Heresias Medievais
Na Baixa Idade Média, a Igreja Católica era uma instituição plenamente estabelecida em praticamente todo o continente europeu. A disseminação do ideário cristão ao longo de todo período medieval transformou a crença marginal do primeiro século em uma poderosa e influente instituição. A autoridade do papa e de seus representantes diretos influenciava as decisões dos reis e nobres da Europa. Com isso, ao longo dos séculos, a Igreja preocupava-se em conservar e acumular um número maior de terras e bens.
A vida de luxo vivida por alguns dos líderes da Igreja fez com que as populações menos favorecidas não mais reconhecessem a função religiosa dos representantes do clero. Com isso, novas interpretações religiosas passaram a dar lugar a uma Igreja cada vez mais distante de suas obrigações espirituais. Conhecidas como heresias, essas novas confissões religiosas ameaçavam a hegemonia constituída durante toda a Idade Média. Durante os séculos XII e XIII, a França foi palco desse tipo de manifestação.
Em 1179, um comerciante francês chamado Pedro Valdo instituiu um movimento religioso designado de valdenses. Entre outros princípios, os valdenses eram defensores do total desapego às coisas materiais. Além disso, os seus seguidores não se submetiam as autoridades e ensinamentos da Igreja. Ganhando um grande número de adeptos, o movimento se espalhou no sudeste da França, Península Itálica e na região de Flandres.
Na região francesa de Albi, criava-se uma nova heresia que negava algumas das doutrinas católicas. Os albigenses não reconheciam a divindade de Cristo e eram avessos às autoridades eclesiásticas da Igreja. Segundo seus princípios, o espírito humano deveria ser purificado pela renúncia dos prazeres e a mortificação do corpo. No ano de 1209, o papa Inocêncio III promoveu uma cruzada contra os albigenses. Depois de várias lutas, essa heresia foi aniquilada pelas autoridades da Igreja.
A ascensão dessas novas práticas fez com que a Igreja instituísse o Tribunal da Santa Inquisição. Esses tribunais circulavam pela Europa averiguando as denúncias de práticas que iam contra as normas da Igreja. Os denunciados eram presos e submetidos a interrogatórios e torturas. Os acusados de bruxaria ou heresia tinham seus bens confiscados e, geralmente, eram condenados à morte na fogueira.
Por Rainer Sousa
Mestre em História