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Aristóteles

Aristóteles classificou e sistematizou o pensamento filosófico alcançado até então, iniciando o período sistemático da Filosofia Antiga.
Aristóteles, à esquerda, conversando com seu pupilo, Alexandre, imperador da Macedônia.
Aristóteles, à esquerda, conversando com seu pupilo, Alexandre, imperador da Macedônia.

Aristóteles operou significativas mudanças na Filosofia Antiga, produzida na região da Grécia. Tal produção filosófica já havia passado pelos períodos cosmológico (pré-socrático) e antropológico (socrático) e iniciava, então, o seu período sistemático.

Os estudos aristotélicos influenciaram pensadores medievais da Escolástica, principalmente Alberto Magno e Tomás de Aquino. Também foram influenciados por ele filósofos empiristas da Modernidade, que retomaram a ideia de que o conhecimento também é obtido por meio da prática, operando uma radical e mais completa elaboração da tese do conhecimento como fruto dos sentidos corpóreos e das experiências práticas. Aristóteles também estudou Lógica, Metafísica, Política, Ética, Ciências Naturais (tendo escrito tratados sobre Biologia e Física), Retórica e Estética.

Resumo sobre Aristóteles

  • Nasceu em Estagira, na Macedônia.

  • Interessou-se por Ciências da Natureza.

  • Foi discípulo de Platão, aluno e professor da Academia.

  • Foi professor do imperador Alexandre, o Grande.

  • Fundou a sua escola filosófica em Atenas, o Liceu.

  • Sistematizou e separou o conhecimento filosófico da Antiguidade.

  • Escreveu sobre diversos assuntos, como Ética, Política, Ciência, Metafísica e Lógica.

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Quem foi Aristóteles?

Aristóteles nasceu na cidade de Estagira, na Macedônia, em 384 a.C. Foi um dos três grandes filósofos da Grécia Antiga, tendo convivido e estudado com Platão. Sabe-se que, em sua juventude, teve uma sólida formação em ciências, o que influenciou bastante a sua produção filosófica. Ainda jovem, o filósofo foi para Atenas, onde conheceu o seu mestre Platão e foi estudar na Academia — centro de estudos e discussões sobre Filosofia e Política fundado pelo professor de Aristóteles nos arredores de Atenas.

Após anos de estudos na Academia, Aristóteles passou a lecionar na instituição, aprofundando-se em seus estudos sobre temas da Filosofia Platônica (de forte inspiração socrática) — que iam de conhecimentos de Ética e Política até questões como o conhecimento da verdade e a formação das ideias. Na medida em que estudava tais temas, Aristóteles formulava as suas próprias teorias, o que o levou a um afastamento intelectual das ideias platônicas e marcou uma cisão muito grande dele com o seu mestre, representada na valorização do conhecimento empírico.

Contam as suas biografias que, na ocasião da morte de Platão, Aristóteles (que já lecionava há muito tempo na Academia) esperava um cargo de gestão na instituição de ensino. Ao não receber esse cargo, o pensador desligou-se da Academia e partiu de Atenas para a cidade de Artaneus, na Ásia Menor, tornando-se consultor e conselheiro político entre os anos de 347 e 343 a.C.

Nesse último ano, ele resolveu retornar à Macedônia e, na ocasião, tornar-se preceptor de Alexandre, herdeiro do império macedônico. Em 335 a.C., na ocasião da posse de Alexandre como imperador devido à morte de seu pai, Aristóteles seguiu de volta para Atenas e fundou, em um local próximo à cidade, o seu Liceu — um centro de estudos de filosofia e esportes para os jovens atenienses.

Leia também: Aristóteles: felicidade como fim das ações humanas

Principais ideias de Aristóteles

Sistematização

Antes de Aristóteles, os estudos de Filosofia compreendiam uma mistura de Astronomia, Física, Matemática, Cosmologia, Política, Ética, Estética, Retórica, entre outras áreas do conhecimento. O filósofo foi o primeiro a classificar e a sistematizar essas áreas, desenvolvendo estudos específicos sobre cada tema.

Política e Ética

Aristóteles foi um defensor do sistema político democrático pelo qual Atenas já havia passado, tendo escrito um livro sobre isso. Também escreveu tratados de Ética, em que afirmava a necessidade da busca de uma moderação das ações humanas baseada na prudência, para que a vida em sociedade levasse os cidadãos à felicidade.

Metafísica

Tendo aprimorado os estudos platônicos sobre o assunto e, em certa medida, afastando-se um pouco das ideias de seu mestre, Aristóteles escreveu um tratado de dez livros chamado “Estudos de Filosofia Primeira”, que, mais tarde, seria conhecido por “Metafísica”. Esses estudos, segundo o próprio filósofo, tratavam sobre o ser em geral, ou seja, seriam uma espécie de ciência geral, mãe de todas as ciências.

Lógica

Aristóteles fundamentou as primeiras noções da Lógica Clássica, baseada na argumentação e na Retórica. Em seus estudos, que buscavam algumas noções metafísicas, como a divisão das categorias do que se fala, ele buscou uma forma de linguagem que fosse formalmente válida e que buscasse argumentos que fossem fundamentados em premissas. Surgiu aí a noção de silogismo.

Empirismo

Sendo o primeiro filósofo a fundamentar a necessidade do conhecimento prático advindo da observação e da atenção aos sentidos do corpo, Aristóteles deixou em seu legado intelectual o conhecimento empírico, que mais tarde ressoaria na Filosofia Escolástica e na Filosofia Moderna, chamando a atenção dos pensadores para o entendimento dos efeitos do mundo com base em suas causas.

Isso representou um afastamento do modelo de conhecimento platônico, baseado na busca intelectual pela Ideia, que seria pura, eterna e imutável. Platão considerava que o conhecimento advindo dos sentidos seria imperfeito e enganador. Na pintura apresentada abaixo, o pintor renascentista Rafael Sânzio mostra essa discordância entre os dois pensadores ao compor a cena com Platão apontando para cima, como quem aponta para o Mundo das Ideias, e Aristóteles com a mão espalmada para o chão, como quem defende que o conhecimento está aqui, no mundo material.

Platão e Aristóteles em recorte do plano central da Escola de Atenas, pintura renascentista de Rafael Sanzio.
Platão e Aristóteles em recorte do plano central da Escola de Atenas, pintura renascentista de Rafael Sanzio.[1]

Leia também: A trajetória de Platão, mentor de Aristóteles

Obras de Aristóteles

Das 22 obras deixadas por Aristóteles, especula-se que algumas podem ter sido, na verdade, compilações e anotações de seus alunos do Liceu tiradas durante as aulas do mestre. Os historiadores não sabem, ao certo, a autoria correta dessas obras, com exceção das principais.

A seguir, estão selecionados alguns dos principais escritos de Aristóteles:

  • Metafísica: conjunto de dez livros, escritos como “Estudos de Filosofia Primeira” e reunidos e renomeados mais tarde por Andrônico de Rodes como “Metafísica”. Tratavam de um conhecimento geral sobre o ser e como o conhecemos, ou seja, uma espécie de ciência geral que tinha como objeto o próprio ser e não recortes dele (como a Matemática é um recorte do ser que estuda apenas as relações numéricas — uma parte de todo o ser).

  • Categorias: pequeno livro sobre Lógica que apresenta a necessidade da classificação e separação de conceitos diferentes para o tratamento de assuntos diferentes, a fim de que equívocos sejam evitados. Seria uma espécie de distinção das diversas categorias do pensamento.

  • Physica: tratado de oito livros com observações de Aristóteles sobre a Ciência da Natureza.

  • Da alma, ou Sobre a alma: escritos sobre a noção dos antigos de alma, que equivale, para nós, à noção de mente. O filósofo trata de assuntos relacionados a como o ser humano constitui-se com base em sua personalidade e a como essa alma atua na distinção entre nós e os outros animais.

  • Ética a Nicômaco: livro que fala sobre Ética expondo as noções de virtude, racionalidade prática (uma racionalidade voltada para o cotidiano e o convívio político) e eudaimonia (uma noção dos gregos antigos de que haveria um guia — a consciência — para as nossas ações).

  • Política: livro em que o pensador defendeu as suas teses sobre a organização política das cidades, baseada na ação ética individual e no exercício da democracia, além de um conjunto de fatores que levariam os cidadãos à vida perfeita.

Frases de Aristóteles

  • “O belo é o esplendor da ordem.”

  • “O homem é, por natureza, um animal político.”

  • “O homem é um animal de linguagem.”

  • “Nada do que existe em potência torna-se ato senão por algo que já existe em ato.”

Créditos de imagem

[1] Serato/Shutterstock

Publicado por Francisco Porfírio
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