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Gripe Espanhola

A Gripe Espanhola foi uma pandemia que aconteceu no início do século XX, resultando na morte de 50 milhões de pessoas, segundo as estatísticas tradicionais. A doença recebeu esse nome por conta da divulgação que ela teve na imprensa espanhola e aproveitou-se do cenário da Primeira Guerra Mundial para espalhar-se pelo mundo. Não se sabe onde ela surgiu, mas acredita-se que tenha sido no interior dos Estados Unidos.

Essa doença chegou ao Brasil em setembro de 1918 e espalhou-se por todo o país, alcançado até locais remotos. Ela promoveu grandes impactos nos maiores centros brasileiros, como São Paulo e Rio de Janeiro, infectando milhares de pessoas neles. A doença provocou a morte de 35 mil indivíduos em nosso território.

Acesse também: As piores epidemias da história

Qual é a origem do nome Gripe Espanhola?

A Gripe Espanhola surgiu em março de 1918, acredita-se que ela afetou 1/3 da população mundial e causou a morte de 50 milhões de pessoas.
A Gripe Espanhola surgiu em março de 1918, acredita-se que ela afetou 1/3 da população mundial e causou a morte de 50 milhões de pessoas.

O nome da Gripe Espanhola faz a gente, de imediato, imaginar que se trata de uma doença que surgiu na Espanha. Entretanto, essa impressão é incorreta, pois a doença não surgiu lá, mas, como veremos, acredita-se que tenha surgido nos Estados Unidos. Seu nome tornou-se esse por conta da repercussão que a imprensa espanhola fez da doença durante os anos da Primeira Guerra.

A Gripe Espanhola surgiu quando a Primeira Guerra Mundial estava em curso. A doença  aproveitou-se do conflito para espalhar-se pelo mundo e teve grande impacto nas suas frentes. Apesar da sua forte disseminação, a imprensa dos países que estavam na guerra não tinha permissão para noticiá-la.

Essa censura fazia parte do esforço de guerra dessas nações. Filtrar a notícia de que uma pandemia estava em curso era fundamental para manter o moral das tropas e para não gerar pânico na população. A Espanha, no entanto, não estava na guerra e sua imprensa era livre. Sua cobertura foi acompanhada em todo o mundo, fazendo com que a doença recebesse o nome de Gripe Espanhola.

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Onde surgiu a Gripe Espanhola?

Até hoje, os historiadores ainda não têm evidências concretas sobre onde a doença surgiu, apesar disso, existem teorias que podem ajudar-nos a visualizar o local de seu surgimento. As principais ideias levantadas pelos estudiosos do assunto apontam que três lugares são os prováveis nesse sentido: Estados Unidos, Reino Unido e China.

Entre essas teorias, a mais é aceita aponta que os Estados Unidos foram o provável local de surgimento da Gripe Espanhola. Isso porque foi lá que se registraram os primeiros casos de pessoas contaminadas. A Gripe Espanhola consistiu basicamente em um surto causado por uma mutação do vírus Influenza, e os primeiros casos, segundo registros, aconteceram no Fort Riley, um acampamento militar instalado no interior do estado do Kansas.

Esse registro faz menção a um soldado chamado Albert Gitchell, que, em 11 de março de 1918, deu entrada na enfermaria do acampamento com sintomas de uma forte gripe. Cinco semanas depois, mais de 1100 soldados do acampamento estavam com os mesmos sintomas, e, desses, 46 morreram. A Gripe Espanhola ficou conhecida por ter ação mortal em pessoas na faixa dos 20-35 anos de idade.

Com base nos soldados norte-americanos, a doença, provavelmente, espalhou-se pelo mundo. Os Estados Unidos estavam envolvidos na Primeira Guerra Mundial desde 1917, e acredita-se que soldados enviados para a Europa tenham levado a doença consigo. Por conta da guerra, a circulação e aglomeração de pessoas era muito grande, e esse era o cenário perfeito para que a doença ganhasse força.

A atuação da Gripe Espanhola deu-se em três fases, que tiveram atuação no período de março de 1918 a maio de 1919. Dessas três ondas, a segunda, que se iniciou em agosto de 1918, foi a pior delas, porque nela o vírus mostrou sua maior capacidade de transmissão, além de ter causado mais mortes.

Foi nessa segunda onda que a Gripe chegou em continentes como a Ásia, a África e as Américas Central e do Sul. O Brasil foi um dos países afetados durante essa segunda leva. Nesse momento, a Gripe Espanhola já poderia ser definida como uma pandemia, pois havia se espalhado em grande escala.

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Tratamento da Gripe Espanhola

Diversos locais improvisaram hospitais para atender e tratar as pessoas que adoeciam da Gripe Espanhola.
Diversos locais improvisaram hospitais para atender e tratar as pessoas que adoeciam da Gripe Espanhola.

A Gripe Espanhola foi uma doença mortal, e a medicina da época não tinha respostas para combatê-la. À medida que a Gripe ia disseminando-se, as recomendações médicas iam no sentido de evitar as aglomerações, uma vez que, por meio delas, a difusão da doença aumentava consideravelmente.

Seus sintomas eram característicos de uma gripe, como febre, tosse, coriza e dor no corpo. A segunda onda, como mencionado, ficou marcada pela grande mortalidade do vírus. Houve casos de pessoas que morriam em dois dias após manifestarem os sintomas.

A medicina da época não tinha respostas para explicar a doença, e os médicos não sabiam o que a causava, pois a tecnologia de então não permitia que os cientistas enxergassem seu vírus nos microscópios. Com a difusão da doença, os sistemas de saúde de diversos locais ficaram abarrotados.

Com isso, foi necessário improvisar hospitais e leitos para atender os pacientes. Voluntários foram convocados para auxiliar no tratamento deles. Com o pouco conhecimento da época, os médicos procuraram realizar o tratamento de muitos com base na aspirina, mas o excesso de doses desse medicamento mostrou-se nocivo. Lembrando que, nessa época, não existia antibióticos para tratar os casos mais graves da doença, que resultavam em complicações pulmonares, por exemplo.

O que era possível então era realizar medidas de prevenção, o que incluía o isolamento social. Assim, muitos lugares adotaram medidas, como fechamento de escolas e de comércios e a proibição de eventos que gerassem qualquer tipo de aglomeração. Cidades que não tomaram essas precauções a tempo, como foi o caso da Filadélfia, nos Estados Unidos, pagaram caro e tiveram inúmeros casos da doença e milhares de mortos.

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Gripe Espanhola no Brasil

O Brasil também foi afetado pela Gripe Espanhola, e a doença chegou ao nosso país durante a segunda onda. Fala-se que a contaminação brasileira com a Gripe Espanhola ocorreu quando uma embarcação inglesa, o Demerara, atracou em três cidades do Brasil, em setembro de 1918: Recife, Salvador e Rio de Janeiro.

A partir daí, começaram a ser registrados os primeiros doentes de Gripe Espanhola aqui. A doença espalhou-se por todo o território nacional, e o nosso quadro foi o mesmo percebido em outros locais do mundo. As grandes cidades foram as mais atingidas, e a situação levou os governos a tomarem medidas extremas de prevenção.

As aglomerações foram proibidas em locais, a exemplo da cidade de São Paulo. Determinou-se também o fechamento de escolas, bares, restaurantes, repartições públicas etc. Os sistemas de saúde não aguentaram a quantidade de pessoas doentes: só em São Paulo, por exemplo, acredita-se que metade da população adoeceu.

À medida que a doença avançava, registrou-se uma quantidade de mortes por dia em uma velocidade absurda. Não havia caixões para a quantidade de mortos, e os cemitérios não tinham capacidade para enterrar tantos corpos ao mesmo tempo.

Entre os doentes e mortos, estava o presidente eleito em 1918, Rodrigues Alves. Ele assumiria em 15 de novembro de 1918, mas, doente, não conseguiu e faleceu em janeiro de 1919. Aqui no Brasil, estima-se que a quantidade de mortos tenha sido de 35 mil pessoas.

Vítimas

Em todo o mundo, as estatísticas tradicionais apontam que a Gripe Espanhola foi responsável pela morte de 50 milhões de pessoas. Algumas estatísticas falam em até 100 milhões de mortos, e acredita-se que 1/3 da população mundial tenha contraído a doença. A Gripe Espanhola foi, portanto, uma das maiores epidemias da história.

Publicado por Daniel Neves Silva
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