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Movimento hippie

O movimento hippie foi um movimento de contracultura que surgiu nos Estados Unidos na década de 1960 e que defendia uma sociedade mais libertária e naturalista.
Mulher segurando um pedaço de papelão com o símbolo adotado pelo movimento hippie na década de 1960.
Símbolo adotado pelo movimento hippie na década de 1960. Esse símbolo já tinha sido utilizado pela Inglaterra na campanha de desarmamento nuclear.

O movimento hippie foi um movimento de contracultura que surgiu no pós-Segunda Guerra Mundial, durante o contexto da Guerra Fria, na década de 1960, quando os Estados Unidos estavam envolvidos na Guerra do Vietnã. Questionava o American Way of Life, estilo de vida americano baseado no consumismo.

Definido como um movimento de contracultura, se opunha à Guerra do Vietnã, ao autoritarismo, ao capitalismo, ao comunismo, ao conservadorismo, à segregação racial, à corrida armamentista, ao uso de armas nucleares e à ordem bipolar da Guerra Fria. Rejeitava também as ideias de hierarquia e obediência. Manifestavam-se de modo pacífico e buscavam romper com os padrões culturais e sociais impostos no período.

Leia também: Afinal, o que é contracultura?

Resumo sobre o movimento hippie

  • O movimento hippie foi um movimento de contracultura que surgiu na década de 1960 nos Estados Unidos.
  • O movimento hippie surgiu contestando os valores capitalistas da época, questionando o American Way of Life e defendendo práticas mais libertárias.
  • O movimento hippie se opunha à Guerra do Vietnã e à ordem bipolar da Guerra Fria.
  • Hippies rejeitavam a hierarquia, a obediência, o autoritarismo, o capitalismo, o comunismo e criticavam a imposição de valores estéticos de beleza, o modelo de educação, de matrimônio e de família vigentes.
  • Na arte se expressavam através da música, da literatura e da moda. 
  • Os integrantes usavam roupas coloridas, calças desbotadas, colares, camisas indianas, flores no cabelo, camisetas tie-dye, sandálias, bolsas a tiracolo, roupas reaproveitadas, saias curtas, muitos adereços e geralmente tinham cabelos longos.
  • Tinham como lemas as frases “Faça amor, não faça guerra” (Make love, not war), “Paz e amor” (Peace and love), “Poder das flores” (Flower Power) e “Proíbam a bomba” (Ban the bomb).
  • Em 1969, as reinvindicações do movimento hippie culminaram na realização do Festival de Woodstock.
  • O Flower Power está diretamente ligado ao movimento hippie e compartilhava de ideias de resistência e luta por direitos civis presentes nos movimentos Black Power e Gay Power.
  • No Brasil, a contracultura hippie se deu através experimentações independentes e improvisadas, tais como shows, filmes, performances e teatro experimental, além de influenciar a moda e o comportamento dos jovens.
  • Seus lemas ainda podem ser vistos em manifestações ao redor do mundo.

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O que foi o movimento hippie?

O movimento hippie foi um movimento de contracultura que surgiu nos Estados Unidos na década de 1960. Esse movimento se opunha à Guerra do Vietnã (1959-1976), ao autoritarismo, ao conservadorismo, à segregação racial, à corrida armamentista, ao uso de armas nucleares e à ordem bipolar da Guerra Fria (1947-1981), que dividia o mundo em áreas de influências soviéticas e estadunidenses.

Além disso, rejeitava o capitalismo e o comunismo, além da hierarquia e da obediência. Também criticava a imposição de valores estéticos de beleza, o modelo de educação, de matrimônio e de família vigentes. Inserido no contexto de neoliberalismo, questionava sobre o real benefício da sociedade industrializada, recusando o predomínio da racionalidade científica e buscando redefinir a sociedade por meio de experiências sensoriais.

Com a popularização da pílula anticoncepcional, defendia a ideia de amor por meio de relações sexuais livres. Na arte se expressava através da música, da literatura e da moda. Em relação a alimentação, defendia o consumo de comidas naturais.

A contracultura hippie representou o choque de gerações e lutas pelos direitos civis dos negros, dos homossexuais e das mulheres. É importante lembrar que o movimento hippie foi influenciado pelo movimento negro dos Estados Unidos.

Origem do movimento hippie

O movimento hippie surgiu no pós-Segunda Guerra Mundial, durante o contexto da Guerra Fria, na década de 1960, quando os Estados Unidos estavam envolvidos na Guerra do Vietnã. Durante o conflito, grande parte da população estadunidense contestava a manutenção dos EUA, gerando uma onda de questionamentos sobre os valores e costumes daquele período. O movimento hippie surgiu, então, contestando os valores capitalistas da época, questionando o American Way of Life, estilo de vida americano baseado no consumismo, e defendendo práticas mais libertárias.

Qual o objetivo do movimento hippie?

O movimento hippie defendia a vida em comunidade de forma harmônica, com práticas mais libertárias e naturalistas, como o consumo de alimentos naturais. Além disso, buscava a saída dos Estados Unidos da Guerra do Vietnã.

Características do movimento hippie

→ Roupas do movimento hippie

Quatro jovens utilizando roupas características do movimento hippie.
As roupas e acessórios do movimento hippie possuem um estilo muito característico.

Os integrantes do movimento hippie usavam roupas coloridas, calças desbotadas, colares, camisas indianas, flores no cabelo, camisetas tie-dye, sandálias, bolsas a tiracolo, roupas reaproveitadas, saias curtas, muitos adereços e geralmente tinham cabelos longos, vistos como ato de rebeldia pela sociedade conservadora daquele período.

→ Expressões do movimento hippie

Influenciados pela ideia de resistência não violenta do líder indiano Mahatma Gandhi, tinham como slogans as frases “Faça amor, não faça guerra” (Make love, not war), “Paz e amor” (Peace and love), “Poder das flores” (Flower Power) e “Proíbam a bomba” (Ban the bomb). Ao final de suas passeatas era comum a distribuição de flores. Assim, o movimento hippie pode ser percebido como um movimento pacifista.

→ Ideologia do movimento hippie

O movimento hippie defendia uma vida harmônica em comunidade e repudiava o capitalismo e a ideia de Estado. No entanto, apesar das críticas da contracultura hippie ao capitalismo, o próprio capitalismo incorporou as características do movimento em seus slogans publicitários, tais como a ideia de liberdade e rebeldia, buscando atrair o público mais jovem, ampliando seus lucros na indústria da moda. Assim, o teor revolucionário do movimento foi banalizado por meio da indústria cultural.

→ Cultura do movimento hippie

No aspecto cultural, o movimento hippie criticava o estilo de vida consumista e a sociedade industrializada e rejeitava a hierarquia, a obediência, o autoritarismo, o capitalismo, o comunismo e a guerra. Era contra a imposição de valores estéticos de beleza e buscava redefinir a sociedade por meio de experiências sensoriais. Defendia o amor livre, práticas mais libertárias e naturalistas e se expressavam através da arte e da moda. 

Movimento hippie e o Festival de Woodstock

Jovens no Festival de Woodstock, em 1969, um evento ligado ao movimento hippie e a outros movimentos de contracultura.
Jovens no Festival de Woodstock, realizado pela primeira vez em 1969, na cidade de Bethel, nos Estados Unidos. [1]

Durante as décadas de 1950 e 1960, o mundo foi marcado por mudanças políticas, sociais e culturais. A América do Sul passava por governos militares, Cuba havia realizado a sua revolução, a Guerra do Vietnã e a Guerra da Coreia haviam iniciado, além do fortalecimento do movimento negro e feminista, bem como do movimento hippie. Nesse contexto, o surgimento da contracultura na sociedade de consumo culminou na realização do Festival de Woodstock, em agosto de 1969, na cidade de Bethel, nos Estados Unidos.

O Festival de Woodstock reuniu mais de 300 mil pessoas e teve como grande destaque a participação do cantor, compositor e guitarrista Jimi Hendrix, que tocou o hino nacional dos Estados Unidos com acordes que simulavam bombas e aviões, mostrando a sua insatisfação e protestando contra o horror da Guerra do Vietnã. Para saber mais obre o Festival de Woodstock, clique aqui.

Movimento hippie e o Flower Power

Representação do Flower Power (“Poder das flores”), expressão utilizada como slogan pelo movimento hippie.
Representação do Flower Power (“Poder das flores”), expressão utilizada como slogan pelo movimento hippie.

Criada pelo poeta Allen Ginsberg, a expressão Flower Power (“Poder das flores”) foi utilizada como slogan pela contracultura hippie, que compartilhava de ideias de resistência e luta por direitos civis presentes nos movimentos Black Power e Gay Power.

O Flower Power defendia a ideia de paz e amor, protestando contra a Guerra do Vietnã, tendo como “arma” o uso de flores. Os jovens entregavam flores aos militares ou colocavam flores nos canos de suas armas.  Assim, tendo como slogan as frases “Poder das flores” (Flower Power) e “Faça amor, não guerra” (Make love, not war), o movimento contestava os valores sociais e culturais vigentes de modo pacífico.

Movimento hippie no Brasil

O movimento hippie não ficou restrito somente aos Estados Unidos, expandindo-se em contextos diversos e adquirindo novas percepções na Alemanha, França, Inglaterra e Brasil. Enquanto os Estados Unidos vivenciavam a Guerra do Vietnã e a busca pela ampliação de áreas de influência, no Brasil as influências da contracultura estiveram presentes no contexto da Ditatura Civil-Militar por meio dos jovens que defendiam a liberdade e igualdade de direitos e buscavam romper com os padrões sociais e culturais dominantes no país.

A contracultura hippie se deu no Brasil através de experimentações independentes e improvisadas, tais como shows, filmes, performances e teatro experimental, e influenciou a moda e o comportamento dos jovens brasileiros. A arte foi utilizada como instrumento de denúncia política e social, apresentando uma visão irônica sobre a cultura de massa. A Tropicália (ou Tropicalismo) foi um movimento que teve essa influência, ao adotar a visão antropofágica de mundo de Oswald de Andrade. Contestava a política vigente no país, ao mesmo tempo que negava a estética musical dominante, apresentando uma postura crítica e renovadora.

Movimento hippie na atualidade

Placa com o escrito “Make love, not war”, frase do movimento hippie, em manifestação contra a Guerra entre Rússia e Ucrânia.
Placa com o escrito Make love, not war (“Faça amor, não faça guerra”) em manifestação contra a Guerra entre Rússia e Ucrânia. [2]

Apesar de o movimento hippie ter tido o seu auge na década 1960, ele ainda está presente na memória coletiva e exerce influência cultural, social e política na atualidade. Seus lemas, como “Paz e amor” e “Faça amor, não faça guerra”, ainda podem ser vistos em manifestações ao redor do mundo, e a sua defesa da liberdade ainda pode ser percebida no comportamento das pessoas e na indústria cultural. Sendo assim, ele ainda se faz presente, entretanto inserido em novos contextos históricos, assumindo novas formas. Suas ideias de liberdade sexual, defesa do meio ambiente, naturalismo e de crítica ao consumismo e ao capitalismo ainda reverberam na sociedade atual.

Acesse também: Feminismo — um movimento social e político de luta pelos direitos das mulheres

Exercícios resolvidos sobre o movimento hippie

Questão 1

(UEPG) O movimento hippie ganhou projeção na década de 1960. Apesar de ter nascido nos Estados Unidos, rapidamente se espalhou pelo mundo com a proposta de mudar o comportamento social instituído e de romper com os modelos tradicionais de convivência. A respeito desse tema, assinale o que for correto.

01) Predominantemente liderado por homens, apesar de pregar a igualdade e os amplos direitos sociais, o movimento hippie reservou um papel secundário para as mulheres, notadamente o de companheiras sexuais dos parceiros masculinos.   

02) Apesar de terem semelhanças nos propósitos gerais, o movimento hippie e o movimento negro não eram alinhados e disputavam espaço entre os jovens na década de 1960. Líderes negros como Luther King e Malcolm X foram críticos declarados do comportamento hippie.   

04) O “Poder das flores” (Flower Power), termo criado pelo poeta Allen Ginsberg, foi um slogan utilizado pelo movimento hippie para representar o princípio da não violência.   

08) O movimento hippie nasceu em oposição ao chamado movimento beatnik, o qual teve grande repercussão nos Estados Unidos na década de 1950, com base em uma literatura que defendia o modelo social norte-americano.   

16) Considerado o ato inicial do movimento hippie, o “verão do amor” ocorreu em San Francisco (Califórnia) e, além de um grande número de anônimos, reuniu intelectuais, músicos e artistas que, pouco depois, integraram o movimento.  

Resolução:

Somatória: 20 (04 + 16).

A afirmação 01 está incorreta, pois as mulheres tiveram grande destaque no movimento hippie, que contribuiu para o fortalecimento do movimento feminista.

A afirmativa 02 está incorreta, pois a luta pelos direitos civis estava presente nos dois movimentos.

A afirmativa 08 está incorreta, pois o movimento beatnik tinha pautas próximas às do movimento hippie, embora em contextos históricos diferentes.

Questão 2

(Ufam)

Entre as décadas de 1950 e 1960, nos Estados Unidos e nos países da Europa Ocidental, “muitos jovens passaram a criticar os modos de vida tradicionais e a criar novos estilos de vida e de relações sociais”. Esse movimento começou nos Estados Unidos, quando uma geração de intelectuais e poetas dos anos de 1950 (Jack Kerouac, Allen Ginsberg e William Burroughs) passou a criticar o individualismo e o consumismo do chamado American Way of Life. Durante esse período, muitos jovens se engajaram no movimento hippie e adotaram o seguinte lema: “Paz e amor”.

VAINFAS, Ronaldo [et al]. História 3: ensino médio. São Paulo: Saraiva, 2016. p. 151-153.

Esse movimento iniciado nos Estados Unidos recebeu o nome de:

A) Contracultura.   

B) Modernismo.   

C) Primavera árabe.   

D) Pan-africanismo.   

E) Realismo.  

Resolução:

Alternativa A.

O texto faz referência ao movimento da contracultura que se opunha à Guerra do Vietnã, ao autoritarismo, ao capitalismo, ao comunismo, ao conservadorismo, à segregação racial, à corrida armamentista, ao uso de armas nucleares e à ordem bipolar da Guerra Fria. As demais alternativas estão inseridas em outros contextos e práticas.

Créditos de imagem

[1] Derek Redmond / Paul Campbell / Wikimedia Commons (reprodução)

[2] Dutchmen Photography / Shutterstock

Fontes

BARROS, P. M. A estética tropicalista através das capas de discos: o design psicodélico de Rogério Duarte. Domínios Da Imagem, 12(23), 19-33, 2018.

HAYEK, T. F. M. Diálogos entre a contracultura, o meio ambiente e o desenho animado: O urso que não era (o urso que não foi). XII Safety, Health and Environment World Congress, 2012.

KAMINSKI, L. F. O movimento hippie nasceu em Moscou: imaginário anticomunista, contracultura e repressão no Brasil dos anos 1970. Antíteses, v. 9, n. 18, p. 467-493, 2016.

PORTAL DE JORNALISMO. Movimento hippie inspira jovens no mundo inteiro. Portal de Jornalismo ESPM, 2018. Disponível em: https://jornalismosp.espm.edu.br/movimento-hippie-inspira-jovens-no-mundo-inteiro/.

XIBERRAS, M. Noções do mundo hippie hoje: seus desdobramentos culturais e políticos. Tradução: Ricardo Ferreira Freitas. Revista Z Cultural, v. 5, c2023. Disponível em: http://revistazcultural.pacc.ufrj.br/nocoes-do-mundo-hippie-hoje-seus-desdobramentos-culturais-e-politicos-de-martine-xiberras-2/.

Publicado por Vanessa Clemente Cardoso

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