Regência do verbo “permitir”
Observe a oração a seguir:
“A boa educação e a gentileza são qualidades essenciais às pessoas, permitindo-as viver bem em socidedade”.
Agora responda: você sabe qual é a regência do verbo “permitir”? Notou que na oração acima existe um erro relacionado com esse assunto? Bom, antes de explicarmos direitinho essa questão gramatical, vamos à correção do exemplo:
“A boa educação e a gentileza são qualidades essenciais às pessoas, o que lhes permite viver bem em sociedade.”
Na primeira oração existe um desvio da norma culta da língua portuguesa, pois, erradamente, o pronome oblíquo -as substituiu o pronome oblíquo lhe, e foi justamente essa substituição que provocou o erro de regência verbal. Acompanhe a explicação:
A boa educação e a gentileza permitem algo ou alguma coisa a alguém, nesse caso, permitem que as pessoas vivam bem em sociedade. Seguindo esse raciocínio, chegamos à conclusão de que o verbo permitir é transitivo indireto e, por ser transitivo indireto, exige um objeto indireto. Você precisa saber que, para os verbos transitivos indiretos, o correto é empregar o pronome oblíquo átono lhe (cuja função será a de objeto indireto) e deixar o pronome oblíquo átono -as (-a, -o; -os) apenas para os verbos que exijam um objeto direto. Pareceu confuso? Observe os exemplos:
Durante trinta dias os funcionários recém-contratados passarão por treinamento, o que lhes permitirá um melhor desempenho na empresa.
(verbo “permitir” → transitivo indireto → objeto indireto = lhes)
As crônicas de Carlos Drummond de Andrade para o Jornal do Brasil foram compiladas e publicadas no livro Boca de luar. O poeta as escreveu entre os anos de 1969 e 1984.
(verbo “escrever” → transitivo direto → objeto direto = as).
A regência verbal é a relação sintática de dependência que se estabelece entre o verbo – termo regente – e o seu complemento – termo regido. É ela que determina se uma preposição é ou não necessária para ligar o verbo a seu complemento. Quando subvertemos as normas da regência verbal, comprometemos a norma-padrão da língua portuguesa, sobretudo na modalidade escrita, haja vista que na oralidade dificilmente esse desvio prejudicará a comunicação. Nem sempre é fácil saber se o verbo exige ou não um complemento, mas sempre que houver dúvidas, consulte-nos! Bons estudos!