Mahatma Gandhi
Mahatma Gandhi foi um ativista indiano que ficou internacionalmente conhecido pela sua atuação como liderança na luta pelo fim da colonização britânica e pela independência da Índia. Além de lutar pela independência de seu país, Gandhi notabilizou-se por lutar pelos direitos dos indianos nas duas décadas em que viveu na África do Sul. O ativismo de Gandhi ficou notavelmente conhecido por causa do seu método de resistência não violento, o Satyagraha.
Juventude de Gandhi
Mahatma Gandhi nasceu em Porbandar (região oeste da Índia), no dia 2 de outubro de 1869. Seu nome de registro era Mohandas Karamchand Gandhi. Seu pai, que se chamava Karamchand Gandhi, era governador da província em que viviam na Índia. A mãe de Gandhi chamava-se Putlibai Gandhi e era extremamente religiosa. Gandhi pertencia à casta dos comerciantes, os Vaixás.
Durante a idade escolar, os biógrafos de Gandhi descrevem-no como uma criança tímida e que não se destacou nas atividades escolares. Aos 13 anos, segundo a tradição local, os pais de Gandhi fizeram seu casamento arranjado com Kasturba Gandhi (na época, ela tinha 14 anos). Poucos anos depois do casamento, Gandhi teve de deixar sua mulher e filho na Índia pra estudar Direito em Londres.
Em Londres, Gandhi dedicou-se aos estudos para tornar-se um advogado e aprofundou seus conhecimentos sobre religião, sobretudo sobre o hinduísmo. Abandonou o hábito de comer carne, tornando-se vegetariano, e ingressou em uma sociedade de vegetarianos que existia na cidade.
A permanência de Gandhi na Inglaterra estendeu-se até sua a graduação, que aconteceu em 1891. Após isso, Gandhi retornou para a Índia para exercer a função de advogado. No entanto, passados dois anos, a carreira de Gandhi na advocacia não estava dando muito certo, principalmente por causa da sua personalidade tímida.
Em 1893, Gandhi recebeu uma oferta de trabalho na África do Sul com contrato de duração de um ano. A oferta agradou a Gandhi e, então, ele novamente deixou sua família e partiu para a África do Sul (na época também uma colônia inglesa) para trabalhar. Os anos que passou na África do Sul mudaram por completo a vida de Gandhi.
Anos na África do Sul
Na África do Sul, Gandhi teve um forte contato com o preconceito que existia com a população indiana. As experiências de Gandhi com o preconceito racial levaram-no a lutar pelos direitos da comunidade indiana local. Um acontecimento importante marcou a vida de Gandhi na África do Sul.
Poucas semanas após chegar à África do Sul, durante uma viagem de trem para Pretória em 1893, Gandhi foi informado pelos funcionários da locomotiva que teria de se retirar da primeira classe para a terceira classe porque um passageiro havia se incomodado com a presença dele. Como Gandhi recusou-se a se retirar, pois havia adquirido ingressos para a primeira classe, foi então expulso da locomotiva.
Pouco tempo depois, uma lei local decretada pelas autoridades britânicas retirou o direito de voto dos indianos. Após isso, Gandhi optou por permanecer na região – mesmo com o fim do seu contrato – e lutar pela melhoria dos direitos da comunidade indiana. Com isso, Gandhi converteu-se em uma liderança local. Foi na África do Sul que Gandhi desenvolveu sua resistência não violenta, que ficou conhecida como Satyagraha.
Retorno de Gandhi para a Índia
Gandhi permaneceu durante 21 anos na África do Sul e, ao longo desses anos, ficou notabilizado como defensor da comunidade indiana, vítima da política racista praticada por autoridades coloniais. Gandhi optou por retornar à Índia em 1914 e, quando retornou, já era uma personalidade bastante conhecida e destacada.
Apesar do seu retorno, Gandhi somente iniciou a luta pela independência da Índia em 1919, quando a Primeira Guerra Mundial já havia terminado. A partir de 1919, Gandhi colocou em prática seu princípio de resistência não violenta que havia sido utilizado na África do Sul. A mobilização das massas sob a influência de Gandhi conduziu a Índia à independência.
O Satyagraha é um conceito que defende a resistência não violenta a partir de atos de desobediência civil. A intenção do Satyagraha é mobilizar a população de forma não violenta para, a partir de seus atos de resistência, convencer aquele que comete a injustiça de que suas ações são nocivas, levando-o ao arrependimento. Foi o ativismo de Gandhi a partir da Satyagraha que lhe rendeu o nome de “Mahatma” (grande alma, em português).
Ao longo das décadas de 1920, 1930 e 1940, Gandhi incentivou a população a realizar ações de desobediência civil com o objetivo de enfraquecer o domínio colonial da Inglaterra sobre a Índia. Uma das formas de desobediência civil incentivadas por Gandhi foi a de motivar as pessoas a produzirem sua própria roupa e a não comprar as roupas produzidas pelos ingleses.
Para dar o exemplo, Gandhi passou a carregar consigo um tear manual, que utilizava para produzir suas próprias roupas. O tear manual utilizado por Gandhi transformou-se em um símbolo nacional da Índia e atualmente está estampado na bandeira do país. Outra demonstração de desobediência civil muito conhecida foi a Marcha do Sal, que aconteceu em 1930.
A Marcha do Sal foi um desafio direto de Gandhi às autoridades coloniais. Na época, os ingleses proibiam os indianos de comprarem sal que não fosse o produzido pelo Império Britânico. Em resposta a isso, Gandhi mobilizou uma multidão, que marchou para uma região litorânea da Índia, onde extraíram e produziram seu próprio sal. Essas atitudes de Gandhi fizeram com que as autoridades britânicas ordenassem a prisão dele por diversas vezes.
O movimento pela independência da Índia ganhou força principalmente quando as autoridades britânicas declararam que a Índia se uniria aos esforços de guerra da Inglaterra durante a Segunda Guerra Mundial. No entanto, à medida que o movimento de independência fortalecia-se, uma divisão interna também ganhava força.
A população muçulmana da Índia não via com bons olhos uma Índia independente sob a influência dos indianos hindus. Assim, a rivalidade entre os dois lados aumentou consideravelmente e demandas pelo separatismo surgiram entre os indianos muçulmanos. Apesar dos protestos de Gandhi, o conflito entre as duas partes não cessou.
O domínio inglês na região foi finalizado em 1947, e a disputa existente entre muçulmanos e hindus fez com que o país se dividisse em dois: o Paquistão, ocupado pela população muçulmana, e a Índia, ocupada pela população hindu. Essa divisão também levou a um conflito: a Primeira Guerra indo-paquistanesa. Até hoje as relações entre os dois países não são amigáveis.
A separação entre as duas nações também foi o motivo da morte de Gandhi. No dia 30 de janeiro de 1948, Gandhi foi assassinado em sua residência, que se localizava em Nova Delhi. O assassino de Gandhi era Nathuram Godse, um nacionalista hindu que culpava Gandhi pela separação entre Índia e Paquistão. Nathuram Godse foi preso e executado em 1949.
Críticas a Gandhi
Apesar de toda a atuação destacada na independência da Índia e em seus protestos pacíficos, a figura de Gandhi tem recebido algumas críticas conduzidas por novos estudos sobre a vida dele. Primeiramente, Gandhi tinha opiniões racistas e manifestou-as, sobretudo, durante os anos em que esteve na África do Sul. Novos estudos conduzidos por dois professores sul-africanos trouxeram novas evidências sobre as posturas racistas defendidas por Gandhi|1|.
Além disso, existem relatos de que Gandhi possuía opiniões machistas, e o tratamento dado a sua mulher é considerado inadequado por muitos de seus críticos. Muitos criticam Gandhi por ter proibido os médicos de tratarem a pneumonia de sua mulher com penicilina. A recusa de Gandhi ao tratamento de sua mulher fez com que ela morresse vítima da doença |2|.
Por fim, há aqueles que criticam Gandhi por negligenciar a luta dos dalits, a casta mais baixa da Índia, por mais direitos sociais.
|1| “What did Mahatma Gandhi think of black people?” Para acessar, clique aqui [em inglês].
|2| “The Truth about Gandhi”. Para acessar, clique aqui [em inglês].
*Créditos da imagem: Catwalker e Shutterstock