Max Weber
Max Weber foi um sociólogo, jurista e economista alemão. O pensador é considerado um dos clássicos da sociologia por ter fundado um método de análise sociológica de extrema importância para o desenvolvimento da sociologia enquanto ciência autônoma e bem fundamentada. Sua carreira intelectual foi impulsionada pelo estudo do capitalismo e o êxito desse sistema econômico em sociedades protestantes e pela participação em importantes momentos históricos da Alemanha, como no Tratado de Versalhes e na formulação da Constituição de Weimar.
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Biografia de Max Weber
Karl Emil Maximilian Weber nasceu em 1864, na cidade de Efurt, Alemanha. Seu pai era um advogado de sucesso, e sua família era protestante e tradicional da cidade, fato que influenciou os estudos do sociólogo. A situação política e econômica da Alemanha, no século XIX, foi um fator decisivo para a consolidação das teorias econômicas e sociais de Weber.
Em 1882, aos 18 anos de idade, Weber começou a estudar Direito na Universidade de Heidelberg, onde iniciou suas pesquisas em ciências jurídicas, economia e ciência da religião. Em 1889, aos 25 anos de idade, o sociólogo doutorou-se, em Direito, pela Universidade de Berlim, e, em 1893, tornou-se professor da Universidade de Freiburg. Paralelamente à carreira acadêmica, Weber tentou uma carreira política, envolvendo-se no cenário político alemão, porém sem grande sucesso.
Muito rígido consigo mesmo, provavelmente um reflexo de sua criação, Weber enfrentou uma profunda depressão durante boa parte de sua vida adulta por não conseguir o sucesso financeiro almejado. A lógica protestante, descrita no livro A ética protestante e o espírito do capitalismo, de sua autoria, associa o sucesso financeiro e pessoal à moral religiosa e ao trabalho. Weber dependeu financeiramente do pai durante muito tempo até conseguir uma cadeira universitária.
A relação entre Max Weber e seu pai era muito conturbada. Em 1887, sua mãe decidiu passar uma temporada em sua casa, mas seu marido não permitiu que fosse sozinha, acompanhando-a. Ao recebê-los, Weber brigou com seu pai e não permitiu sua permanência em sua residência. Tempos depois, o pai de Weber morreu, o que deixou o filho em um estado profundo de depressão.
A depressão incapacitou-o para o trabalho docente, fazendo com que ele entrasse de licença na universidade e começasse a viajar. Weber visitou vários países da Europa e os Estados Unidos. Após um ano sabático, ele tentou retornar ao trabalho, mas não conseguiu, continuando licenciado para tratamento.
Para Weber, a licença e a depressão incapacitante eram vergonhosas, tanto o é que ele pediu demissão, em 1903. No entanto, pelo alto desempenho acadêmico do intelectual, o governo não concedeu sua dispensa, mas aposentou-o e tornou-o professor honorário com carga horária mínima na Universidade de Heidelberg.
Após 1903, a produção intelectual de Weber aumentou bastante, sendo que, até a sua morte, em 1920, ele produziu incessantemente.
Nos últimos anos de vida, Weber participou do conselho econômico da delegação alemã do Tratado de Versalhes, que foi um acordo político que sucedeu a Primeira Guerra Mundial, em 1919. Em 1920, o sociólogo foi membro de uma comissão para a formulação da Constituição de Weimar.
Desde a década de 1870, quando o estadista alemão Otto von Bismarck unificou os reinos germânico e prussiano em um único Estado nacional, a Alemanha estava organizada em um império. Em 1918, o Cáiser Guilherme II renunciou ao posto, após o fim da Primeira Guerra Mundial. Com isso, foi fundada a Primeira República da Alemanha. Com a fundação da república, houve a necessidade da formulação de uma nova Constituição, e ela ficou conhecida como Constituição de Weimar.
Em 1920, Weber morreu de pneumonia, aos 56 anos de idade.
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Livros de Max Weber
Em vida, Weber publicou três livros. A ética protestante e o espírito do capitalismo é o livro mais difundido do autor. Nessa obra, Weber analisou a constituição das sociedades protestantes calvinistas e luteranas, mostrando como a moral religiosa dessas pessoas permitiu o sucesso financeiro das sociedades. Em 1910, Weber publicou Economia e sociedade, e, em 1917, A ciência como vocação.
Sua esposa, Marianne Schnitger Weber, organizou sua obra não publicada após sua morte e publicou, postumamente, mais três livros: Economia e sociedade (vol. II), em 1921, A metodologia das ciências sociais, em 1922, e História econômica geral, em 1923.
Principais ideias de Max Weber
Weber contribuiu para os estudos da área com a formulação de uma espécie de “sociologia da teologia”, analisou profundamente o capitalismo e o protestantismo, e desenvolveu uma epistemologia da sociologia. As visões sociológicas predominantes, até então, provinham da obra do filósofo e sociólogo alemão Karl Marx e do sociólogo francês Émile Durkheim. A visão marxista sobre o capitalismo é extremamente crítica, mas Weber propôs uma análise otimista sobre a estrutura econômica desse sistema.
Dentre as influências teóricas de Weber, podemos destacar o idealismo do filósofo alemão iluminista Immanuel Kant e a crítica à ciência do filósofo alemão Friedrich Nietzsche, além das influências do filósofo e teórico político francês Alexis de Tocqueville. Para Weber, o plano das ideias (entendendo-o com base no idealismo kantiano) é a primeira concepção do capitalismo, pois ele seria concebido baseado em um ideal. Tendo em vista o ideal capitalista é que esse sistema econômico é constituído na prática.
Uma importante influência para despertar a curiosidade de Weber para a escrita de Ética protestante e o espírito do capitalismo foi o texto Conselho a um jovem comerciante, de Benjamin Franklin. Neste texto, Franklin esboçou noções de administração de negócios e gestão do dinheiro. Para Franklin, o dinheiro não deve ficar parado, estando sempre em movimento por meio de empréstimos e de investimentos, fazendo com que ele se multiplique.
Os calvinistas, na visão de Weber apoiada por Franklin, levam a cabo o ideal capitalista ao aliarem a noção de predestinação ao paraíso ou ao inferno. Para os calvinistas, o homem nasce predestinado e é possível identificar a predestinação ao paraíso caso se verifique, na vida dele, o trabalho e o sucesso profissional, além da retidão moral, que o impede de gastar dinheiro com futilidades.
Weber baseou-se em suas observações do desenvolvimento econômico de países sumariamente protestantes em comparação com países católicos. As grandes potências do século XX, Alemanha, Inglaterra e Estados Unidos, eram nações de maioria protestante.
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O conceito de ação social de Max Weber
O conceito de ação social é de extrema importância para a formação da sociologia weberiana e para a sociologia em geral. Para Weber, o sociólogo deve nutrir-se de uma neutralidade em relação ao seu objeto de estudo. O desenvolvimento da teoria weberiana é contrário ao método proposto por Émile Durkheim. Para Durkheim, o sociólogo deve observar a sociedade em busca dos fatos sociais, que são generalizados em uma sociedade, sendo coercitivos e impositivos sobre os sujeitos. Para Weber, não existem fatos sociais, mas sim resultados das ações sociais dos seres humanos.
As ações sociais são individuais e temporárias. O sociólogo deve observá-las com base em uma metodologia, e assim organizá-las e classificá-las. Devido à multiplicidade de ações sociais possíveis, considerando que cada sujeito pode agir de infinitas maneiras, é necessário adotar um padrão de correção para essa classificação. Esse padrão foi chamado por Weber de tipo ideal.
Esse padrão de correção está localizado no que Weber chamou de tipos ideais, que são balizas para estabelecer-se qualquer comportamento padrão. Como ideais, esses tipos são perfeitos e imutáveis, não existindo na prática. Nisso se encontram as ações que podem afastar-se ou aproximar-se dos tipos ideais.
Weber separou e classificou as ações sociais em quatro tipos. São eles:
- Ação social racional com relação a fins: é calculada racionalmente, visando atingir alguma finalidade. O casamento é um exemplo levantado por Weber, pois há nele a finalidade da constituição familiar, e a união matrimonial é a ação tomada para atingir-se esse fim.
- Ação social racional com relação a valores: não visa uma finalidade fora da própria ação, mas sim a correção moral da própria ação. Como exemplo, podemos citar certos princípios considerados como “valores morais honestos”, como não roubar.
- Ação social tradicional: não é racional. Nesse tipo de ação, o agente apenas executa ações impostas pela tradição.
- Ação social afetiva: é guiada pelos sentimentos passionais e afetivos, não sendo, portanto, racional.
Teoria da dominação
A teoria da dominação weberiana é política e discorre sobre a legitimidade do poder. Para Weber, é o Estado quem detém o poder legítimo sobre os cidadãos, exercendo a dominação legal, mas existem também outros tipos de dominação. São eles:
- Dominação legal: ocorre por meio do aparato estatal, sendo exercido pelas forças policiais e militares por meio do legítimo poder do Estado.
- Dominação tradicional: é legitimada pela tradição. As tradições passam meios de dominação no âmbito do convívio familiar, como a dominação patriarcal.
- Dominação carismática: é legitimada no interior de uma sociedade que enxerga em uma liderança carismática a legitimidade para exercer certo poder sobre ela. Os maiores exemplos desse tipo são ditadores e líderes totalitários, como Mussolini, Hitler e Fidel Castro, pessoas que, com a sua influência, conseguiram mobilizar as massas.