Linus Pauling e a Vitamina C

Linus Pauling ingeria altas doses de vitamina C

Linus Pauling foi um cientista que trouxe inúmeras contribuições para a Química e para outros campos da sociedade. Prova disso é que ele foi o único cientista que recebeu prêmios Nobel sozinho em áreas distintas. O primeiro foi o de Química, em 1954, pelo seu trabalho sobre ligações dos átomos e formação das substâncias, e o segundo foi o Prêmio Nobel da Paz, em 1963, pois participou de passeatas contra os testes nucleares e lutou pela eliminação de arsenais atômicos.

No entanto, Linus Pauling também ficou conhecido pela defesa do uso de grandes doses de vitamina C na cura de resfriados e gripes. Mas ele foi muito além, pois recomendava que as pessoas deveriam tomar gramas (e não miligramas!) de vitamina C por dia para prevenir infecções virais e até mesmo o câncer. Ele próprio consumia cerca de 18 gramas por dia de vitamina C.

Em seu livro “Vitamina C e resfriado”, que lançou em 1970, Linus Pauling defendeu que a ingestão de 1000 mg de vitamina C diariamente reduzia a incidência de resfriados em 45% para a maioria das pessoas; e na reedição do livro, em 1976, ele sugeriu doses ainda maiores.

A vitamina C possui como principal componente o ácido ascórbico, cujas principais fontes são as frutas frescas, tais como cereja-do-pará, caju, goiaba, groselha negra, manga, laranja, acerola, tomate, entre outras. A batata também é uma ótima fonte de vitamina C, bem como o pimentão e vegetais folhosos (bertalha, brócolis, couve, nabo, folhas de mandioca e cereja-do-pará).

É certo que a vitamina C traz benefícios para a saúde, entre eles, previne a doença do escorbuto e é um poderoso antioxidante. Entretanto, será que as altas doses recomendadas por Pauling são realmente benéficas? E será que previnem mesmo o câncer?

Bem, esse cientista foi muito criticado por suas pesquisas nessa área, com profundas controvérsias.  Parece não haver evidências de que ele estaria certo, comprovação e aceitação pela comunidade científica ainda são necessárias. Além disso, a dose recomendada atualmente para a população em geral é de 60 mg.

Mesmo assim, isso desencadeou uma nova linha de pesquisa, a medicina "ortomolecular", que significa "molécula certa". Fundou-se o instituto correspondente (atualmente, Pauling Institute of Science and Medicine), em 1974, em Palo Alto, na Califórnia.

Essa área médica emprega técnicas para avaliar quais vitaminas, ácidos graxos ou minerais podem estar em falta ou em excesso no organismo, causando problemas. Dessa forma, é possível realizar intervenções terapêuticas e atingir um equilíbrio das células e das moléculas do corpo humano.

Os opositores de Linus Pauling diziam que ele defendia essas ideias porque havia formado uma espécie de aliança com o principal financiador do Instituto de Medicina Ortomolecular e que era também o distribuidor majoritário da vitamina C. Entretanto, mesmo antes disso, Linus Pauling e sua mulher já consumiam doses elevadíssimas de vitamina C. Além do mais, tudo o que esse cientista fez em sua vida mostra que ele não era apenas um ser passivo, ele era sim um personagem admirável, porém controverso.

Pauling morreu de câncer de próstata em 19 de agosto de 1994, aos 93 anos de idade. Ele dizia que a vitamina C retardou o aparecimento da doença pelo menos 20 anos. No entanto, todos achavam que ele estava com câncer justamente porque tomava altas doses de vitamina C. Sua esposa morreu alguns anos antes, em 1981, de câncer de estômago.

Publicado por Jennifer Rocha Vargas Fogaça
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