Whatsapp icon Whatsapp

Espontaneidade das reações

A pilha de Daniell (figura acima) funcionava porque a reação de oxirredução em que o zinco doa elétrons para o cobre é espontânea
A pilha de Daniell (figura acima) funcionava porque a reação de oxirredução em que o zinco doa elétrons para o cobre é espontânea

As pilhas são sistemas em que a energia química é transformada em energia elétrica de modo espontâneo. O valor da diferença de potencial (ddp) ou força eletromotriz de uma pilha (∆E0) sempre dará positivo e, como foi explicado no texto Diferença de potencial de uma pilha, o valor de ∆E0 pode ser calculado diminuindo-se o potencial de redução (ou de oxidação) de um eletrodo pelo outro:

∆E0 = E0red (maior) - E0 red (menor)               ou        ∆E0 = E0oxi (maior) - E0 oxi (menor)

Também podemos calcular o ∆E0 da pilha somando o potencial de oxidação com o de redução:

∆E0 = E0oxidação + E0 redução

Os valores dos potenciais-padrão para os metais e ametais que podem constituir os eletrodos de uma pilha foram determinados experimentalmente e podem ser consultados na tabela anexa no texto Potencial-padrão de redução das pilhas.

Esses dados são importantes para determinarmos a espontaneidade de uma reação, ou seja, se a reação global de uma pilha realmente ocorre na prática e se ela irá funcionar.

Temos que analisar o seguinte:

  1. ∆E0 > 0: a reação no sentido indicado é espontânea e a pilha funcionará;
  2. ∆E0 < 0: a reação no sentido indicado não é espontânea e a pilha não funcionará;
  3. ∆E0 = 0: a reação está em equilíbrio e não há corrente elétrica fluindo no circuito.

O cálculo da força eletromotriz também nos ajuda a identificar quem será o ânodo e o cátodo e qual será o valor da diferença de potencial da pilha.

Para ficar mais claro, vejamos um exemplo:

Considere uma pilha com eletrodos de magnésio e níquel, formando a seguinte reação global:

Mg2+(aq) + Ni(s) → Mg(s)+ Ni2+(aq)

Será que essa pilha realmente funciona?

Para sabermos, vamos escrever separadamente as semirreações de cada eletrodo. Segundo a equação global, o cátion magnésio sofreu redução, sendo o cátodo; e o níquel metálico sofreu oxidação, sendo o ânodo:

Redução – ânodo: Mg2+(aq) + 2 e- → Mg(s)
Oxidação – cátodo: Ni(s) → Ni2+(aq)  2 e-

Não pare agora... Tem mais depois da publicidade ;)

Consultando a tabela de potenciais-padrão de redução e de oxidação, encontramos os valores dos potenciais para essas semirreações:

Mg2+(aq) + 2 e- → Mg(s)           ∆E0redução = -2,375 V
Ni(s) → Ni2+(aq)  2 e-     ∆E0oxidação = + 0,24 V

Para achar o valor de ∆E0 basta somar o potencial de oxidação com o de redução:

∆E0 = E0oxidação + E0 redução
∆E0 = + 0,24 + (-2,375)
∆E0 = - 2,135 V

Observe que o valor de ∆E0 deu negativo, portanto, essa reação não é espontânea, ela não ocorre e essa pilha não funciona. Se fosse no sentido oposto, a reação seria espontânea.

Agora considere outro caso, o de um prego de ferro mergulhado numa solução de nitrato de prata (AgNO3) a 1 mol/L. Será que irá ocorrer deposição metálica sobre o ferro? As semirreações envolvidas são:

Ag+(aq) + e- ↔  Ag( s) 

Fe2+(aq) + 2 e- ↔  Fe( s)

Consultando a tabela de potenciais-padrão de redução, temos:

Ag+(aq) + e- ↔  Ag( s)     Ered = + 0,80 V

Fe2+(aq) + 2 e- ↔  Fe( s)      Ered = - 0,44 V

O valor do potencial de redução da prata é maior, o que significa que sua tendência de receber elétrons é maior, por isso os cátions prata irão reduzir, transformando-se em prata metálica que de fato se depositará sobre o prego de ferro. Enquando isso, o ferro irá perder elétrons, oxidando-se e transformando-se em cátions ferro que ficarão livres em solução:

Redução: Ag+(aq) + e- ↔  Ag( s)              Eredução = + 0,80 V

Oxidação: Fe( s)      ↔  Fe2+(aq) + 2 e- Eoxidação = + 0,44 V

Agora é só somar os potenciais de redução e de oxidação para confirmar que essa reação de fato ocorre:

∆E0 = E0oxidação + E0 redução
∆E0 = + 0,44 + 0,80
∆E0 = + 1,24 V

O valor de ∆E0 deu positivo, portanto, essa reação é espontânea e a pilha funciona. Se fosse no sentido oposto (se fosse uma lâmina de prata mergulhada numa solução com íons ferro), a reação não ocorreria.

Publicado por Jennifer Rocha Vargas Fogaça
Assista às nossas videoaulas

Artigos Relacionados

Bateria de níquel-cádmio
Conheça as vantagens, desvantagens, composição e funcionamento da bateria de níquel-cádmio.
Como obter cloro líquido?
Aprenda sobre Eletrólise e como esse processo transforma gases em líquidos.
Eletrólise em meio aquoso
Entenda como ocorre a eletrólise em meio aquoso e como você pode saber quais íons se descarregam nos eletrodos, já que a água também está presente.
Leis da eletrólise
Conheça os aspectos quantitativos da eletrólise, como a determinação da carga elétrica e da massa obtida ou transformada nesse processo.
Pilhas e Baterias de Lítio
Veja nesse texto a diferença entre as pilhas e as baterias de lítio, além de suas voltagens, durabilidade, esquemas de funcionamento e aplicações.
video icon
Escrito"Função Seno com Geogebra" sobre fundo bege e amarelo.
Matemática
Função Seno com Geogebra
Nesta aula utilizaremos o software gratuito geogebra para mostrar as possíveis variações da função seno. Analisaremos o eixo central, a amplitude, o máximo e mínimo, a imagem e o período da função seno.

Outras matérias

Biologia
Matemática
Geografia
Física
Vídeos
video icon
Pessoa com as pernas na água
Saúde e bem-estar
Leptospirose
Foco de enchentes pode causar a doença. Assista à videoaula e entenda!
video icon
fone de ouvido, bandeira do reino unido e caderno escrito "ingles"
Gramática
Inglês
Que tal conhecer os três verbos mais usados na língua inglesa?
video icon
três dedos levantados
Matemática
Regra de três
Com essa aula você revisará tudo sobre a regra de três simples.