Minuciosidades relativas ao verbo haver
Uma das particularidades inerentes ao verbo haver revela-se pelo fato de ele ser classificado como impessoal, no sentido de denotar tempo decorrido. Logo, tornam-se perfeitamente compreensíveis e adequados enunciados semelhantes a esses abaixo descritos:
Há dois dias não falo com você.
Há dez anos não passamos férias juntos.
Em se tratando dessa particularidade, há outra de notável relevância – razão pela qual se torna digna de nossa atenção. Estamos nos referindo ao tempo verbal que, de acordo com a forma pela qual é expresso, adquire acepções semânticas distintas. Por esse motivo ele deve ser adequadamente empregado, independentemente da circunstância comunicativa: quer seja por meio da oralidade, quer da escrita.
Mediante ambos os exemplos, constatamos que o verbo haver, ora expresso no presente do indicativo (há), mantém o aspecto pontual em que se decorre a ação, ou seja, as ocorrências se deram, respectivamente, dois dias e dez anos antes do momento da enunciação (o momento em que foi proferido o discurso). Nesse caso, vale ressaltar que o emprego de tais colocações se encontra adequado, tendo em vista o padrão formal da linguagem.
Mas se em vez de empregarmos o presente, estivéssemos empregando o pretérito imperfeito do indicativo, como em:
Não falava com você havia dois dias.
Não passávamos férias juntos havia dez anos.
Percebemos, pois, que quando o verbo “haver” está expresso em tal tempo (havia), o outro verbo do qual se compõe o período também se flexiona, perfeitamente constatável por meio das formas “falava e passávamos”.
Nesse caso, atribui-se à ação um aspecto durativo, própria do tempo em questão (pretérito imperfeito), isto é:
A ação de não falar com você durou dois dias.
A ação de não passarmos férias juntos durou dez anos.
Mediante tais pressupostos, temos subsídios suficientes para daqui em diante empregarmos a forma verbal devidamente correta.
Por Vânia Duarte
Graduada em Letras