 2007.

SANTA RITA DURÃO. Caramuru. Disponível em: https://www.literaturabrasileira.ufsc.br/documentos/?action=download&id=130352#I.      

Publicado por Warley Souza
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