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Lobisomem

Lobisomem é uma das lendas mais conhecidas mundialmente e que está presente também em nosso folclore, sendo trazida dos portugueses.
Ilustração do lobisomem uivando para a lua.
Acredita-se que a lenda do lobisomem foi trazida ao Brasil por influência da cultura portuguesa.

O lobisomem é uma das lendas mais conhecidas em todo o mundo e que fala de homens que têm a capacidade de transformar-se em lobos. Essa prática era considerada uma maldição, chamada de licantropia, e a primeira menção a ela foi registrada na mitologia grega. No Brasil, a lenda do lobisomem foi trazida pelos portugueses.

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O que é o lobisomem?

Ilustração do lobisomem
A transformação de um ser humano em lobo é conhecida como licantropia.

O lobisomem é uma das lendas de folclore mais conhecidas do mundo, entando presente no folclore de países de diversos continentes. Existem muitas variações sobre sua história, mas é muito conhecida a versão que fala de um homem que se transforma em lobo durante as noites de lua cheia. Essa habilidade de transformar-se em lobo era, normalmente, associada a uma maldição e  conhecida como licantropia.

Nas lendas do folclore em locais de tradição cristã, considerava-se que tal maldição poderia ser causada por predestinação ou por punição devido a algum pecado. Quando a lua cheia passa, o portador da licantropia deixa essa condição até que essa lua retorne.

Acesse também: Curupira - uma das mais conhecidas lendas do nosso folclore

Como lutar contra o lobisomem?

O lobisomem é um ser muito poderoso que possui uma força física sobre-humana, além de longas garras. Lutar contra ele é, portanto, algo muito perigoso dentro das lendas, e aqueles que o fazem sabem que, se forem feridos, terão a maldição transferida para si. A ferramenta mais conhecida para combater um lobisomem é a bala de prata.

Uma das lendas do lobisomem afirma ser possível matá-lo com uma bala de prata na altura do coração. Outra versão, influenciada pela tradição cristã, fala que a bala tem de estar coberta com cera de vela de altar utilizada na celebração de três missas do galo. Outras versões dizem que é necessário apenas um ferimento para conter o lobisomem e fazê-lo retornar a sua forma humana.

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Origem do lobisomem

O antropólogo brasileiro Luís da Câmara Cascudo traçou as origens da lenda do lobisomem ao mundo clássico|1|. Portanto, a lenda do lobisomem é encontrada na mitologia grega, sendo depois transportada para o mundo romano. Nesse sentido, existe uma lenda da mitologia grega narrada sob diferentes versões que trata a respeito de Licaon, um rei mítico de uma região da Grécia chamada Arcádia.

Nas diferentes versões desse mito, fala-se que Licaon realizou ações que desagradavam a Zeus, o grande deus do panteão grego. Zeus teria então punido esse rei com a maldição da licantropia, fazendo com que ele fosse transformado em um lobo. Uma das versões fala que Licaon teria tentando matar Zeus, enquanto outra versão fala que ele teria tentado dar carne humana para o grande deus durante um jantar.

Depois de transformado em lobo, Licaon seria capaz de livrar-se da maldição se ficasse 10 anos sem consumir carne humana. Essa última informação parece relacionada com a condição de Licaon ser um lobisomem, mas alguns estudiosos da cultura grega acreditam que ele era uma figura relacionada ao culto de tribos canibais que habitavam a Grécia. Inclusive existem algumas teorias que demonstram que, há cerca de três mil anos, existiram gregos que acreditavam que quem consumisse carne humana poderia tornar-se um lobo.

Toda essa narrativa envolvendo homens transformando-se em lobos foi levada para Roma, local fortemente influenciado pela cultura grega. Em Roma, o ser humano que se transformava em lobo era chamado de versipélio. Entretanto, na cultura romana, esse termo era usado para mencionar de maneira geral a transformação humana em forma animal.

Com a expansão das terras romanas, a lenda do lobisomem espalhou-se pela Europa e adaptou-se à cultura de cada local. A influência cristã fez com que a licantropia deixasse de ser uma maldição de Zeus e se tornasse uma punição pelos pecados. Na Rússia, por exemplo, acreditava-se que os lobisomens eram pecadores cumprindo a penitência pelos seus erros.

Em cada novo local a que a lenda do lobisomem chegava, ela adquiria um novo nome: os eslavos  chamavam-no de volkodlaks; os franceses, de loup-garou; em Portugal, ele ficou conhecido como lobohomem.

Acesse também: Folclore brasileiro na obra de Câmara Cascudo

Como a lenda do lobisomem chegou ao Brasil?

A lenda do lobisomem chegou ao Brasil pela influência da cultura portuguesa durante a colonização. Existem algumas semelhanças entre a versão portuguesa e a brasileira, mas também algumas diferenças.

Em Portugal, a crença popular acreditava que o lobisomem era um homem pálido e magro que poderia ser amaldiçoado com a licantropia como punição pelos seus pecados. Falava-se também que o lobisomem poderia ser o homem nascido de um incesto, mas a principal versão considerava que ele era o primeiro homem que nascia depois de um casal ter sete filhas.

Acreditava-se que o homem amaldiçoado com a licantropia manifestaria sua maldição quando completasse 13 anos de idade. Tal condição seria manifesta em uma terça-feira ou sexta-feira, permanecendo o amaldiçoado na forma de lobisomem da meia-noite até às duas horas da madrugada. Quem tivesse sua propriedade invadida por um lobisomem, deveria dizer “Ave Maria” três vezes, para que ele fugisse.

No Brasil, entre as semelhanças com a lenda na sua forma portuguesa, acreditava-se que o lobisomem era o homem nascido de uma relação incestuosa bem como o primeiro homem nascido depois de sete mulheres. No entanto, há também algumas diferenças entre as versões, e aqui não se acreditava na existência de lobisomem do sexo feminino, mas em Portugal sim.

Em nosso país, a lenda do lobisomem adaptou-se às diferenças regionais, e, assim, em cada região brasileira, a lenda assumiu formas distintas. No Sul, era forte a crença de que o lobisomem era fruto de incesto, enquanto, no Norte, a crença de que tal ser era um homem anêmico ganhou mais força.

Na versão nortista, acreditava-se que homens anêmicos eram propensos a tornar-se lobisomens e que, uma vez realizada a transformação, eles vagariam pela madrugada à procura de pessoas para atacar e sugar-lhes o sangue. Essa era a forma encontrada por eles para conseguirem os nutrientes que seus corpos não possuíam.

Estudiosos que se dedicaram a analisar a versão brasileira da lenda apontam que há nela a recorrência dos seguintes elementos: o homem que se torna um lobisomem é caracterizado por ser anêmico, preguiçoso, por comer pouco, mas gostar de comidas apimentadas, e por beber água constantemente.

Acreditava-se, no interior do Brasil, que a bala revestida com cera de vela usada em missas de galo era o necessário para matá-lo. No entanto, ferimentos no lobisomem causados por objetos como uma faca ou foice eram suficientes para quebrar a maldição e fazê-lo voltar a sua forma humana.

Nota

|1| CÂMARA CASCUDO, Luís da. Geografia dos mitos brasileiros. São Paulo: Global, 2012.

Publicado por Daniel Neves Silva

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