Segunda Guerra Mundial na Ásia e no Pacífico
A Segunda Guerra Mundial foi um conflito iniciado em 1939 e finalizado em 1945 e possuiu cenários de guerra espalhados por várias partes do mundo. Um desses cenários foi o sudoeste asiático e o Oceano Pacífico, onde houve a mobilização de exércitos japoneses contra americanos.
O Japão, durante a Segunda Guerra Mundial, era membro do Eixo, grupo que havia sido formado por Alemanha, Itália e Japão após a assinatura do Pacto Tripartite em 1940. Já os Estados Unidos lutaram ao lado dos Aliados a partir de 1941. Os Aliados, além dos Estados Unidos, contavam com Reino Unido, União Soviética e a França.
Japão no pré-guerra
Durante a década de 1930, o Japão era um país extremamente nacionalista, apresentava posturas agressivas de imperialismo e era dominado politicamente pela extrema-direita. Essa configuração do Japão foi construída a partir da Restauração Meiji, que resultou, além da modernização econômica do país, no surgimento de um culto ao Imperador e na valorização do nacionalismo.
As primeiras posturas imperialistas do Japão foram manifestadas contra a China. O Japão via com maus olhos a crescente presença estrangeira em território chinês e passou a defender a extensão da sua influência sobre esse território. Isso resultou em um atrito político com a Rússia e, no começo do século XX, a Guerra russo-japonesa foi travada entre as duas nações pelo controle da Península da Coreia e da Manchúria. A vitória japonesa resultou em uma onda de entusiasmo nacionalista.
Nesse contexto, cresceu a rivalidade entre Japão e Estados Unidos. No final da década de 1910, o Japão estipulou 21 exigências sobre o território chinês, mas elas foram vetadas por influência americana. Além disso, durante esse período, os Estados Unidos negaram vistos para cidadãos japoneses que iam aos Estados Unidos.
A radicalização política do Japão fortaleceu-se na década de 1920 com o aval do Imperador Hiroíto, que passou a defender um conflito armado e direto contra os Estados Unidos. Poucos membros do Exército e Marinha japoneses eram contrários a essa ideia. A postura agressiva defendida pela sociedade japonesa durante a década de 1930 ficou conhecida como Ofensiva Sul e defendia que o Japão não poderia permitir a influência das potências ocidentais sobre territórios colonizados na Ásia|1|.
Os primeiros atos de agressão japonesa durante a década de 1930 foram a invasão da Manchúria em 1933 e a sua anexação ao território japonês. Essa postura deu início à chamada Segunda Guerra Sino-japonesa em 1937, que se estendeu até 1945.
Ataque a Pearl Habor e Guerra contra os EUA
Aviões americanos na base aérea da ilha de Guadalcanal. Foto de janeiro de 1943
No final de 1941, era evidente para a inteligência americana que o Japão planejava atacar os EUA. O ataque foi elaborado pelo general Isoroku Yamamoto e atingiu a base naval americana de Pearl Harbor, localizada no Havaí. Esse fato aconteceu em 7 de dezembro de 1941 e resultou na destruição parcial da frota americana. Por causa desse ato, os Estados Unidos declararam guerra ao Japão.
A primeira fase desse conflito foi caracterizada pelas vitórias japonesas. Em poucos meses, o Japão derrotou ingleses, franceses e americanos em várias partes da Ásia: Filipinas, Cingapura, Malásia, Birmânia etc. A presença japonesa na China e as conquistas realizadas no sudoeste asiático resultaram em vários relatos de violência e atrocidades contra a população local e contra os exércitos adversários. O historiador Max Hastings retrata algumas das ações japonesas:
Os japoneses passaram a tratar os prisioneiros do modo como eles pretendiam seguir na guerra. Depois da queda de Hong Kong, no Natal de 1941, os invasores iniciaram uma orgia de estupros e massacres que se estendeu a freiras e enfermeiras e a pacientes de hospital mortos a baioneta em seus leitos. Cenas similares ocorreram em Java e em Sumatra, as maiores ilhas das Índias Orientais Holandesas […]. O exército japonês manteve em suas novas conquistas a tradição de selvageria estabelecida na China […] |2|.
Apesar das vitórias iniciais, o decorrer do conflito mostrou a recuperação do Exército e da Marinha americana gradativamente. Isso se explica pelo fato de a economia americana ser muito maior que a japonesa, portanto, poderia sustentar uma guerra a longo prazo, diferentemente dos japoneses. Além disso, a produção de armamentos e embarcações para guerra nos Estados Unidos era muito maior.
O conflito no Pacífico estendeu-se até setembro de 1945, quando o Japão rendeu-se. A partir do segundo semestre de 1942, os Estados Unidos passaram a ganhar todas as grandes batalhas. As grandes batalhas a partir de 1942 foram:
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Batalha de Midway (junho de 1942): tentativa japonesa de invadir as Ilhas Midway. Foram derrotados pela Marinha americana, e a capacidade de guerra do Japão foi prejudicada de maneira permanente após essa batalha.
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Batalha de Guadalcanal (agosto de 1942 a fevereiro de 1943): invasão americana da Ilha de Guadalcanal. O objetivo – alcançado com sucesso – era tomar a ilha para impedir que o Japão a utilizasse como base aérea.
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Batalha de Tarawa (novembro de 1943): conquista americana da ilha de Tarawa, o que permitiu aos Estados Unidos utilizar a ilha como base e destruir a aeronáutica japonesa durante 1944.
Ocorreram vitórias americanas significativas também nas Filipinas, Iwo Jiwa e Okinawa. Entretanto, a resignação japonesa em lutar até a morte deixou bem claro para os comandantes americanos que a invasão do Japão resultaria em milhares de mortes de soldados americanos. A partir dessa conclusão, optaram por utilizar uma arma poderosa que haviam desenvolvido – bombas nucleares.
Foram escolhidas duas cidades importantes no Japão – Hiroshima e Nagasaki – para serem alvos das bombas. O ataque ocorreu em 6 de agosto, em Hiroshima, e em 9 de agosto de 1945, em Nagasaki. A destruição completa das duas cidades forçou o governo japonês a assinar a rendição incondicional em setembro de 1945. A transição do Japão após a rendição foi toda realizada pelos Estados Unidos conforme os termos impostos ao Japão.
|1| BEHR, Edward. Hiroíto – por trás da lenda. São Paulo: Globo, 1991, p.77.
|2| HASTINGS, Max. O mundo em guerra 1939-1945. Rio de Janeiro, Intrínseca, 2012, p. 231-232.