Febre do oropouche
A febre do oropouche é uma doença viral transmitida por mosquitos, causada pelo vírus oropouche (OROV). O vírus foi identificado, pela primeira vez, em 1955 em Trinidad e Tobago e no Brasil em 1960. A doença é uma arbovirose, ou seja, transmitida por artrópodes, principalmente pelos mosquitos do gênero Culicoides, conhecidos como maruins ou mosquitos-pólvora.
A infecção pelo vírus oropouche provoca sintomas semelhantes aos de outras doenças virais, como febre alta, dor de cabeça, dores musculares e articulares, náusea e, em alguns casos, erupções cutâneas. O diagnóstico é feito por exames clínicos e laboratoriais, como PCR e sorologia. Não há tratamento específico, sendo os cuidados focados no alívio dos sintomas.
A prevenção envolve evitar picadas de mosquitos, utilizando repelentes, roupas apropriadas e eliminando os criadouros desses animais. Devido ao seu potencial epidêmico e alta capacidade de mutação, a doença exige vigilância constante, de forma a evitar riscos para a saúde pública.
Leia também: Chikungunya — outra doença viral transmitida por mosquitos, causada pelo vírus (CHIKV — vírus chikungunya)
Resumo sobre a febre de oropouche
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A febre do oropouche é uma arbovirose causada pelo vírus oropouche (OROV), um Orthobunyavirus da família Peribunyaviridae.
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O vírus oropouche é transmitido principalmente por mosquitos do gênero Culicoides, também conhecidos como maruins ou mosquitos-pólvora.
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Outros vetores potenciais incluem mosquitos do gênero Culex.
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A doença é endêmica em áreas tropicais e subtropicais da América Central e do Sul, com maior incidência na região Amazônica, incluindo o Brasil.
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A transmissão ocorre pela picada de mosquitos que se infectam ao se alimentar de sangue de hospedeiros vertebrados, mamíferos, que carregam o vírus.
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O ciclo de transmissão pode ser dividido em silvestre e urbano.
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Os sintomas incluem febre alta, dor de cabeça intensa, dor muscular e articular, náusea, vômito e erupções cutâneas.
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Em casos graves, pode ocorrer meningite e manifestações hemorrágicas.
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O diagnóstico é realizado por meio de testes laboratoriais específicos e análise dos sintomas.
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O tratamento é sintomático, com foco no alívio dos sintomas, como febre e dor, além de manter a hidratação adequada.
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As medidas preventivas incluem o uso de repelentes, instalação de telas em janelas e eliminação de criadouros de mosquitos.
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Programas de controle dos vetores são essenciais para reduzir a transmissão da doença em áreas endêmicas.
O que é a febre do oropouche?
A febre do oropouche é uma doença causada pelo vírus Orthobunyavirus oropoucheense (comumente conhecido como vírus oropouche ou OROV), pertencente à família Peribunyaviridae. O vírus foi inicialmente isolado em 1955 na comunidade de Vega de Oropouche, em Trinidad e Tobago, de onde deriva seu nome.
No Brasil, o vírus foi detectado, pela primeira vez, em 1960, em uma amostra de sangue de um bicho-preguiça (Bradypus tridactylus), durante a construção da rodovia Belém–Brasília. Desde então, tanto casos isolados quanto surtos têm sido registrados no país, especialmente na região Amazônica.
Quais são as causas da febre do oropouche?
A febre do oropouche é uma arbovirose, ou seja, uma doença viral transmitida por artrópodes, como mosquitos. O vírus oropouche (OROV) é principalmente propagado através da picada de mosquitos do gênero Culicoides, conhecidos popularmente como maruins ou mosquitos-pólvora. Outras espécies, como mosquitos do gênero Culex, também podem atuar como vetores.
Principais sintomas da febre do oropouche
Os sintomas da febre do oropouche geralmente aparecem de cinco a sete dias após a picada do mosquito infectado. Eles são semelhantes aos de outras doenças virais, como a dengue, o que pode dificultar o diagnóstico inicial. Os principais sintomas incluem:
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febre alta;
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dor de cabeça intensa;
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dor nos músculos e articulações;
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náusea e vômito;
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diarreia;
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erupções cutâneas (raro).
Como é feito o diagnóstico da febre do oropouche?
O diagnóstico da febre do oropouche é baseado na avaliação clínica dos sintomas e no histórico do paciente, incluindo viagens recentes a áreas endêmicas. Para confirmar a infecção, são realizados exames laboratoriais específicos, como o teste de reação em cadeia da polimerase (PCR) para detectar o RNA do vírus.
O Ministério da Saúde no Brasil inclui a febre do oropouche na lista de doenças de notificação obrigatória e imediata devido ao seu potencial epidêmico e alta capacidade de mutação, o que pode representar uma ameaça significativa à saúde pública.
Tratamento da febre do oropouche
Atualmente, não há um tratamento específico para a febre do oropouche. O manejo da doença é sintomático, feito de acordo com os sintomas apresentados e focando no alívio deles. Antitérmicos e analgésicos são utilizados para controlar a febre e as dores. Adicionalmente, são recomendados hidratação adequada e repouso para ajudar na recuperação do paciente.
Como é a transmissão da febre do oropouche?
O vírus é mantido na natureza por um ciclo envolvendo mosquitos e hospedeiros vertebrados, como mamíferos. Após picar um animal ou pessoa infectada, o mosquito carrega o vírus e pode transmiti-lo a outros indivíduos saudáveis quando os pica. Além da transmissão por picada, não há evidências de transmissão direta entre humanos.
→ Ciclos de transmissão da febre do oropouche
Existem dois tipos de ciclos de transmissão para a febre do oropouche: o ciclo silvestre e o ciclo urbano.
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Ciclo silvestre: animais como bichos-preguiça e macacos servem como hospedeiros do vírus. Mosquitos como Coquillettidia venezuelensis e Aedes serratus podem transportar o vírus, mas o principal vetor é o mosquito Culicoides paraenses.
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Ciclo urbano: os humanos são os principais hospedeiros. O mosquito Culicoides paraensis continua sendo o vetor principal, mas o mosquito Culex quinquefasciatus, comumente encontrado em áreas urbanas, pode ocasionalmente transmitir o vírus.
Quais são as consequências da febre do oropouche?
A maioria dos casos de febre do oropouche evolui para a recuperação completa sem complicações graves. Em casos extremos, especialmente em indivíduos imunocomprometidos, a infecção pode afetar o sistema nervoso central, podendo evoluir para meningite ou manifestações hemorrágicas. Essas complicações são consideradas muito incomuns.
Importante: Em 2024, a Secretaria de Saúde da Bahia confirmou a primeira morte no Brasil por febre oropouche.
Como se prevenir contra a febre do oropouche?
Ainda não existem vacinas específicas para combater o vírus oropouche. A prevenção da febre do oropouche envolve medidas de controle do mosquito vetor, principalmente em áreas endêmicas. Assim como o Aedes aegypti, o Culicoides paraenses também se reproduz em água parada. Dessa forma, é importante eliminar possíveis criadouros dos mosquitos, como pneus e recipientes plásticos, especialmente em períodos chuvosos e quentes, quando os casos tendem a aumentar.
Evitar o acúmulo de lixos em terrenos assim como fazer a limpeza eventual de caixas d`água e piscinas também contribuem para reduzir focos de proliferação do mosquito. Medidas individuais, principalmente para a população de locais endêmicos, também são recomendadas, como:
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uso de repelentes;
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uso de roupas de mangas compridas;
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instalação de telas mosquiteiros.
Febre do oropouche e febre mayaro
A febre do oropouche e a febre mayaro são doenças virais transmitidas por mosquitos e apresentam sintomas semelhantes, como febre, dor de cabeça e dores musculares. No entanto, elas são causadas por vírus diferentes. Enquanto a febre do oropouche é causada pelo vírus Orthobunyavirus oropoucheense (comumente conhecido como vírus oropouche ou OROV), pertencente à família Peribunyaviridae, a febre mayaro é causada pelo vírus mayaro (MAYV), um arbovírus do gênero Alphavirus, família Togaviridae.
Ambas as doenças podem ter o número de casos em constante aumento nos próximos anos devido ao aquecimento global, que pode influenciar no comportamento das doenças. Há a hipótese de que uma das consequências para o Brasil seja a expansão para o outras regiões, como o Sul e o Sudeste. Para saber mais detalhes sobre a febre mayaro, clique aqui.
Créditos de imagem
[1] Dunpharlain / Wikimedia Commons (Imagem editada: A orientação da imagem foi alterada.)
[2] Veado Kumphaitoon / Shutterstock
Fontes
G1 BAHIA. Sesab registra primeira morte por febre Oropouche na Bahia; segundo óbito é investigado. Disponível em: https://g1.globo.com/ba/bahia/noticia/2024/06/17/sesab-confirma-primeira-morte-por-oropouche-na-bahia.ghtml.
PORTAL DO GOVERNO DO ESTADO DE SÃO PAULO. Febre Oropouche: entenda a doença e possíveis motivos dela se espalhar. Disponível em: https://www.saopaulo.sp.gov.br/spnoticias/ultimas-noticias/febre-oropouche-entenda-a-doenca-e-possiveis-motivos-para-aumento-de-casos/.
MINISTÉRIO DA SAÚDE. Febre do Mayaro. Disponível em: https://www.gov.br/saude/pt-br/assuntos/saude-de-a-a-z/f/febre-do-mayaro.
MINISTÉRIO DA SAÚDE. Febre do Oropouche. Disponível em: https://www.gov.br/saude/pt-br/assuntos/saude-de-a-a-z/f/febre-do-oropouche.
ROMERO-ALVAREZ, D. & ESCOBAR, L.E. 2018. Oropouche fever, an emergent disease from the Americas. Microbes and Infection, 20 (3): 135–146.
SAKKAS, H.; et al. 2018. Oropouche Fever: A Review. Viruses, 10: 175.