Varíola
Diversas doenças caracterizam-se por sua dificuldade de cura e por provocarem a morte de centenas de pessoas através da história da humanidade. A varíola, por exemplo, é uma doença viral conhecida desde a antiguidade que causou um grande rastro de mortes em todo o mundo, sendo responsável, inclusive, por dizimar um grande número de tribos ameríndias.
A varíola é causada pelo Orthopoxvírus variolae, um dos maiores vírus existentes e também um dos mais resistentes, podendo permanecer viável por vários meses no meio ambiente. Ele apresenta o DNA como material genético e pertence à família Poxviridae. Sua transmissão ocorre de pessoa para pessoa por intermédio, principalmente, da inalação de gotículas com o vírus.
Após um período de incubação de cerca de uma a duas semanas, iniciam-se os sintomas da varíola. Inicialmente o vírus provoca febre muito alta, dores no corpo e na cabeça e mal-estar, sintomas relativamente inespecíficos. Após alguns dias, a febre diminui e começam a surgir pequenas manchas avermelhadas, que evoluem para bolhas de pus que causam muita coceira e dor. Ao coçar as bolhas, o paciente pode provocar sérias complicações, sendo a mais grave a perda de visão, que ocorre após o indivíduo levar as mãos contaminadas aos olhos. As bolhas vão desaparecendo à medida que a doença evolui e são formadas crostas, que, após algum período, soltam-se, podendo deixar cicatrizes. Em casos mais graves da varíola, o paciente pode apresentar hemorragias na pele e mucosas.
Normalmente a varíola é classificada em duas formas clínicas: a minor e a major. A primeira, que também é chamada de alastrim, é uma forma branda da doença, com taxas de mortalidade em torno de 1%. A forma major, por sua vez, é mais grave e apresenta taxas de mortalidade de 30%.
A varíola é uma doença extremamente grave e sem tratamento específico. Sua cura está diretamente relacionada com a forma clínica adquirida. O tratamento baseia-se apenas em administrar medicamentos que garantam o alívio da coceira e da dor. Em razão da falta de tratamento, era comum a prática de isolar o paciente, que, muitas vezes, morria sozinho.
A doença é considerada atualmente erradicada, e isso foi possível somente após o surgimento de uma vacina específica e um amplo plano de vacinação criado pela Organização Mundial de Saúde (OMS). O último caso dessa doença no mundo foi registrado em 1978, mas, no Brasil, a erradicação já havia acontecido em 1972. A erradicação mundial foi reconhecida oficialmente pela OMS em 1980.
Apesar de não existirem mais casos da doença, teme-se que o vírus possa ser usado por terroristas na fabricação de armas biológicas. Por ser uma doença sem cura, o resultado de um ato como esse poderia ser catastrófico. Acredita-se que apenas os EUA e a Rússia possuam amostras dos vírus, que são mantidos vivos para estudo.
Sugestão de leitura:
Leia também o texto Revolta da Vacina, que explica a reação da população brasileira após ser declarada a obrigatoriedade da vacinação contra a varíola.