A alienação do trabalhador na Era Industrial
Ao pensarmos na condição do trabalhador, podemos realizá-la de acordo com os mais variados contextos históricos e econômicos vivenciados nas mais diferentes sociedades. Contudo, ao observarmos essa mesma condição no desenvolvimento da Era Industrial, percebemos algumas especificidades que revelam claramente mudanças nunca antes observadas ao longo do tempo.
De acordo com o pensamento socialista, os trabalhadores dessa época experimentaram um terrível processo de alienação sobre o valor do trabalho que eles mesmos desenvolviam. Sob tal aspecto, percebemos que, antes da Revolução Industrial, os trabalhadores exerciam suas funções de modo independente e atuavam nas mais variadas etapas que envolviam a produção de uma determinada riqueza.
Nesse tipo de situação, os trabalhadores tinham plena consciência de quanto tempo, conhecimento e recursos envolviam a fabricação de um bem ou uma riqueza. Ao dominarem todas as etapas do processo de fabricação, reconheciam e determinavam o valor a ser pago pelas várias funções que desempenhavam. Ainda hoje, podemos ver que alguns artesãos e prestadores de serviço desfrutam dessa capacidade de reconhecimento.
Assim que as indústrias passaram a dominar o processo de produção, notamos que a tecnologia empregada não só determinava a redução dos custos e a ampliação dos lucros da empresa. Cada vez que novas máquinas eram criadas, milhares de trabalhadores eram dispensados das fábricas e aqueles que permaneciam eram designados a realizar uma mesma ação cada vez mais específica do processo de produção.
Vivenciando a rotina de uma função que poderia ser exercida por qualquer outra pessoa e percebendo a existência de vários desempregados interessados em exercer aquela mesma função, o operário concordava em receber um baixo salário pelo seu trabalho. Além disso, devemos destacar que esse operário não tinha mais ciência de todas as etapas que envolviam a riqueza que ele produzia. Na verdade, ele nem mesmo sabia quantificar quantas mercadorias ou qual o valor dos bens que produziu em uma jornada de trabalho.
É nessa situação específica que a alienação dos trabalhadores passou a ser reconhecida por aqueles que estudam o desenvolvimento da sociedade industrial. O trabalhador não está alienado ao valor da riqueza que produz devido a uma opção própria. Na verdade, ele se submete a essa situação por não mais ter acesso aos meios de produção (no caso, as máquinas) e também por exercer uma tarefa tão específica que não consegue mais projetar o preciso valor da riqueza que ele ajuda a criar.
Deste modo, reconhecemos uma situação que não se encerrou à realidade das primeiras décadas das sociedades industriais. Ao longo do tempo, a ampliação rápida dos recursos tecnológicos e a farta disponibilidade de mão de obra se mostram como situações vigentes em grandes centros urbanos ocupados por um grande número de trabalhadores que ganham uma remuneração aquém do valor de seu trabalho.