Agrossistemas
Os agrossistemas ou sistemas agrários referem-se ao conjunto de características do espaço agropecuário, tanto em termos de técnicas de cultivo quanto em aspectos específicos das propriedades rurais. Nesse sentido, a enumeração e classificação dos agrossistemas podem ser realizadas a partir dos mais diversos critérios.
São definidos, desse modo, os vários tipos de agrossistemas com base na densidade de produção; no tipo de mercado; na forma de propriedade da terra; no tamanho dessas propriedades; ou nos tipos de tecnologias e de técnicas empregados no processo produtivo.
Agrossistemas segundo a densidade de produção
Quanto à densidade de produção, os agrossistemas podem ser classificados em agropecuária intensiva e extensiva. A agropecuária intensiva opera em espaços menores e, como o nome sugere, possui um aproveitamento mais intenso do solo, ou seja, com maior produtividade e utilização mais acentuada de tecnologia e técnicas avançadas de produção, tanto no âmbito da agricultura quanto no contexto da pecuária. No caso dessa última atividade, a execução ocorre com o gado confinado. No modo extensivo, o gado fica solto em grandes áreas.
Agrossistemas segundo o tipo de mercado
A classificação dos agrossistemas pautada no tipo de mercado diferencia as produções em agropecuária de subsistência e agropecuária comercial. A produção de subsistência é aquela que volta o seu modelo produtivo para o atendimento das necessidades de quem produz e trabalha na terra, estando quase sempre vinculada à agricultura familiar, de modo que apenas o excedente é comercializado. Já na produção comercial, o cultivo é realizado apenas para fins econômicos e, quase sempre, ocorre a partir de monoculturas, ou seja, com apenas um tipo de produto ou mercadoria.
Agrossistemas segundo a forma de propriedade da terra
Nessa classificação, os agrossistemas são divididos em três diferentes tipos de agropecuária: a privada, a coletiva e a estatal.
A agropecuária privada, como o próprio nome já demonstra, refere-se àquela de propriedade individual, cujo dono é uma única pessoa ou uma empresa, responsável pela contratação de todos os funcionários e compra de todos os equipamentos, sendo, portanto, a responsável por todo o lucro.
A agropecuária coletiva é aquela pertencente a toda uma comunidade ou a um grupo de pessoas, que dividem não somente a posse, mas todas as atividades realizadas sobre uma determinada propriedade. Esse tipo é muito comum para designar propriedades indígenas ou de comunidades tradicionais.
Já a agropecuária estatal é aquela pertencente ao poder público, de modo que todos os trabalhadores que nela atuam são funcionários vinculados ao Estado. Esse tipo de propriedade é – ou foi – mais comum em países de economia planificada, que se autodenominam socialistas.
Agrossistemas segundo o tamanho das propriedades
Se levarmos em consideração o critério do tamanho das propriedades, dividem-se os agrossistemas em dois tipos: os latifúndios e os minifúndios. Os latifúndios referem-se a grandes propriedades, cujas dimensões variam conforme a área territorial agricultável do país, ao passo que os minifúndios fazem referência às pequenas áreas de cultivo.
Agrossistemas conforme o nível tecnológico ou técnico
A classificação dos agrossistemas a partir do nível tecnológico é a mais importante e costuma envolver todos os tipos anteriormente apresentados, embora não necessariamente de maneira geral e homogênea. Nesse critérios, diferenciam-se três tipos de agrossistemas: os tradicionais, os modernos e os alternativos.
Os agrossistemas tradicionais são aqueles que envolvem baixo uso de tecnologia. São mais comumente utilizados em minifúndios e também em agriculturas de subsistência, além de apresentarem, quase sempre, uma agropecuária extensiva. Nos agrossistemas tradicionais voltados para o comércio, emprega-se uma grande quantidade de trabalhadores, haja vista que esse sistema agrário não apresenta uma grande presença de maquinários.
Os agrossistemas modernos, por outro lado, apresentam um intensivo uso de tecnologia, com um modelo intensivo de produção e uso do solo. Na maior parte dos casos, a agricultura é comercial e voltada para exportação ou atendimento de um amplo mercado interno. Além da grande quantidade de maquinários e equipamentos, utilizam-se uma elevada carga de produtos químicos e procedimentos avançados, o que inclui a biotecnologia e, em muitos casos, a inserção de culturas transgênicas.
Por fim, os agrossistemas alternativos apresentam-se com uma agricultura orgânica preocupada em manter um ambiente sustentável e ecologicamente equilibrado. Esse modelo busca evitar os impactos ambientais e sociais, como os danos ao solo ou a concentração elevada de terras, ocorrendo mais frequentemente em pequenas propriedades e utilizando pouca tecnologia. A principal característica desse sistema agrário é o não uso de agrotóxicos, insumos e defensivos agrícolas por considerar que esses prejudicam a saúde e também a natureza. Assim, fazem uso de métodos naturais e alternativos para adubação e controle de pragas.