Guerra da Coreia
A Guerra da Coreia (1950-1953) foi o conflito que consolidou a divisão do território, em Coreia do Norte e Coreia do Sul, ocorrida desde a Conferência de Potsdam em 1945. Desde 1910, o país estava sob ocupação japonesa, a qual se encerrou com o fim da Segunda Guerra, em 1945. No contexto da Guerra Fria, China e URSS apoiaram a Coreia do Norte, enquanto a ONU e mais de 20 nações, lideradas pelos EUA, apoiaram a Coreia do Sul. A guerra teve um resultado inconclusivo, e, até hoje, as Coreias seguem divididas.
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Resumo sobre a Guerra da Coreia
- A Guerra da Coreia (1950-1953) foi o conflito que consolidou a divisão do território em Coreia do Norte e Coreia do Sul ocorrida desde a Conferência de Potsdam, em 1945.
- Desde 1910, o país estava sob ocupação japonesa, a qual se encerrou com o fim da Segunda Guerra, em 1945.
- Durante o período de domínio japonês (1910-1945), os coreanos foram forçados a trabalhar em campos de trabalho e fábricas e ocorreu um movimento de assimilação cultural forçada.
- Em 1945, após a rendição japonesa na Segunda Guerra Mundial (1939-1945), o domínio nipônico foi encerrado e a região foi invadida pelos soviéticos, ao norte, e estadunidenses, ao sul.
- As causas da Guerra da Coreia foram: a divisão do país em duas zonas com governos ideologicamente distintos em 1945 e a invasão do sul promovida pelas tropas do norte em junho de 1950.
- A Coreia do Norte iniciou a guerra em 1950, invadindo o território da Coreia do Sul, com apoio da China e da URSS.
- A ONU foi contra a guerra e organizou tropas de mais de 20 nações para ajudar a Coreia do Sul, lideradas pelos EUA.
- Em 1953, foi assinado o Armistício da Panmujon, que pôs fim na guerra, resultando na divisão das Coreias no Paralelo 38º N.
- Atualmente, a Coreia do Norte é um dos países mais fechados do mundo, com um governo comunista autocrático e uma economia subdesenvolvida.
- Atualmente, a Coreia do Sul é considerada uma potência econômica e tecnológica. O IDH do país é extremamente elevado: 0,925.
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Antecedentes históricos da Guerra da Coreia
Os antecedentes históricos da Guerra da Coreia foram a ocupação japonesa no país e o contexto da Guerra Fria. O Japão iniciou a ocupação da Coreia em 1910, no contexto da crise do Império Coreano (1897-1910): em 1876, os japoneses iniciaram uma aproximação política e econômica com a Coreia, com o objetivo de integrá-la ao Império do Japão, o que aconteceu efetivamente a partir de tratados assinados em 1905 e 1910.
Durante o período de domínio japonês (1910-1945), os coreanos foram forçados a trabalhar em campos de trabalho e fábricas e ocorreu um movimento de assimilação cultural forçada, no qual a cultura e a língua coreanas foram proibidas em favor da cultura e da língua japonesas. Em 1945, após a rendição japonesa na Segunda Guerra Mundial (1939-1945), o domínio nipônico foi encerrado e a região foi invadida pelos soviéticos, ao norte, e estadunidenses, ao sul.
Nesse ponto, entrou em cena o contexto da Guerra Fria: a bipolarização do mundo entre o modelo liberal democrático capitalista e o modelo comunista soviético, além do envolvimento de nações antes ocupadas por forças derrotadas na Segunda Guerra em disputas territoriais dos líderes de cada um dos blocos.
Causas da Guerra da Coreia
As causas da Guerra da Coreia foram:
- A divisão do país em duas zonas com governos ideologicamente distintos (a zona norte, com governo comunista, e a zona sul, com governo capitalista) em 1945.
- A invasão do sul promovida pelas tropas do norte em junho de 1950.
Como a Coreia é um país asiático, sua proximidade com a China (que passou por um processo de revolução comunista em 1949) e com a URSS lhe garantiu forte influência e pressão para adoção do regime comunista. Além disso, o Japão, derrotado na Segunda Guerra, estava sob ocupação dos EUA e, portanto, sob influência capitalista. Assim, as tensões entre os dois blocos antagônicos cresceram na Ásia, o que intensificou as rivalidades internas na Coreia.
Nesse contexto, a Coreia, recém-desocupada pelo Japão, passava por um processo de reconstrução interna e, na Conferência de Potsdam (julho a agosto de 1945), foi dividida em duas pelos países Aliados, sem qualquer consulta prévia ou posterior ao povo coreano. As reações internas foram muitas e diversas entre 1945 e 1949: greves, protestos, levantes populares.
Em linhas gerais, URSS e EUA, em um acordo, constituíram a Comissão Americano-Soviética para governar as Coreias até 1950. A ideia era impor à população do norte o modelo comunista e à do sul o modelo capitalista, até que, cinco anos depois da ocupação, elas pudessem decidir sob qual modelo reunificar o país. A reação a essa estratégia foi tensa e marcada por muitas revoltas.
Em 1948, a ONU tentou organizar eleições livres para a unificação da Coreia, o que foi veementemente negado e combatido pela URSS. Assim, sul e norte realizaram, cada um, sua própria eleição, resultando na escolha de governos diferentes e antagônicos. A escalada das tensões entre os governos levou à invasão do norte sobre o sul em 1950, iniciando a guerra.
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Fases da Guerra da Coreia
A Guerra da Coreia (1950-1953) foi organizada nas seguintes fases:
- Primeira fase (junho-dezembro de 1950): ofensivas da Coreia do Norte e resposta da ONU. A Coreia do Norte, com grande apoio militar da URSS e da China, invadiu a Coreia do Sul em junho. Em resposta, o Conselho de Segurança da ONU aprovou unanimemente a Resolução 82, que condenava a Coreia do Norte pela invasão e, em seguida, a Resolução 83, que autorizava a guerra contra os norte-coreanos. Mais de 20 países enviaram tropas sob o comando da ONU para combater em favor da Coreia do Sul. As tropas dos EUA eram as mais numerosas.
- Segunda fase (1951-1952): combates na região de fronteira, o Paralelo 38º N. Com grande apoio chinês, as tropas norte-coreanas avançaram sobre a fronteira estabelecida desde 1945: o paralelo 38º N. Os norte-coreanos derrotaram as tropas americanas e invadiram Seul, capital da Coreia do Sul. Os americanos cogitaram o uso de armas nucleares contra a Coreia do Norte e a China, o que foi descartado com a chegada de novas tropas. Por um lado, as tropas da ONU, lideradas pelos EUA, cresciam em número e conseguiam recuperar territórios; por outro, o apoio chinês garantiu à Coreia do Norte uma grande força militar.
- Terceira fase (1952-1953): impasse e armistício. As tropas da ONU e da China se enfrentavam em guerras de trincheiras, com pouco ganho estratégico para cada lado. Enquanto isso, a crise humanitária nas Coreias piorava. Diante de diversas batalhas infrutíferas, nas quais só se perderam vidas humanas, os dois lados resolveram, com mediação da ONU, negociar o armistício, isto é, o fim do conflito. Em 27 de julho de 1953, a ONU, EUA, Coreia do Norte e China assinaram um acordo de armistício, que pôs um fim nos conflitos, denominado Armistício de Panmujon. No entanto, até hoje, nenhum tratado de paz foi firmado entre as Coreias, que ainda permanecem divididas.
Quem ganhou a Guerra da Coreia?
A resposta a essa pergunta é complexa. O governo da Coreia do Norte alega que ganhou a guerra, mas não conseguiu conquistar os territórios do sul. O consenso entre historiadores é que o conflito não teve um vencedor, uma vez que as Coreias permanecem divididas.
O desfecho da guerra, então, foi o cessar-fogo e o estabelecimento de uma fronteira desmilitarizada, fixada no Paralelo 38º N, que ainda hoje separa as duas Coreias.
Quais foram as consequências da Guerra da Coreia?
Para melhor compreender as consequências da Guerra da Coreia, é necessário organizá-las para cada um dos lados em conflito.
→ Consequências da guerra para a Coreia do Norte
Aproximadamente 100 mil norte-coreanos foram mortos após a guerra, em um processo conhecido como “expurgos”, que visavam capturar inimigos e traidores do país. Durante a década de 1960, o apoio chinês e soviético fez com que a economia norte-coreana deslanchasse, porém esse processo foi interrompido pela crise do bloco soviético e a intransigência da dinastia fundada por Kim Il-Sung, que recusou a interferência chinesa.
Atualmente, a Coreia do Norte é um dos países mais fechados do mundo, com um governo comunista autocrático e uma economia subdesenvolvida. Saiba mais sobre a Coreia do Norte clicando aqui.
→ Consequências da guerra para a Coreia do Sul
Nos primeiros anos subsequentes à guerra, a Coreia do Sul passou por graves momentos políticos e econômicos. Apenas durante a década de 1970, o país entrou em um rumo de crescimento econômico, estabilização social e política. A rápida industrialização sul-coreana lhe conferiu o título de Tigre Asiático, com taxas de crescimento maiores do que 7% ao ano.
Atualmente, o país é o lar de grandes corporações mundialmente famosas (como Samsung e Hyundai) e é considerado uma potência econômica e tecnológica. O IDH do país é extremamente elevado: 0,925. Para saber mais sobre a Coreia do Sul, clique aqui.
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Exercícios resolvidos sobre a Guerra da Coreia
1. Entre os motivos para a divisão da Coreia em duas nações, é correto o que se afirma em:
a) a ocupação japonesa, iniciada em 1910.
b) a derrota da Coreia na Segunda Guerra Mundial.
c) os termos do Tratado de Versalhes.
d) a ocupação dos EUA e URSS após o fim da Segunda Guerra.
Resposta: D. A divisão da Coreia foi realizada após o fim da Segunda Guerra, quando EUA e URSS ocuparam territórios no país.
2. Sobre os resultados da Guerra da Coreia (1950-1953), é correto afirmar:
a) Foram inconclusivos, uma vez que ainda persiste a divisão das Coreias em Norte e Sul.
b) A guerra foi vencida pela Coreia do Norte.
c) A guerra foi vencida pela Coreia do Sul.
d) A guerra foi vencida pelo Japão, que anexou os territórios ao seu império.
Resposta: A. Apesar de encerrado o conflito, ainda seguem divididas as Coreias.
Créditos da imagem
Fontes
JESUS, José Manuel Dantas. Coreia do Norte: a última dinastia Kim. São Paulo: 70, 2018.
PUREZA, Fernando. História da Ásia. São Paulo: Contexto, 2010.
SETH, Michael. A Brief History os Korea. NY: Tutle Publishing, 2019