Gravidez molar
A gravidez nem sempre ocorre da maneira como as mulheres planejam. Existem diversas complicações que frequentemente impedem o desenvolvimento correto do embrião e que adiam o sonho de ser mãe.
A mola hidatiforme, também conhecida por gravidez molar, é uma das várias patologias que podem levar à interrupção da gestação. Além de causar aborto, a doença pode evoluir para tumor trofoblástico gestacional, uma forma maligna que, se não tratada correta e precocemente, pode colocar a vida da mãe em risco.
No Ocidente, a cada duas mil gestações, há a ocorrência de um caso. A gravidez molar é mais relatada em mulheres com idade superior a 40 anos, em adolescentes e também em mulheres que já tiveram outros casos de aborto espontâneo.
A mola hidatiforme é considerada uma doença trofoblástica gestacional, ou seja, está dentro de um grupo de patologias que gera aumento no número de células do tecido trofoblástico. A mola hidatiforme pode ser classificada em dois grupos: mola completa e mola parcial.
Na mola hidatiforme completa, não há feto e também se verifica uma proliferação maior do trofoblasto. Ela é resultado da fecundação de um óvulo que não possui núcleo ou que se apresenta inativo por um espermatozoide com cariótipo duplicado ou por dois espermatozoides. O cariótipo geralmente é feminino (46 XX), entretanto, em 10% dos casos, foi observado cariótipo 46 XY. Nessa forma da doença, estima-se que aproximadamente 20% das mulheres tenham uma neoplasia trofoblástica posterior.
Já na mola hidatiforme parcial ou incompleta, é possível observar um feto, entretanto ele normalmente é inviável e apresenta uma grande quantidade de malformações. Esse tipo de mola ocorre pela fecundação de um óvulo normal, diferentemente da forma completa, por dois espermatozoides ou por um espermatozoide diploide. Percebe-se que, nesse caso, há triploidias ou, mais raramente, tetraploidias. Nesse tipo de mola, menos de 5% das mulheres desenvolvem formas malignas.
Normalmente a doença é detectada após o surgimento de sangramento vaginal, mas por ser um achado clínico inespecífico, muitas vezes o diagnóstico acaba sendo feito tardiamente. Além do sangramento, podemos destacar como sinais da mola útero com volume aumentado, dor pélvica e eliminação de vesículas hidrópicas. Todavia, vale destacar que cada vez menos pacientes apresentam os sinais dessa doença.
Para o diagnóstico correto da gravidez molar, é necessária a realização de exames histopatológicos, uma vez que a ultrassonografia e o quadro clínico podem, algumas vezes, não levar à confirmação da doença. Outro exame que ajuda no diagnóstico é a dosagem de gonadotrofinas coriônicas (hCG), que se apresentam em quantidade maior do que o esperado para a idade gestacional da paciente.
Após o diagnóstico, é necessário que toda a cavidade uterina seja esvaziada, inicialmente através da técnica de vácuo-aspiração. Após esse processo, a curetagem é indicada na região das paredes do útero a fim de que todo o material molar seja retirado. Em algumas pacientes, pode ser recomendada uma segunda curetagem ou aspiração.
Feito esse procedimento, é importante que a mulher continue indo frequentemente ao médico, uma vez que a mola hidatiforme pode evoluir para formas malignas. Recomenda-se que seja feita semanalmente a dosagem do hCG até que sejam obtidas três dosagens negativas consecutivas. Considera-se negativo quando o valor é inferior a 5 mUI/mL. Após essas três dosagens, o procedimento passa a ser mensal por um período de seis meses a um ano. É importante não engravidar no período pós-molar, uma vez que a dosagem de hCG será prejudicada.
Apesar de grande parte das mulheres que apresentaram mola hidatiforme ter um futuro reprodutivo normal, estima-se que o risco de outra gestação molar aumente em até cinco vezes. Sendo assim, procure seu médico e converse sobre a possibilidade de uma nova gestação.