Oceano de plástico: a triste realidade
Garrafas PET, papel filme, sacolas, copos e embalagens de plástico são utensílios que propiciam praticidade e conforto no dia a dia, em todo o mundo, já que são duráveis e resistentes à degradação. Entretanto, se analisarmos o custo ambiental destas vantagens, perceberemos que vale a pena repensar nossos hábitos.
Há mais de vinte anos, um grupo de pesquisadores analisa o comportamento de duas imensas ilhas de plástico, uma formada no Oceano Pacífico e outra, no Atlântico Norte. Além da constatação de que estas estão se unindo, mais triste ainda é saber que o problema de plásticos é comum em todo o mar.
Segundo o PNUMA, Programa Ambiental das Nações Unidas, 90% de todos os detritos dos oceanos são compostos por plástico. Além disso, existem 46.000 fragmentos de plástico em cada 2,5 quilômetros quadrados da superfície destes ambientes, sendo a maioria oriunda de terra firme, e 27% constituídos de sacolas de supermercado. Para acrescentar, estudos comprovam que para cada quilo de algas marinhas e plâncton encontrado nos oceanos, há pelo menos seis quilos de plástico. Considerando estes organismos como os principais responsáveis pela oxigenação do planeta e alimentação de cadeias alimentares, não é nada otimista perceber os problemas que o plástico tem causado.
A vida animal também é bastante afetada, não sendo difícil encontrar relatos de animais mortos por asfixia ou lesões internas provocadas pela ingestão destes e outros polímeros. Segundo o PNUMA, este material é responsável pela morte de mais de um milhão de aves marinhas todos os anos. Sabendo que muitos animais marinhos fazem parte da alimentação humana, vale a pena saber que estamos ingerindo quantidades significativas de toxinas. Aliás, você sabia que muitos mariscos usam fragmentos de plástico para construírem suas moradias?
E agora?
O projeto Recycled Island, desenvolvido pelo escritório Whim Achitecture, propõe utilizar este lixo para criar uma ilha sustentável, e que abrigaria pessoas que, em razão das mudanças climáticas, perderam suas casas. Entretanto, além de ser um plano muito ousado, sem se saber, de fato, sua real viabilidade, este plano não resolveria o principal problema, que é a eliminação das pequenas e microscópicas partículas de plástico oceânicas.
Uma forma de pelo menos não piorar o que já está ocorrendo é repensar nossos hábitos de consumo, planejando nossas compras e evitando o uso de produtos descartáveis.
Por Mariana Araguaia
Graduada em Biologia