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Anaxágoras

Para Anaxágoras de Clazômenas, filósofo pré-socrático pluralista, o mundo foi originado a partir de sementes que se agregaram.
Para Anaxágoras, as sementes seriam a origem de todo o Universo.
Para Anaxágoras, as sementes seriam a origem de todo o Universo.

Anaxágoras de Clazômenas foi um filósofo pré-socrático. A inscrição de seu pensamento está demarcada na Escola Pluralista, pois os filósofos que a compunham não tentaram encontrar a origem do Universo em apenas um, mas em vários elementos. Segundo o filósofo, as homeomerias eram pequenas sementes que se agregavam, formando tudo o que existe.

Leia também: 10 coisas sobre a origem da Filosofia

Vida

Não se sabe muito sobre a vida do filósofo pré-socrático Anaxágoras. Como a distância histórica que nos separa da época em que o pensador grego viveu é grande, muitos documentos sobre a sua vida e contendo a sua obra foram destruídos, restando apenas fragmentos de outros filósofos e historiadores gregos que relatam passagens de sua biografia.

O filósofo nasceu na cidade de Clazômenas, na antiga região da Jônia (hoje território turco), que foi o berço da filosofia ocidental, originada com base no pensamento de Tales de Mileto. Já adulto, Anaxágoras passou a residir em Atenas, conhecendo figuras como o filósofo Sócrates e o estadista Péricles.

Especula-se que Anaxágoras, um dos mentores de Sócrates, teria levado a filosofia jônica para Atenas, fato que modificou a história da filosofia antiga por meio da revolução socrática no pensamento. Mesmo não sendo cidadão ateniense, fator que o impedia de participar das assembleias democráticas, Anaxágoras circulou pelos círculos políticos por meio da proximidade com Péricles.

A defesa da Filosofia no ambiente ateniense levou Anaxágoras a ser processado, julgado e condenado por traição aos deuses, ao procurar origens para o mundo que não as estabelecidas pela religião grega. Segundo Thomas Kunh, “historicamente começou com Anaxágoras o processo que Atenas moveu contra a Filosofia e que concluirá, mais tarde, com a condenação à morte de Sócrates”.|1|

Anaxágoras fugiu de Atenas após a condenação, rumando para a cidade jônica de Lâmpsaco. Especula-se que um dos motivos de sua condenação foi a explicação sobre os eclipses, que contrariava a explicação baseada na vontade do deus grego Apolo, o qual, na mitologia, carregava consigo o Sol.

Veja também: Fatores para o surgimento da filosofia grega

Obras

O historiador grego Simplício (século I d.C.) foi o responsável por reunir e conservar muitos fragmentos da obra em prosa escrita por Anaxágoras cinco séculos antes. Os fragmentos dão conta de mostrar que Anaxágoras escreveu um texto sobre a organização natural do mundo, em que falava sobre a origem do Universo e o modo como esse se comporta. Fragmentos extraídos do livro de Anaxágoras também aparecem em escritos de Platão e Aristóteles.

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Arché

O objetivo dos filósofos pré-socráticos era encontrar a origem do Universo. Cada um apresentou um possível elemento que teria, de maneira causal, dado origem a tudo. No entanto, Heráclito e Parmênides abalaram as estruturas racionais desses pensadores ao entrarem numa querela sobre a mudança e a permanência das coisas.

Enquanto Heráclito afirmava a mudança contínua, Parmênides defendeu que as coisas eram sempre as mesmas, desde sempre, mudando apenas as aparências. Esse embate fez com que os filósofos posteriores percebessem que, mesmo defendendo uma origem essencial para tudo, era necessário entender também como essa essência originaria a mudança. Assim sendo, os pluralistas apresentaram teorias baseadas não em uma, mas em várias essências originais.

Para Anaxágoras, a origem de tudo estaria em microscópicas sementes que sempre existiram. Essas sementes aglomeravam-se, dando forma e origem aos seres e objetos. Então, os objetos eram compostos de várias sementes, que se aglomeravam sob domínio de uma inteligência governadora, ao que ele chamou de noûs, responsável também por separar os opostos, não deixando que eles se aglomerassem. Desse modo, não havia em um mesmo ser ou objeto o quente e o frio, o seco e o úmido, o uno e o múltiplo etc.

Saiba também: Anaximandro e Anaxímenes

Anaxágoras e Demócrito

Demócrito e Leucipo, também filósofos pré-socráticos e pluralistas, desenvolveram uma teoria sobre o surgimento do Universo, em partes, inspirada na teoria de Anaxágoras. A teoria dos átomos concebia a origem de tudo como o resultado da agregação de elementos semelhantes, microscópicos, indivisíveis e infinitos, os átomos, que se juntavam justamente por sua semelhança. Os atomistas, no entanto, não defendiam que havia uma inteligência que governava tudo, enquanto Anaxágoras acreditava que elementos diferentes poderiam juntar-se, desde que não fossem opostos.

Georg Wilhelm Friedrich Hegel, filósofo alemão do século XVIII, analisa a semelhança entre o pensamento de Anaxágoras e a teoria de Demócrito:

A representação de Demócrito é semelhante à de Anaxágoras, na medida em que um infinitamente múltiplo é a origem; mas nele a determinação dos princípios fundamentais aparece de maneira tal que contém aquilo que para o que foi formado não é, absolutamente, o aspecto simples para si. Por exemplo, partículas de carne e de ouro seriam princípios — átomos perfeitamente individualizados, que, através de sua concentração, formam aquilo que aparece como figura.|2|

Frases

  • “Todas as coisas estavam juntas, infinitas ao mesmo tempo em número e em pequenez, porque o pequeno era também infinito.”

  • “Em cada coisa existe uma porção de cada coisa.”

  • “Nenhuma delas [as coisas existentes] podia ser distinguida por causa de sua pequenez.”

  • “Em todas as coisas há uma porção do noûs e há ainda certas coisas nas quais o noûs está também.”


|1| KUHNEN, R. F. Em tudo uma porção de tudo. In: SOUZA, J. C. (org.). Pré Socráticos. São Paulo: Nova Cultural, 1996, p. 38.

|2| HEGEL, G. W. F. Crítica Moderna. In: SOUZA, J. C. (org.). Pré Socráticos. São Paulo: Nova Cultural, 1996, p. 260.

Publicado por Francisco Porfírio

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