Prosa medieval

Conforme os estudos que fizemos acerca do primeiro período medieval, especificamente representado pelo Trovadorismo, constatamos que a atividade literária que nele predominou foi as cantigas trovadorescas, sendo essas demarcadas pela poesia.  Contudo, equivale dizer que a prosa também atuou de forma significativa, e que a partir de agora se torna palco dessa nossa rica e proveitosa discussão.

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Nesse sentido, em se tratando dela, afirmamos que os primeiros registros somente se manifestaram no final do século XIII, sendo que alguns assumiram um perfil religioso, outros, um perfil histórico e genealógico, bem como alguns deles se apresentaram como narrativas. Partindo desses notáveis aspectos, podemos afirmar que se apresentam subdivididos em categorias específicas, estando demarcadas por:

Hagiografias (provindas do grego hagio + grafia = escrita) - Manifestavam-se como relatos da vida de santos, envoltas por objetivo moralizante e exemplar. Assim, dadas tais intenções, foram produzidas dentro dos mosteiros e muitas delas escritas em latim;

Cronicões – Caracterizavam-se como uma ordenação cronológica dos fatos históricos;

Livros de linhagem ou nobiliários – Definiam-se como compilações da linhagem genealógica de famílias nobres, nas quais, não raras as vezes, demarcavam-se por relatos de episódios ou feitos de origem lendária. Assim, pretendiam orientar a nobreza acerca de possíveis casamentos e relações de amizades, cujo intuito maior era defender os privilégios feudais;

Novelas de cavalaria – Representavam narrativas de grandes feitos guerreiros e aventuras amorosas dos cavaleiros medievais. Acerca delas, passemos a conhecer algumas das características que as demarcaram, ora expressas abaixo:

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Novelas de cavalaria

Como expresso anteriormente, caracterizavam-se como narrativas tipicamente medievais, de autoria desconhecida e resultando como sendo fruto das transformações das canções de gesta – poemas que pautavam por narrar as aventuras heroicas de cavaleiros andantes. Manifestaram-se também em toda a segunda fase medieval, demarcada pelo Humanismo e se estenderam até o Renascimento, época essa em que tais produções vieram a se manifestar em outros países, transformando-se em outros tipos de relato, como foi o caso de leituras populares.

Pode-se dizer que foram produzidas em lugares distintos da Europa, o que contribuiu para que se tornassem subdivididas em três grandes ciclos: O ciclo bretão ou arthuriano, cuja origem se atribui à Inglaterra e fazendo referência aos feitos do rei Arthur e aos cavaleiros da Távola Redonda; ciclo carolíngio, referindo-se ao rei Carlos Magno e aos doze pares de cavaleiros da França; e o ciclo Clássico, tendo como referência as figuras da Antiguidade grega e romana.

Em se tratando de Portugal, algumas novelas do ciclo bretão se tornaram traduzidas e adaptadas já no século XIII, demarcadas pela História de Merlin, José de Arimateia e a mais famosa delas – A demanda do Santo Graal. Já no século XIV, um pouco mais tarde, apareceu Amadis de Gaula, apresentando-se como contemporânea da poesia trovadoresca e se afirmando como sendo de origem ibérica – razão pela qual se define como a que mais reflete os temas das cantigas de amor e dos ideais cavaleirescos. Em última das instâncias, torna-se importante ressaltar que, ao contrário de serem lidas de forma individual, eram para ser ouvidas. Assim, acerca desse aspecto, equivale afirmar que possuíam um ritmo que lembrava o da poesia, adequado à leitura em público - o que facilitava o emprego de recursos próprios da modalidade, como as interjeições exclamativas.

* Créditos da imagem: Radu Razvan e Shutterstock

Cavaleiro medieval*
Cavaleiro medieval*
Escrito por: Vânia Maria do Nascimento Duarte Escritor oficial Mundo Educação.

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